A segunda casa

“A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos Exércitos, e neste lugar darei a paz, diz o Senhor dos Exércitos.” Ag 2; 9

A profecia de Ageu foi entregue num contexto pós exílico; Ciro o rei persa fora usado por Deus para fazer os judeus deixarem o Cativeiro e retornarem à sua terra. Além de reconstruir moradas, as muralhas, como fizeram sob a supervisão de Neemias, deveriam construir o Templo do Senhor, que os babilônios haviam destruído. Na verdade, refizeram o altar, lançaram os fundamentos e aos poucos foram desanimando, deixando essa missão coletiva e voltando cada um à sua própria casa.

Esdras narra o auspicioso começo e uma duplicidade emocional quando uns se entristeciam como se estivessem diminuindo, outros se alegravam, como progredindo. “Porém muitos dos sacerdotes e levitas e chefes dos pais, já idosos, que viram a primeira casa, choraram em altas vozes quando à sua vista foram lançados os fundamentos desta casa; mas muitos levantaram as vozes com júbilo e com alegria. De maneira que não discernia o povo as vozes do júbilo de alegria das vozes do choro do povo; porque o povo jubilava com tão altas vozes que o som se ouvia de muito longe.” Esd 3; 12 e 13

Aqui temos um princípio interessante das reações emocionais; o parâmetro. Os que viram o templo de Salomão muito maior e mais belo considerando o novo estavam tristes pensando que haviam descido; os que não viram àquele, pois, toda sua vida fora no cativeiro, ante o novo estavam cheios de júbilo.

Escolher o parâmetro errado é a causa da maioria das frustrações e tristezas que grassam no seio da humanidade. Tendemos a comparar nossa sorte com outros que estão melhor, quando não invejar, ao menos nos sentirmos frustrados por não sermos tão abençoados. Entretanto, basta que olhemos ao redor e veremos muitos em situação inferior à nossa, de modo que, sobram razões para nos alegrarmos e sermos gratos a Deus pelo que temos.

Aos antigos de então, chegou a parecer que Deus os abandonara, o que se depreende de duas exortações do profeta: “…Eu sou convosco, diz o Senhor.” V 13 “…esforça-te, todo o povo da terra, diz o Senhor, e trabalhai; porque eu sou convosco, diz o Senhor dos Exércitos,” Cap 2; 4

Na verdade eles encontravam algumas dificuldades com a colheita e pensavam ser sinal do abandono; era um puxão de orelhas do Pai para que se voltassem a Ele. “Feri-vos com queimadura, e com ferrugem, e com saraiva, em toda a obra das vossas mãos, e não houve entre vós quem voltasse para mim, diz o Senhor.” 2; 17

Sim, temos outras tendências doentias além da escolha dos parâmetros errados. De pensar que Deus conta apenas para abençoar, não para disciplinar eventuais erros. Muitos leem a Bíblia como se fosse um enorme “caixa de promessas” ignorando preceitos e advertências. Assim, veem a disciplina do Senhor como se fosse Seu afastamento.

Usar a Palavra de modo seletivo o diabo fez tentando ao Salvador. Pegou textos a seu bel-prazer e afirmou: Está escrito. O Senhor, revidou: “Também está escrito.” Dissera recém: “Nem só de pão viverá o homem, mas, de TODA a Palavra que procede da boca de Deus”.

Hoje não temos profetas nos moldes do Antigo Testamento, que traziam diretrizes novas dada sua intimidade com O Eterno. A Palavra está ao alcance de todos. Pregadores, os sadios, não são mais que intérpretes inspirados para ajudar nossa compreensão. Dados os aspectos físicos da vida terrena tendemos a medir bens espirituais com a régua material.

Quando o Senhor os exortou ao trabalho dizendo que a glória dessa segunda casa seria maior que a primeira, não tinha em mente ampliar o prédio e embelezar de modo a superar o dos dias idos. Antes, iria “agregar valor” espiritual. Naquele templo aperfeiçoado por Herodes foi apresentado aos oito dias de vida, o Salvador. E Seu ministério bendito que restaura os fiéis à paz com Deus faz a glória última, infinitamente maior que a primeira. “…neste lugar darei a paz, diz o Senhor dos Exércitos.”

Os caçadores de promessas grandiosas vivendo vidas irresponsáveis, no fundo, são traidores de si mesmos, drogados pela cegueira da própria hipocrisia. Afinal, nossas vidas também são “casas”, no projeto Divino; devem agregar o valor da Obra bendita de Cristo, para que a segunda seja muito maior que a primeira, e desfrute a paz de Deus.

Os salvos devem considerar que por mais pomposa que fosse a casa natural, era um deserto espiritual e esse é o parâmetro certo para enfrentar eventuais frustrações. “Eu te conheci no deserto, na terra muito seca.” Os 13; 5