A Nossa Parte e a Parte de Deus
Jorge Linhaça
Diante de atos ou situações que fujam ao nosso controle, o normal é que coloquemos a solução nas mãos de Deus.
Nosso sentimento de impotência muitas vezes nos leva a citar frases como:
Só por Deus...
Entrego nas mãos de Deus...
Só pela misericórdia de Deus...
Na verdade, por certo que Deus está propenso a fazer a sua parte, as escrituras relatam muitas ocasiões em que Deus interviu em favor dos homens, livrando-os da destruição ou das mãos de seus inimigos.No entanto esses relatos trazem sempre algo em comum...os homens primeiro tinham de fazer a sua parte, exercitar a sua fé.
Quando Noé foi avisado sobre o dilúvio, Deus não lhe entregou uma arca construída para que ele se salvasse com seus familiares e os animais...Noé levou décadas construindo a arca...fez a sua parte.
Quando Moisés guiou o povo para longe do Egito, fugindo do exército do faraó, não encontrou o Mar Vermelho aberto à sua frente...o mar estava lá, intransponível como sempre...foi preciso que o povo caminhasse para dentro dele para que o mar se abrisse.
As muralhas de Jericó não ruiram sózinhas, foi preciso que os judeus, seguindo as instruções de Deus, marchassem à sua volta tocando trombetas feitas com aquela finalidade.
Golias não caiu fulminado por um raio vindo dos céus, foi necessário que o pequeno Davi saisse a enfrentá-lo, armado apenas de uma funda, algumas pedras e de sua fé.
Estes são apenas alguns exemplos de que Deus faz a sua parte se não nos omitimos de fazer a nossa.
Os problemas que enfrentamos hoje são diferentes, assim como cada um dos exemplos acima difere dos demais. Para cada um, Deus deu uma solução e estabeleceu o que haveria de ser feito.
Quanto mais cedo compreendermos que a solução dos problemas de nossa era não é mais difícil do que os enfrentados pelos personagens bíblicos, mais cedo aprenderemos a confiar sim, no braço de Deus, mas também compreenderemos que é preciso agir, fazer a nossa parte para que Deus possa potencializar os nossos esforços e executar a sua.
Quando nos calamos ou nos paralizamos diante das injustiças e da violência, como que atamos as mãos de Deus, pois ele nos dá o livre-arbítrio para agirmos segundo os desejos de nossos corações.
Não adianta ao homem apenas orar ou lamentar, é necessário que o homem aja para encontrar soluções para seus problemas.
De que vale a um homem orar dia e noite para encontrar um emprego se permanecer sentado ou deitado em casa sem sair para procurar um local onde possa ser aceito? É improvável que Deus envie um recrutador de uma empresa para privilegiar alguém que não se dá ao trabalho de sair de casa.
Se desejamos que a violência e a corrupção sejam minimizadas em nossa sociedade, é necessário que aprendamos a agir na prevenção dessas coisas, é necessário que ensinemos a todos que nos rodeiam valores diferentes e mais elevados do que os que "o mundo" anda reproduzindo.
Pequenos atos fazem uma grande diferença e se esses atos forem sendo repercutidos por outras pessoas, a luz acabará, por certo, por suplantar a escuridão.
Mesmo na internet, onde as pessoas repassam centenas de tolices sem pé nem cabeça, as vezes movidos até mesmo por boa-fé, seria mais produtivo utilizarmos o tempo para disseminar coisas que efetivamente possam levar as pessoas a refletir e elevar seus valores.
Claro que a príncipio muitos deletarão as mensagens ou mesmo as leiam e não lhes cause qualquer significância, mas alguns lerão, refletirão...darão continuidade ao repasse e assim aos poucos uma corrente irá se formando, pessoas irão se modificando, e outras pessoas verão essas mudanças e tentarão entender o que está havendo.
Para que ocorra uma avalanche, é necessário apenas que uma primeira rocha se desprenda e tranfira a sua energia para outras que repetirão o processo até que uma massa imensa esteja em movimento.
As coisas grandes provém das coisas pequenas.
Salvador, 13 de novembro de 2013