Que todos tenhamos paz!
Estamos acostumados a desejar a paz às pessoas do nosso meio, em especial nos atos e momentos festivos, como em celebrações religiosas, em dias voltados à paz do mundo, até mesmo no cumprimento entre pessoas de certas culturas, tais como entre muçulmanos (Salaam Aleikum ou As-Salamu Alaikum - "Salamaleico", do árabe السلام عليكم - Que a paz esteja sobre vós!).
Muitos promovem movimentos sócio-políticos, ou deles participam, voltados à paz mundial, especialmente entre povos em conflitos, ou mesmo na busca da aceitação das diferenças entre pessoas, ou para o acolhimento das minorias.
Sem dúvida alguma, são causas bonitas e importantes para serem defendidas e, por elas, seres estimulados os povos.
Entretanto, que paz é essa que buscamos e, por ela, muitos se mobilizam incansavelmente?
Será que poderíamos considerar como a verdadeira paz a mera ausência de conflito aparente, o tratar com civilidade nosso semelhante, não agredir ou não olhar de forma desdenhosa aqueles que vivem ou se portam diferentes de nós? Deveríamos buscar a cessação dos conflitos, simplesmente com a apartação entre os inimigos? Não estaria a humanidade clamando pela paz, olhando sempre para fora, para o outro, para o conflito alheio, para as contendas do próximo?
Quantos de nós, ao chegarmos das nobres passeatas, dos destacados movimentos, das louváveis mobilizações sociais, todas voltadas para a paz entre os seres humanos, tratamos nossos filhos, irmãos e outros parentes com autoritarismo e violência; agredimos verbalmente nossa companheira ou nosso companheiro; gritamos com o(a) vizinho(a) que ocupou a nossa vaga ou estacionou na frente dela, impedindo nossa entrada; esbravejamos com o motorista desatento por quase gerar um acidente automobilístico, enfim, quantas vezes defendemos a paz do mundo e, irados, vivenciamos conflitos em nosso cotidiano, muitos deles por nós gerados? Em outros momentos, mesmo acreditando estarmos em paz, capazes, inclusive, de defende-la e darmos o exemplo vivo de sua vivência, à primeira provocação, ao primeiro contratempo, à primeira admoestação, transformamo-nos e damos o testemunho da ira e da agressividade. Quão rápido transforma-se a aparente paz em ira e agressão? Quão efêmera é essa aparente paz que acreditamos vivenciar e felizes a buscamos em nosso cotidiano – a paz do mundo, a paz do homem, a paz da matéria.
Que paz, então, seria essa que desejamos a todos, quando se inicia um novo ano e, inclusive, a celebramos como dia internacional em seu primeiro dia?
Minhas amadas, meus amados, jamais haverá, realmente, paz entre os seres humanos, próximos ou distantes, em relacionamentos familiares ou sociais, compartilhando a mesma cultura ou de culturas diferentes, da mesma nação ou de pátrias distintas, jamais a paz será vivenciada entre as pessoas se não houver a verdadeira paz no interior de cada um.
A paz não é algo que se constrói fora das pessoas, mesmo que a percebamos na relação entre elas, ela é algo que existe no interior de cada um e evidencia-se em seu exterior. A paz deve ser desenvolvida no íntimo das pessoas, algo já estabelecido radicalmente em sua essência, existente em sua criação, mas tão difícil de ser encontrado, tão próximo e, ao mesmo tempo, tão distante. Caso contrário, em tempo algum, a veremos nas relações interpessoais.
A paz deixada por Cristo Jesus aos apóstolos (“shlo-mo lkul-khun” – do aramaico Nvuklukl axmXlw – “A paz convosco!”), a mesma paz tão estimulada pelo profeta Maomé, idêntica paz exortada por krishna, igual paz buscada e encorajada por Siddhartha Gautama (o Buda histórico) esta sim é a verdadeira paz, aquela mencionada por São Paulo, em sua epístola aos filipenses, ao dizer que excedia todo a compreensão (Fl 4:7).
Era incompreensível aos olhos do mundo quando um seguidor ou uma seguidora dos ensinamentos do Nazareno mover-se, indo de encontro à fera que estava prestes a devorá-lo(a), cantando e agradecendo a acolhida de Deus, após sua partida.
Da mesma forma, não era entendível, para a grande maioria das pessoas, a forma que Mohandas Karamchand Gandhi (conhecido com Mahatma Gandhi) enfrentou o governo inglês, optando pelo caminho da não violência e com tanto êxito e liderança.
Iguais a esses, muitos outros homens e mulheres, independentemente dos problemas com os quais estavam lidando, das dificuldades que estavam vivenciando, mantinham-se tranqüilos e em paz.
