Jesus sem acessórios

“Escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus, do que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado;” Heb 11; 25

Lembrando a opção de Moisés o autor expõe traços interessantes. Uma escolha “desinteligente”, pois, prefere maus tratos ao gozo. Cristo disse o mesmo dos Seus; “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.” Mat 5; 11 No epílogo da Epístola aos Hebreus há uma exortação que corrobora; “Saiamos, pois, a ele fora do arraial, levando o seu vitupério. Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura.” Heb 13; 13 e 14 A ideia recorrente e de serem, os cristãos, rejeitados, perseguidos, dado estarem em local estranho, peregrinos em ambiente adverso.

Todavia, mesmo a perseguição em si carece melhor análise, pois, atrás desse biombo tem muito safado tentando se esconder como se fosse um fiel detestado pelo mundo em face a sua fé.

Quando se é devedor à justiça dos homens e essa nos busca, nem de perto é perseguição mencionada por Cristo. Ele deixou claro que se referia a coisas gratuitas por causa Dele, de tal forma que, tais perseguidores lançariam mão da mentira como arma para tentar fragilizar aos justos. “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;” Mat 5; 10

Há uma diferença diametral em ser perseguido “por causa da justiça” e por meio da justiça. No primeiro caso é semelhante ao que se deu com o Salvador; Sua luz e seu comprometimento com a Justiça Divina eram tais, que incomodava a religião estabelecida feita apenas de um “mise em scène” superficial. Assim, o Mestre foi perseguido por causa de Sua justiça.

Agora ser caçado por meio da justiça, isso, qualquer dos canalhas e patifes que grassam na Terra conseguem, de modo que, não há mérito algum nisso.

Acontece que em nossos dias, a mensagem de Cristo foi “aperfeiçoada” de modo tal, que o convite vai além de encontrar “descanso para a alma” como Ele prometeu. Agora, pessoas são guindadas ao sucesso, prosperidade, quando não, à fama. Acontece que muitas igrejas se tornaram empresas e ao invés do concurso de homens santos movidos pelo Espírito Santo, seus meios são tributários às estratégias de marketing vigentes na sociedade ímpia. E esses “descobriram” que Cristo, por si só, nem é assim tão atraente, de modo que, resolveram anexar muitos acessórios para suprir esse lapso de apelo no “produto”.

Não, essa abordagem vulgar que profana ao Santo não é ideia minha, antes, denúncia bíblica; “E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita.” II Ped 2; 3

Na verdade, aos olhos naturais Jesus não tem atrativo algum, uma vez que condiciona o acesso à “senha” da Cruz. Contudo, nada de valioso Ele necessita, tampouco poderia alguém acrescentar. “ Para que os seus corações sejam consolados, e estejam unidos em amor, e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus e Pai, e de Cristo, em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência.” Col 2; 2 e 3

O lapso, como vemos, não é de atrativos em Deus; antes, de inteligência espiritual em nós. Noutra parte Paulo reforça: “Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação; tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos;” Ef 1; 17 e 18

Depois que conseguimos “ver” essas coisas mediante a fé, os maiores tesouros da Terra empalidecem ao extremo, de modo que nossa escolhas “desinteligentes” aqui, são, de fato, nossa sabedoria.

Feito isso podemos falar do mesmo modo que Paulo: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada.” Rom 8; 18 Aliás, ele ousa um pouco mais em seu “masoquismo”: “Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente;” II Cor 4; 16 e 17

Assim como ao Pródigo pareceu bem gastar de imediato suas posses desprezando a casa do Pai, a absoluta privação de tudo fez rever sua escolha. Afinal o imediatismo é de quem tem pouco tempo, não do que acredita em vida eterna.

Leonel Santos
Enviado por Leonel Santos em 02/05/2014
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