Pombos de rapina
“Levanta-te, Senhor, ao teu repouso, tu e a arca da tua força. Vistam-se os teus sacerdotes de justiça, e alegrem-se os teus santos.” Sal 132; 8 e 9
No contexto imediato o salmista menciona o episódio da Arca da Aliança encontrada no campo, pois, fora levada pelos inimigos nos dias de Eli. Então, roga por sacerdotes justos, uma vez que, aquele e seus filhos não foram.
“Vistam-se teus sacerdotes de justiça.” Muitas coisas foram postas pelo Espírito Santo nos lábios dos profetas às quais, sequer eles tinham noção do que encerravam, plenamente. Os mais elevados conceitos humanos de justiça, serão rotos ante o Eterno, como expressou Isaías: “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundície; … Is 64; 6
Zacarias nos apresenta uma figura interessante que ilustra os melhores dentre a espécie; “Josué, vestido de vestes sujas, estava diante do anjo. Então respondeu, aos que estavam diante dele, dizendo: Tirai-lhe estas vestes sujas. E a Josué disse: Eis que tenho feito com que passe de ti a tua iniquidade, e te vestirei de vestes finas.” Zac 3; 3 e 4 Há menção da presença do acusador, Satanás, e da advocacia Divina defendendo a “um tição tirado do fogo”, alusão ao cativeiro do qual Josué provinha.
Malgrado as vestes sujas, Deus, livremente decidiu perdoar, ordenando que se lhe trocassem as mesmas. Mais adiante referiu a um ato que aquele, tipificava: “…eis que eu farei vir o meu servo, o Renovo. Porque eis aqui a pedra que pus diante de Josué; sobre esta pedra única estão sete olhos; eis que eu esculpirei a sua escultura, diz o Senhor dos Exércitos, e tirarei a iniquidade desta terra num só dia.” Vs 8 e 9 Claro que isso refere-se à vinda do Messias, com o fito, entre outros, de purificar o sacerdócio dando-lhe vestes de justiça.
Afinal, “lato sensu” todos os salvos vêm do cativeiro com vestes sujas, precisam receber perdão e nova indumentária; figura, aliás, usada contra a materialista igreja de Laodicéia: “Aconselho-te que de mim compres… roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez;” Apoc 3; 18
O ofício purificador do Santo é apresentado como algo que nem todos suportariam, no dito do profeta Malaquias: “… de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais; e o mensageiro da aliança, a quem vós desejais, eis que ele vem, diz o Senhor dos Exércitos. Mas quem suportará o dia da sua vinda? E quem subsistirá, quando ele aparecer? Porque ele será como o fogo do ourives e como o sabão dos lavandeiros. E assentar-se-á como fundidor e purificador de prata; e purificará os filhos de Levi, e os refinará como ouro e como prata; então ao Senhor trarão oferta em justiça.” Ml 3; 1 a 3
Dois tipos de purificação são apresentados; água e sabão, e fogo. Isso evoca um mandamento dos dias de Moisés: “Toda a coisa que pode resistir ao fogo, fareis passar pelo fogo, para que fique limpa, todavia se purificará com a água da purificação; mas tudo que não pode resistir ao fogo, fareis passar pela água.” Núm 31; 23
O mesmo Salvador ilustra Sua Palavra como água, “Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna” Jo 4; 14 e o efeito colateral, as divisões que Sua doutrina causaria, como fogo: “Vim lançar fogo na terra; e que mais quero, se já está aceso?” Luc 12; 49
Então, conhecimento e fidelidade em face à Palavra do Santo em meio às eventuais consequências num mundo mau são agentes purificadores, necessários, aos pretensos sacerdotes da Nova Aliança. Ainda que todos tenham acesso a Deus mediante o Sumo Sacerdote, Cristo, há os que têm funções ministeriais específicas; dos tais, se requer melhor exemplo.
Assim, quando ouço um “sacerdote” que, invés de laborar exortando contra o pecado, diz: “pare de sofrer”, constato que, não passa de um “Cascão” espiritual, acostumado à sujeira pela vera aversão que tem à água.
Além do testemunho de vida exemplar, o ministro deve ser destro na Palavra, não um manipulador da mesma ao sabor do interesse. “Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens buscar a lei porque ele é o mensageiro do Senhor dos Exércitos.” Mal 2; 7
Se outrora a negligência fez a Arca peregrinar entre estranhos, hoje, a demência tem feito aves de rapina ajuntarem em bandos como se fossem pombos. Não precisamos ser ornitólogos para identificá-los, afinal, pombos não comem carne.