A "porta azul" e o olho mágico
“Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte, assim, também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.” Rom 5; 12
Na linguagem atual, quando dizemos que alguém é uma porta tencionamos chamá-lo obtuso, parvo, de raciocínio lento, etc. Contudo, de certa forma todos somos portas, ainda que em sentido diverso da pecha supra.
Pois, somos guardiães de nossas próprias almas, responsáveis únicos pelo que nelas deixamos entrar. O primeiro livro da Bíblia apresenta o assédio do pecado à porta; “Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta e sobre ti será o seu desejo, mas, sobre ele deves dominar.” Gên 4; 7 e o último, o Salvador convidando à porta do coração humano; “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta entrarei em sua casa, com ele cearei, e ele comigo.” Apoc 3; 20
Em ambos os casos temos a preposição “se”, uma condicionante que ressalva o arbítrio. “Se fizeres o bem… se abrires a porta…” Diverso do fatalismo, onde, por falta de escolhas seríamos meros fantoches no teatro da vida, e os deuses manipuladores os culpados somos arbitrários; coautores do nosso destino; senhores das causas, embora, escravos das consequências.
Acontece que, tais portas não têm “olho mágico”, e não raro, abrem-se a visitas nefastas. Quando alguém é investido de autoridade sobre outrem as permissões que conceder na condição de porta coletiva acabam incidindo sobre os que estão nessa área de autoridade. O caso de Adão, que fora comissionado a dominar a Terra. Ao abrir-se ao pecado, esse trouxe junto sua consorte, a morte; e o nefasto casal difundiu-se pelos domínios do homem.
Se, é certo que cada um dará conta de si a Deus, como ensina Paulo, também o é, que quando temos autoridade sobre determinado grupo, seremos responsabilizados pelas decisões que dependem de nós. Isso, em todos os âmbitos; seja autoridade civil, militar, eclesiástica, ou mesmo, familiar.
Quando do chamado do noivo, muitos agem como a amante tímida de cantares; “Eu dormia, mas o meu coração velava; e eis a voz do meu amado que está batendo: abre-me, minha irmã, meu amor, pomba minha, imaculada minha, porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos das gotas da noite. Já despi a minha roupa; como as tornarei a vestir? Já lavei os meus pés; como os tornarei a sujar?” Cant 5; 2 e 3 Tinha alguns empecilhos que a fizeram titubear em abrir. Quando, enfim, decidiu, era tarde. “Eu abri ao meu amado, mas já o meu amado tinha se retirado, tinha ido; a minha alma desfaleceu quando ele falou; busquei-o e não o achei, chamei-o e não me respondeu.” V 6
Aqui temos a porta do coração fechada. Noutra parte a da razão; “A sabedoria clama lá fora; pelas ruas levanta a sua voz. Nas esquinas movimentadas ela brada; nas entradas das portas e nas cidades profere as suas palavras:… porque eu clamei e recusastes; estendi a minha mão e não houve quem desse atenção,… clamarão a mim, mas eu não responderei; de madrugada me buscarão, porém não me acharão.” Prov 1; 20, 21, 24 e 28 Assim, a mensagem Divina tanto é um apelo ao coração, quanto ao intelecto. Um manjar pleno de afeição e sabedoria.
Acontece que o cenário atual é oposto ao que fora de Adão no Jardim. O caso lá era de manutenção de um sistema perfeito; agora, de restauração da relação perdida com o Criador. Naquele cenário bastaria cuidar bem a porta de entrada; nesse precisamos encontrar a saída de um sistema corrupto e condenado.
Exatamente aí entra Jesus Cristo. “Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens.” Jo 10; 9 Não sonega o fato que a Porta da Salvação tem um formato de cruz; mas, mantém a condicionante, “Se”, de modo que cabe a cada um decidir por si se quer ou não entrar. Entretanto, depois que a porta fechar, o direito de escolha estará extinto; será tempo de colheita, das consequências.
Parece que a palavra oportunidade, encerra a ideia de porta; e tinha um comercial na TV que dizia que a oportunidade é uma porta azul. Isso é uma boa figura do que é Jesus ao pecador. Depois de entrarmos por Ele, passamos a ter sim, o “olho mágico”, a visão espiritual que concede no novo nascimento. Então, não precisamos mais abrir aos mensageiros do pecado, da morte. “…porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus.” I Cor 1; 10