O Forte Repouso

“… No estarem quietos será a sua força.” Is 30; 7

Quase contraditória a receita de força dada, mediante Isaías; poder na quietude, na inércia. Sendo a força o que é, algo relativo, sua eficácia sempre demandará contexto. Por exemplo: Um nylon para dezesseis quilos é forte, se os peixes a serem pescados forem aquém desse peso; já, um cabo de aço para cinco toneladas é fraco se, o fim for erguer uma viga de sete.

O contexto de então era de ameaça militar, ante a qual, invés de confiarem em Deus fizeram acordos com o Egito. “Ai dos filhos rebeldes, diz o Senhor, que tomam conselho, mas não de mim; que se cobrem com uma cobertura, mas não do Meu Espírito, para acrescentarem pecado sobre pecado;” v 1

Uma soma de pecados segundo o profeta. Ou seja: Além de não confiarem em Deus avaliavam como superior ao auxílio Divino, o poderio bélico de Faraó. “Que descem ao Egito sem pedirem Meu conselho; para se fortificarem com a força de Faraó, para confiarem na sombra do Egito.” V 2

Notemos que Deus não está tipificando o Egito como pecado; antes, o agir arbitrariamente, sem Seu conselho. Houve um tempo em que, buscar ajuda no Egito era a coisa a ser feita, invés de ficar parados. “Vendo então Jacó que havia mantimento no Egito, disse a seus filhos: Por que estais olhando uns para os outros? Eis que tenho ouvido que há mantimentos no Egito; descei para lá e comprai-nos dali, para que vivamos e não morramos.” Gên 42; 1 e 2

Assim, tanto é errado confiar no auxílio humano onde a gestão é de Deus, quanto, omitir-se de usar os meios naturais quando estão ao alcance para suprimento das nossas necessidades.

Claro que o Egito não pelejaria por amor. Antes, como mercenários, em troca de bens. O mesmo texto denuncia os “Carros fortes” levando valores ao exterior: “…levarão às costas de jumentinhos as suas riquezas; sobre as corcovas de camelos os seus tesouros, a um povo que de nada lhes aproveitará. Porque o Egito os ajudará em vão, para nenhum fim; por isso clamei acerca disto: No estarem quietos será a sua força.” Vs 6 e 7 Além de não serem fortalecidos militarmente conforme a necessidade, ainda empobreciam com o que pagavam àqueles.

Óbvio que, para confiar plenamente em Deus carecemos ter com Ele certo relacionamento, senão O veremos mais como ameaça que ajuda. Eles recusavam os termos dessa relação. “Porque este é um povo rebelde, filhos mentirosos, filhos que não querem ouvir a Lei do Senhor. Que dizem aos videntes: Não vejais; e aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos coisas aprazíveis, vede para nós enganos.” Vs 9 e 10

Certos, pois, de sua desobediência tentavam suprir as carências com arranjos humanos. “Porque assim diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: Voltando e descansando sereis salvos; no sossego e na confiança estaria a vossa força, mas não quisestes. Mas dizeis: Não; antes, sobre cavalos fugiremos; portanto fugireis; e, sobre cavalos ligeiros cavalgaremos; por isso os vossos perseguidores também serão ligeiros.” Vs 15 e 16. Parece que Deus adestraria aos adversários para a peleja, dado que os Seus se alienavam Dele.

Pois, se voltarem ao Senhor demandava arrependimento, confissão, para que a Força do Senhor tornasse a ser deles. Então, o hábito insano de tentar preencher a lacuna de relacionamento com dinheiro vem de priscas eras, infelizmente.

Quantos mercenários atuais pregam exatamente isso? Invés de ensinar a mensagem de reconciliação, o estar quietos nas mãos de Deus, instam pessoas a darem grandes ofertas e depois exigirem suas bênçãos como se Deus se lhes tornasse devedor.

Certo que há etapas de densa escuridão mesmo na vida de servos íntegros. Mais ou menos o que Davi chamou de “Vale da sombra da morte”. Ainda nos tais, se temos pautado nosso viver pelos preceitos do Santo estejamos quietos e confiantes; O Eterno empenhou Sua Palavra e tem um Nome excelso a zelar. “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, e não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor, e firme-se sobre o seu Deus.” Is 50; 10.

Muitas vezes o que reputamos adversidade a ser vencida é o meio que Deus está empregando para nos depurar de nossos próprios maus hábitos.

Aí, por causa da cegueira desejaríamos que Ele removesse os instrumentos de nossa cura. “Eis que já te purifiquei, mas não como a prata; escolhi-te na fornalha da aflição.” Is 48; 10

Em suma, se outra força a quietude não tem possui a de nos fazer pacientes da medicina do Céu.