Simplicidade; fraca impressão da força

“Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus,...” II Cor 10; 3 a 5

Paulo estava sendo tentado a lutar com armas carnais; ele detalhou: “Porque as suas cartas, dizem, são graves e fortes, mas, a presença do corpo é fraca, a palavra desprezível.” V 10 Em nossa linguagem: Ele é valentão por cartas, cara a cara não é de nada.

Coisas assim diziam certos “apóstolos” à igreja de Corinto na sua ausência. Eis uma vantagem da falta de caráter! Pode acusar o oponente das coisas que faz. Se, Paulo era valente apenas de longe, por que diziam isso pelas costas, invés de, na face? Ademais, o poder espiritual tinha outro fim: “...o qual o Senhor nos deu para edificação, e não para vossa destruição,...” v 8 Já que estavam “crescendo” na Sua ausência avisou: “Pense o tal isto, que, quais somos na palavra por cartas, estando ausentes, tais seremos também por obra, estando presentes.” V 11

Outra faceta dos falsos: Não criam nada pelo seu trabalho, antes, tentam usurpar frutos do labor alheio, coisa que sutilmente Paulo denunciou: “Não nos gloriando fora da medida nos trabalhos alheios;...” v15 Quem se faz discípulo contenta-se em imitar seu mestre; quem pretende ser melhor não é discípulo, mas, um rival tentando usurpar-lhe. Desse modo, queriam superar Paulo.

“Mas o que eu faço o farei, para cortar ocasião aos que buscam ocasião, a fim de que, naquilo em que se gloriam, sejam achados assim como nós.” Eles se gloriavam, entre outras coisas, de anunciarem a mensagem sem custo para a igreja. Eram, portanto, de origem abastada, não tinham tal necessidade. Até hoje é comum os “filhinhos de papai” se meterem em arruaças, “movimentos sociais,” posarem de defensores de oprimidos e coisas assim, por absoluta falta do que fazer. Suas almas baldias vagam em busca de uma “causa”; qualquer serve desde que os meios permitam extravasar vícios, vide Blakc Blocs, por exemplo. Os playboys de então tinham como alvo atazanar o ministério de Paulo.

Mas, o arguto apóstolo fez o mesmo, digo, também trabalhou sem custo para a igreja de Corinto, por causa dos tais. A carga recaiu sobre outros, contudo. “Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas salário; e quando estava presente convosco, e tinha necessidade, a ninguém fui pesado.” V 8

Mas, como os Coríntios estavam aceitando de boa mente aos insensatos, ele decidiu entrar no jogo. “Pois que muitos se gloriam segundo a carne, eu também me gloriarei. Porque, sendo vós sensatos, de boa mente tolerais os insensatos.” V 18 e 19 Se fez de louco e mandou ver. “São hebreus? também eu. São israelitas? também eu. São descendência de Abraão? também eu. São ministros de Cristo? (falo como fora de mim) eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes. Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo;” VS 22 a 25

Primeiro, como quem, pergunta: O quê eles têm que não tenho? Depois, expôs sofrimentos pela Obra que nenhum dos falastrões tinha. Paulo pediu permissão para falar como louco, coisa que eles não precisavam. Regras contam para quem edifica; quem está perdido nada tem a perder; pode sair “quebrando tudo.”

Em sua “Loucura” mencionou até uma audiência em espírito no “terceiro céu”, onde ouviu coisas que lhe foi vetado comunicar, para, enfim, concluir que sua “fraqueza” na verdade era a força desejada por Deus mediante a qual, Ele faria fluir Seu Poder. “E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.” Cap 12; 9 e 10

É comum termos ideias erradas sobre a força, como se sua posse demandasse movimento, estardalhaço; assim, esperamos de elefantes a mobilidade de beija-flores. Manter a simplicidade em meio a desafios de loucos é uma excelente demonstração de força. E nisso Paulo temia que fraquejassem. “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo.” 11; 3