O tremor sem temor

“E sucedeu que, vindo a arca da aliança do Senhor ao arraial, todo o Israel gritou com grande júbilo, até que a terra estremeceu.” I Sam 4; 5

Apesar de sermos racionais, espirituais, com aptidões pra lidar com coisas abstratas, desgraçadamente não fazemos o devido uso de tais faculdades, e, não raro, agimos instintivos como meros animais. Sabedor disso, como, de todas as coisas, Deus criou símbolos que deveriam ser meros estímulos à lembrança de coisas que não vemos.

A Arca da Aliança, por exemplo, era o símbolo visível da Santa presença Dele; não, a presença em si, que era condicional. Espere! Objetará alguém; Deus não é Onipresente? É. Mas, por presença, nesse contexto, entende-se, aceitação, aprovação das pessoas às quais Ele se mostra presente.

Eventual separação não é física, mas, espiritual, ( Deus é Espírito ) e sempre derivada de uma rejeição Divina aos passos humanos. “…as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça.” Is 59; 2 Falando aos que assumiam desconhecê-lO, Paulo colocou próximo, ainda que invisível; “Para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17; 27

Acontece que, no texto que encabeça esse artigo temos “transportando Deus” dois réprobos sacerdotes, os ímpios filhos de Eli, Hofni e Finéias, que em tempos de paz eram profanos, rebeldes; na emergência, se fizeram tão “crentes” que trouxeram temerariamente a Arca para o arraial em guerra. Se é vero que tal símbolo trouxe novo ânimo ao povo, a ponto do júbilo coletivo estremecer a terra, também o é que, Deus estava lutando contra aos desobedientes de modo que os deixou ser derrotados e, mesmo a Arca, ser levada pelos Filisteus.

Não é próprio de pessoas sensatas imaginar que substância e figura sejam a mesma coisa. Assim, seria concluir que a fidelidade no casamento deriva da aliança de compromisso usado pelos cônjuges, por exemplo. Ela apenas simboliza um pacto assumido, não garante a manutenção; é mera figura, não, substância.

Quer dizer que as imagens várias, crucifixos e afins que tantos usam são símbolos válidos? Depois do Advento do Espírito Santo temos coisa muito melhor para condução Espiritual, como Isaías Vaticinara; “E os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda.” Is 30; 21 Isso, como Ajudador; como padrão a ser imitado, Outro; “Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo,…” Ef 4; 13 Como Mediador, igualmente; “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.” I Tim 2; 5

Essas coisas todas simbolizam o quê, então? A tentativa de relacionamento com Deus em bases humanas, ignorando Seu método. “Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem;” Jo 7; 38 e 39 Ora, para crer como diz a Escritura, precisamos conhecer o que ela diz. Feito isso, a rejeição de tais imagens ficará patente, pois, provocam ciúmes em Deus que as vê como alternativas, não associativas a Ele. “…levou-me a Jerusalém em visões de Deus, até à entrada da porta do pátio de dentro, que olha para o norte, onde estava o assento da imagem do ciúmes, que provoca ciúmes.” Ez 8; 3 Tiago reiterou que o Espírito de Deus em nós mantém tais características; “Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?” Tg 4; 5

Entretanto, conhecer a Escritura de per si não basta; temos muitos “evangélicos” destros na apresentação da mesma, com um modo de vida que denuncia sua vacuidade espiritual. Podemos, pois, fazer ajuntamentos religiosos de estremecer a terra, como foi, então, o júbilo dos Israelitas, se Deus não se agradar de nossas vidas, nossa derrota estará iminente.

Essa farra gospel de tomar promessas Divinas como se fossem incondicionais, trará a nós a mesma sentença que trouxe ao irresponsável Eli. “…Na verdade tinha falado eu que a tua casa e a casa de teu pai andariam diante de mim perpetuamente; porém agora diz o Senhor: Longe de mim tal coisa, porque aos que me honram honrarei, porém os que me desprezam serão desprezados.” I Sam 2; 30

Ou deixamos Deus refazer nossas vidas aos Seus moldes, ou, nada valerão as promessas das quais tanto gostamos; simples assim.