Pra quê serve a fé?

“Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.” Heb 11; 6

Se há um assunto que foge à compreensão de muitos, mesmo dos crentes, é o papel da fé. A maioria equaciona com um poder metafísico que faz as coisas acontecerem no plano espiritual e refletirem no material. Entretanto, no texto supra extraído da epístola aos Hebreus ( que dedica um capítulo todo ao tema ) encontramos um fim diverso para a fé; agradar a Deus.

Muitos, porém, “provarão” o poder da fé usando palavras de Jesus, que, mais de uma vez disse a certos abençoados: “A tua fé te salvou.” Embora tal afirmação pareça mesmo endossar o poder da fé como tencionam, há algo mais a considerar. A origem de todo o drama humano ensejando a queda foi justo a antítese da fé; o inimigo lançou a dúvida no primeiro casal ( mais precisamente em Eva ) e recebeu crédito. A implicação necessária de aceitar como vera a opção “B” é que “A” seria falsa. Na origem da dúvida temos o diabo aceito como verdadeiro e Deus blasfemado como mentiroso.

Porém, é mais que uma implicação que um teólogo qualquer poderia inferir está expresso na Palavra mediante João: “Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê mentiroso o fez, porquanto não creu no testemunho que Deus de seu Filho deu.” I Jo 5; 10

Quando Mateus narra que, “… não fez ali muitas maravilhas, por causa da incredulidade deles.” Mat 13; 58 Não está apresentando a incredulidade como obstáculo ao Poder de Jesus, antes, uma inibidora da vontade, como disse o mesmo Deus a Eli: “…aos que me honram honrarei, porém os que me desprezam serão desprezados.” I Sam 2; 30

A Palavra ensina que a fé é dom de Deus; mas, não se trata de algo seletivo dado a uns e sonegado a outros, antes, um bem disponível a todos. Mesmo ateus que tencionam explicar tudo pelo prisma da ciência recorrem a teorias inverossímeis para a origem da vida, dos planetas, das espécies. Não conseguem demonstrar científicamente o que afirmam, pois não é ciência, apenas fé. Tais fizeram mau uso do dom de Deus, a fé, porque reféns de uma vontade rebelde. Ademais, crer que toda a ordem e perfeição do que está criado foi obra do acaso requer uma fé maior que crer num projetista poderoso e sábio. Fazem mais força que o necessário para um fim pífio. Assim, não lhes falta fé, apenas, submissão.

Então, a incredulidade vai além de desagradar a Deus; blasfema. E contra uma vontade rebelde temos a indiferença de um Deus irado. “Com o benigno, te mostras benigno; com o homem íntegro te mostras perfeito. Com o puro te mostras puro; mas com o perverso te mostras inflexível.” II Sam 22; 26 e 27

Quando Jesus ensina: “Tudo é possível ao que crê”, pois, invés de estar ensinando eventual poder da fé está pondo-a como elo na comunhão com Deus; obtido isso, tudo nos é possível, “Porque para Deus nada é impossível.” Luc 1; 37

Quem imagina que o poder de Deus será restringido em si mesmo se não tivermos fé carece repensar o que supõe saber. De que fé precisou Jesus para ressuscitar Lázaro morto havia quatro dias? Por que nasceu João Batista se Zacarias, o pai, duvidou quando foi lhe anunciado? “E eis que ficarás mudo, e não poderás falar até ao dia em que estas coisas aconteçam; porquanto não creste nas minhas palavras, que a seu tempo se hão de cumprir.” Luc 1; 20 Mesmo com Sara foi assim, quando do anúncio da vinda de Isaque.

Em suma, nossa fé “não infrói nem diminói” o Poder de Deus. Apenas, a falta dela demonstra uma vontade rebelde, a qual, Deus não se agrada de encorajar nos abençoando mesmo assim. Afinal, premiar o erro, por melhor que pareça num primeiro momento, no fim, se revelará danoso. Então, quando Deus retém Sua bênção aos incrédulos, no fundo, é apenas um reflexo do Seu amor que não permite embelezar a vereda da morte.

Convém não passarmos por alto, também, certa palavrinha; “possível”. O fato de algo ser possível não significa que será feito necessariamente. Aliás, a fé sadia descansa na Sabedoria e providência Divinas, e trabalha pelo que falta nos domínios humanos, como ensinou o Mestre. “… De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6; 32 e 33