Espírito de Elias, uma vez mais

“Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo, que lhe mandei em Horebe para todo o Israel, a saber, estatutos e juízos. Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor; ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos aos pais; para que eu não venha e fira a terra com maldição.” Ml 4; 4 a 6

Os judeus ortodoxos que rejeitam Jesus como Messias usam essa “discrepância” entre Elias, que, converteria o “coração dos pais aos filhos” e uma afirmação contraditória de Cristo. “Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, a filha contra sua mãe, a nora contra sua sogra; assim os inimigos do homem serão os seus familiares.” Mat 10; 35 e 36

Elias, o precursor, e o Messias não podem agir em contradição; desse modo, pensam, Jesus era um profeta, mas, não o Messias desejado.

Acontece que, Malaquias fala sobre as duas vindas de Cristo. Primeiro como mensageiro da Nova Aliança; depois, como Juiz. Vejamos: “Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais; o mensageiro da aliança, a quem vós desejais, eis que ele vem, diz o Senhor dos Exércitos. Mas, quem suportará o dia da sua vinda? E quem subsistirá, quando ele aparecer? Porque ele será como o fogo do ourives e como o sabão dos lavandeiros.” Mal 3; 1 e 2

Quem eles deveriam esperar? Moisés ensina: “Eis lhes suscitarei um profeta do meio de seus irmãos, como tu, e porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar.” Deut 18; 18

Diz Malaquias, que, esse profeta seria “insuportável” dada Sua santidade, seus padrões de pureza. “como fogo…sabão…” Sim, o Senhor não foi rejeitado por ter pecados, antes, porque Sua pureza realçava a hipocrisia dos religiosos da época; assim, não suportaram e o mataram.

Seu precursor foi chamado de “meu mensageiro.” Do Batista Jesus disse: “Porque é este de quem está escrito: Eis que diante da tua face envio o meu anjo, Que preparará diante de ti o teu caminho.” Mat 11; 10 Mais adiante diz: “O Elias que havia de vir.” V; 14 Não estritamente Elias, mas, no Seu Espírito.

A segunda vinda, porém, o “terrível dia do Senhor”, significa juízo. ( Os fiéis ) “… serão para mim jóias; poupá-los-ei, como um homem poupa ao filho, que o serve. Então voltareis e vereis a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus e o que não o serve.” Cap 3; 17 e 18 Antes, Elias de novo; agora, missão reconciliadora entre pais e filhos.

Embora a promessa a Abraão incluísse todas as famílias da Terra, o Universalismo do amor Divino não foi assimilado pelos Judeus. Achavam-se superiores. Paulo colocou judeus e gentios num inglório empate. “Visto que Deus é um só, que justifica pela fé a circuncisão, e por meio da fé a incircuncisão.” Rom 3; 30 “Porque Deus encerrou todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia.” Rom 11; 32 “Porque ele é nossa paz, o qual, de ambos os povos fez um; derrubando a parede de separação que estava no meio,” Ef 2; 14 Em Cristo, laços espirituais suplantaram os sanguíneos. “Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão.” Gál 3; 7

Assim, a inclusão dos gentios no Reino, via Evangelho, ensejou uma rivalidade não resolvida ainda. Paulo ensina: “Assim que, quanto ao evangelho são inimigos por causa de vós; mas, quanto à eleição, amados por causa dos pais.” Rom 11; 28

A abrangência do propósito Divino está posta pelo mesmo Malaquias. “…O Senhor seja engrandecido além dos termos de Israel… desde o nascente do sol até ao poente é grande entre os gentios o meu nome;” Cap 1; 6 e 11

Então, resta uma reconciliação a ser feita entre os pais da fé, judeus, e os filhos, gentios, igreja. Se o Espírito de Elias foi terrível nos dias de Jezabel, incisivo no ministério do Batista; agora virá conciliador, desfazendo inimizades entre judeus e cristãos, em torno do Mesmo Senhor e Pai.

Zacarias viu a conversão dos judeus assim: “derramarei o Espírito de graça e de súplicas; olharão para quem traspassaram; prantearão sobre ele, como quem pranteia pelo filho unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito.” Zac 12; 10

Outra vez o desprezado e vendido “José” encontrará com os irmãos sendo governante Supremo. A reconciliação entre eles será festiva também pra nós; o Espírito Santo fará isso.