O Monte de Deus

“E acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa do Senhor no cume dos montes, se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações. Irão muitos povos e dirão: Vinde, subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor.” Is 2; 2 e 3

Algumas coisas nos desafiam nessa profecia. Primeiro temos algo fixo; “se firmará o monte da casa do Senhor”; depois o monte se move; “se elevará por cima dos outeiros…” adiante torna-se centro de peregrinação mundial; “muitos povos dirão, vinde subamos ao monte do Senhor”; finalmente, tal monte dá origem à Lei, mesmo a tal já tendo sido entregue a Moisés séculos antes. Tentaremos entender segundo a graça de Deus.

Tratando-se de um monte, literalmente, não pode ser firme e se mover; crescer ao mesmo tempo. Acontece que devemos comparar as coisas espirituais com as espirituais, como ensina Paulo. Desse modo, o monte pode ser constante, perene, imutável, e ainda crescer, à medida que amplia o conhecimento; difunde sua influência.

Daniel quando recebeu interpretação do sonho real que desvendava o rumo dos reinos da Terra viu o Medo-Persa, Grego, Romano, até a instauração do Reino de Deus com a Vitória de Cristo. Aqueles foram descritos com figuras de animais ferozes, o de Cristo, de modo específico: “Estavas vendo isto, quando uma pedra foi cortada, sem auxílio de mão, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou. Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como pragana das eiras no estio e o vento os levou; não se achou lugar algum para eles; mas a pedra, que feriu a estátua, tornou-se um grande monte; encheu toda a terra.” Dn 2; 34 e 35

Então, Jesus Cristo é esse monte firme, imutável: “Passarão os céus e a Terra, mas, minhas palavras não hão de passar”. Ao mesmo tempo cresce até encher toda a Terra com sua mensagem. Assim, a peregrinação das nações a Ele não resulta em movimento geográfico; antes, espiritual. Não que o Eterno não tenha escolhido Israel, ou, tenha anulado os planos grandiosos para Jerusalém; apenas é a interpretação racional da passagem.

Em Cristo, Judeus e gentios estão no mesmo barco. “Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz,” Ef 2; 14 e 15

Parece que a causa da inimizade era a Lei, ideia que Paulo defende. O fato de ter recebido a Lei de Deus os fazia um povo especial, sobretudo, para viver e ensinar os preceitos do Eterno. Contudo, Israel não cumpriu isso; apenas, achava-se nação Santa, e os gentios impuros. Apesar da promessa a Abraão, “Em ti serão benditas todas as famílias da Terra”, havia um separatismo entre judeus e os demais povos. Paulo afirma que Cristo desfez.

Contudo, há a citação literal do monte de Sião de onde, afirmou o profeta, sairia a Lei. Mas, não fora dada no Sinai? Sim. Mas o escopo de Isaías era o sacerdócio de Cristo não de Levi. “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.” Heb 7; 12

Sim, embora Cristo seja a personificação da Graça de Deus, trouxe uma Lei também. Tanto que causa rivalidade entre judeus ortodoxos e cristãos até hoje. “Assim que, quanto ao evangelho são inimigos por causa de vós; mas, quanto à eleição amados por causa dos pais.” Rom 11; 28

Então, a Lei de Cristo baseada no amor a Deus e ao próximo deve difundir-se por toda Terra, qual o Monte de Daniel; isso, os ortodoxos não entenderam ainda. Que Deus os ilumine!

O Salvador cumpriu o que nos era impossível, a Lei; e fez um caminho possível aos Salvos, assessorados pelo Espírito Santo. Saiu de cena mandando cumprir seus preceitos e ensinar. “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado;” Mat 28; 19 e 20

Claro que há muita falsificação em Nome do Rei, mas, os que O servem deveras, iluminam e são visíveis. “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;” Mat 5; 14