PENSANDO A IASD-MR

PENSANDO A IASD-MR

À Igreja cabe pregar a Palavra e só ao Espírito Santo compete fazer a Palavra agir e efetuar a reforma no indivíduo que o permitir. À Igreja não é permitido obrigar seus membros a fazerem a vontade de Deus, pois o próprio Deus não nos obriga a nada, nos permitindo nos afundar o quanto quisermos, mas sempre nos chamando e nos oferecendo a remissão e restauração de nosso caráter se a Ele permitirmos agir. "Nem por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor". - Zacarias 4:6.

Se a igreja e os membros adotarem o espírito de policiamento uns dos outros e não de si mesmos; se a igreja achar que deve e pode vigiar seus membros, caminharemos para o desrespeito à liberdade de escolha e individualidade das pessoas e nos tornaremos inquisidores e ditadores, como se deu com a Grande Babilônia que sentada sobre os sete montes de Roma, sobre “muitas águas”. Se nos dedicarmos a cuidar da prática religiosa alheia nos esqueceremos de nos vigiar e então passaremos à intolerância, à imposição, à divergência e à divisão e aí estaremos muito longe de Jesus e da salvação, ocupando o papel do acusador e afastando as pessoas de Deus.

Não há perfeição entre os líderes e os membro da IASD MR tanto quanto não há entre os líderes e membros da IASD original. A doutrina, porém, tirando as práticas erradas de cada indivíduo, é pura, santa e boa. Quanto aos reformistas, seu pior erro é julgar os próprios irmãos por pretenderem alcançar méritos e salvação pelas suas próprias obras e estas avaliadas e aprovadas por eles próprios, não segundo a aprovação de Deus. Mas isso é quase uma tendência natural dos adventistas; o imaginar que podem alcançar a perfeição por si mesmos. Mas o converso sincero e estudante da Palavra logo descobre que a salvação é pela graça do sangue de Cristo e que as obras do indivíduo, seu aprendizado e aperfeiçoamento, são frutos da salvação e não o meio pelo qual se chega a ela.

Infelizmente, por alimentar o orgulho de sua própria perfeição, Lúcifer se tornou crítico de Deus e de Cristo, fazendo-se depois “acusador de seus irmãos”, excluindo-se daí do céu. E nesse caminho os irmãos adventistas de 1914 se separaram da comunhão com os demais irmãos da IASD original, se separando depois de si mesmos e dividindo-se outras tantas vezes, resultando que hoje existem algumas IASD-MR divididas, com siglas diferenciais sobre o nome original, falando mal umas das outras e da original, denegrindo o próprio nome adventista. Não se harmonizam entre si e, em vez de avançar para conclusão da obra, seus números se reduzem cada vez mais e não terão nem mesmo os 144 mil das primícias para a colheita final.

Quanto a mim, sendo adventista desde o berço, jamais deixei de ver os defeitos, bem como as virtudes dos líderes e membros da Igreja. Mas, no balanço geral, vejo que a IASD vem crescendo e aprendendo doutrinariamente sem parar desde seu início, vencendo erro após erro, pois sabemos que no início nem guardar o sábado guardávamos, muitos comiam carne de porco, fumavam, bebiam, não aceitavam a justificação pela graça, aceitavam pegar em armas e muito mais. Entretanto, à medida que o Espírito foi concedendo luz, todas essas práticas foram sendo abandonadas e a Igreja somente tem crescido espiritualmente.

Entretanto, embora vendo os defeitos de uns e outros (e os meus muito mais), jamais achei que eu seria melhor se me tornasse crítico e acusador dos meus irmãos. E, a propósito, na adolescência saí da igreja justamente por ver defeitos em alguns irmãos e começar a criticar.

Se seguirmos no caminho da crítica chegará um momento que nos veremos habilitados para criticar até mesmo Deus, pois nos veremos mais perfeitos do Ele mesmo, porque o crítico se torna cego quanto aos seus próprios defeitos de caráter, pois a teia da crítica o impede de olhar para si. Para bem de salvar a prostituta do apedrejamento Jesus teve que escrever os pecados dos religiosos no chão. Então, vendo os próprios pecados, eles se foram contrariados, por terem perdido a oportunidade de apedrejar.

Hoje sabemos que jamais alcançaremos a perfeição, embora que não desanimaremos pela graça de Deus. Nem todo o médico, cientista, advogado ou outro profissional será o melhor, mas nem por isso desistirá de aprimorar-se e ser o melhor que poder. E Deus não espera que entremos no Céu com nota 10, pois Ele sabe que não alcançaremos, mas, como diz no hino, “Sim, Jesus contemplará a fé...” e recompensará o que cada um tiver feito em direção a Deus e à perfeição. E, como diz o apóstolo Paulo em I Coríntios 15:51 e 52, na volta de Jesus "todos seremos transformados num abrir e fechar de olhos". Somente aí seremos perfeitos, pois é nesse momento que Jesus completará em nós a perfeição, aperfeiçoando o que não tivermos alcançado embora os nossos esforços.

A propósito, impor para si a completa perfeição (que é a obra final de Cristo), bem como para os irmãos, é uma boa forma de fazer a nós mesmos e outros desistirem da jornada, pois daí a carga se torna muito pesada por parecer e ser impossível. Deus não nos exige o que não podemos fazer, simplesmente porque Ele, mais do que nós, sabe que não alcançaremos e acabaremos desistindo no meio do caminho. Se pudéssemos voltar atrás do pecado por nossas próprias forças não teria havido necessidade de Cristo morrer. Ao contrário, Jesus diz: "Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados e Eu vos aliviarei, pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve". - Mateus 11:30.

Amém!

Wilson do Amaral