Violência, por falta de violência
“… O seu pão comerão com receio, e a sua água beberão com susto, … por causa da violência de todos os que nela habitam.” Ez 12; 19
Interessante parceria encontramos aqui; violência e medo. Claro que, por violência não devemos entender apenas violações físicas, antes, toda sorte de violação. Aliás, foi imediatamente após a violação de um mandamento Divino que surgiu pela primeira vez o medo no seio da humanidade. “…Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me” Gên 3; 10.
Todavia, a Bíblia não preceitua o pacifismo como remédio; ainda que a busca da paz seja ensinada em vários textos, o antídoto ao medo é o amor. Como assim? “No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor.” I Jo 4; 8 Esse temor que acena com penalidade é um sinal vermelho no painel da consciência alertando que algum tipo de violência se cometeu. Afinal, diverso da abordagem vulgar onde amor é algo que “se faz”, a definição Bíblica abarca comprometimento espiritual; voluntária decisão moral. “Se me amais, guardai os meus mandamentos.” Jo 14; 15 Onde isso é cumprido não há o que temer; amor gera devoção, obediência; obediência dá azo ao repouso da consciência.
O mais sábios dos homens, Salomão, também associou o medo à impiedade, e a confiança, à justiça; “Os ímpios fogem sem que haja ninguém a persegui-los; mas os justos são ousados como um leão.” Pv 28; 1 Diz mais; quando a violência resulta na morte de alguém, tal será fugitivo da consciência durante todos os seus dias. “O homem carregado do sangue de qualquer pessoa fugirá até à cova; ninguém o detenha.” Pv 28; 17
Então, se é certo que violência gera violência, na perspectiva Divina é medida profiláctica; isto é, para tentar reeducar ao violento eventual, prevenindo a reincidência; “O homem de grande indignação deve sofrer o dano; porque se tu o livrares ainda terás de tornar a fazê-lo.” Prov 19; 19 Por isso existem prisões, multas, juros, e toda sorte de reparos visando coibir violações de direitos.
Assim, a violência não é um mal em si, mas, uma triste necessidade medicinal, dada a enfermidade da alma humana. Sempre uma reação social contra alguém desajustado aos pactos coletivos.
Entretanto a violência grassa nas ruas do país, incólume ante uma geração de autoridades frágeis, vítimas de outra violência mais perniciosa; a verbal. Deturpam o sentido das palavras; fazem a ditadura das minorias, sacra, e qualquer reação social uma imposição violenta do Estado. A baderna seria “beatificada” pela causa; a reação da sociedade organizada, excomungada pela lei implícita que é proibido reprimir, reagir.
Querem esses magos “reformadores” sociais o perfeito equilíbrio com um pé na terra firme outro na areia movediça; digo, possuir todos os direitos e nenhum dever. Natural que a sociedade claudique como se andasse com um pé na rua outro no meio fio.
A Santa Paciência de Deus cansou uma vez já, precisamente pelo excesso de violência que havia; “Então disse Deus a Noé: O fim de toda a carne é vindo perante a minha face; porque a terra está cheia de violência; e eis que os desfarei com a terra.” Gên 6; 13 O Juízo Divino foi extremamente violento e cabal; mas, isso soa como “conto do vigário” aos ouvidos de muitos; nada aprendem com o exemplo pretérito.
Malaquias, o profeta, vaticinou tais dias nos quais, o homem sentiria vergonha de ser honesto, como disse Ruy Barbosa. “…Inútil é servir a Deus; que nos aproveita termos cuidado em guardar os seus preceitos, e em andar de luto diante do Senhor dos Exércitos? Ora, pois, nós reputamos por bem-aventurados os soberbos;… ” Mal 3; 14 e 15 Adiante, o mesmo Senhor acena com “outra vez”, a necessidade de juízo violento: “…vereis a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não o serve.” V 18
Essa onda libertino-progressista não é um “remake” de Deus, antes, o vergonhoso corolário da falência moral da humanidade. O Criador continua no mesmo lugar, bem como Sua Santa Palavra. “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo!” Is 5; 20
O Eterno sabe que a permanência indefinida da maldade acaba minando a boa índole; por isso, em tempo, Ele vai agir. “Porque o cetro da impiedade não permanecerá sobre a sorte dos justos, para que o justo não estenda as suas mãos para a iniquidade.” Sal 125; 3