Quando desejamos e buscamos a paz, antes de desejá-la externamente, antes de cobrá-la na relação entre as pessoas, devemos nos mobilizar para que a tenhamos viva em nosso interior, para que, intensamente, a possamos exercitá-la em nosso cotidiano.
As brigas entre as pessoas, muito antes de serem provocadas pelos desentendimentos de visões, de opções e de práticas diferentes, elas surgem pela falta de paz no interior dos seres humanos. Pessoas que se encontram, verdadeiramente, em paz, jamais se envolvem em conflitos, qualquer que seja a diferença vivida no mundo, pois tais pessoas não se alicerçam na paz do mundo exterior, mas se sustentam na paz do seu interior. Divergem, debatem, contrapõem-se, mas se mantém, sempre, em paz, não vivenciando a agressividade, a ira, o rancor e a guerra entre os seres.
Todos as Escrituras Sagradas, ao apontar a existência de um Deus único e vivo, não se contrapondo aos demais viventes, muito menos estimulam a agressão entre as pessoas, mesmo que professando credos diferentes, apontam à paz entre os seres. Permitam-me citar um trecho, por exemplo, do Bhagavad Gita:
"Aquele que é igual com o amigo e o inimigo, na honra e na desonra, no calor e no frio, na alegria e na tristeza, no elogio e na censura, que é desapegado e silencioso, que está satisfeito com qualquer coisa, que não tem lar e tem a mente firme, é Meu querido." (Bhagavad Gita XII:18-19)
Usando os pensamentos do grande mestre Paramahansa Yogananda sobre essa passagem, podemos visualizar que as pessoas que acolhem e compreendem seus, oferecem tranqüilidade aos aflitos e alegria aos entristecidos, acabam destruindo os estados negativos de humor. Somente aqueles que possuem a paz em seu interior são capazes de assim proceder.
No islamismo, lamentavelmente, muito questionado pelo mundo ocidental, basicamente pela falta de conhecimento, identifica-se a busca pela paz e o direcionamento de seus seguidores a ela. Segundo o Sheikh Al-Khazraji, líder religioso, procurador e representante de grandes líderes religiosos e de diversas fundações e entidades islâmicas internacionais, fala sobre o Islam:
"Em seu sentido literal, Islam significa 'fazer a paz', Islam é a religião e o modo de vida da construção da paz. Fazer a paz, exatamente como o nome sugere, é o objetivo do Islam. O Islam quer produzir a paz em todas as esferas de importância da humanidade. O homem existe para estabelecer a paz com Deus, consigo próprio, com seu semelhante e com a criação de Deus. Uma pessoa que tenta fazer isso, é um muçulmano 'alguém que busca construir a paz'."
Poderíamos citar, nas diversas linhas religiosas tradicionais e nas Escrituras Sagradas, a busca universal pela paz e a importância de todos construí-la em seu interior e depois disseminá-la pelos caminhos do mundo.
Em suma, a paz interior seria, então, o encontro com a essência luminosa e divina existente em todos os seres, como fonte de sua criação, a chamada pelos que crêem de “a paz de Deus”, por outros como “consciência búdica”, ou mesmo “essência de luz”. O que importa é que, tais pessoas, ao encontrarem esse núcleo radical original, tranqüilizam os sentidos e a mente e são capazes de harmonizarem-se consigo mesmos e equilibrarem-se com o universo. O espírito equilibra-se com a matéria, o ser deixa-se envolver pelo Ser, permitindo que essa Luz, ao iluminar seu caminho, oriente seu caminhar, conduzindo seus passos e moldando suas ações. Por conseguinte, tais pessoas terão bloqueados o afloramento da ira, do ódio e da agressividade. Somente o ser em paz, dissemina a paz e ajuda a construir a paz.
Dessa forma, ao desejarmos a paz a todos, no ano que se inicia, a desejamos não nas aparências, não nas relações, mas, primeiramente, no interior de cada um, no encontro efetivo com a essência divina, amorosa e pacífica, que habita em todos os seres, pois todo o resto é conseqüência.
Que tenhamos paz, meus irmãos e minhas irmãs, no ano que se inicia e nos próximos, e que consigamos vive-la, exercitá-la e dela darmos exemplo, para que possamos, de verdade, desejá-la a todos os seres.
Que a verdadeira paz seja sentida e exercitada por todos nós e que se torne plena em nossa vida.
Um fraterno abraço em todas e todos vocês.
Muitos promovem movimentos sócio-políticos, ou deles participam, voltados à paz mundial, especialmente entre povos em conflitos, ou mesmo na busca da aceitação das diferenças entre pessoas, ou para o acolhimento das minorias.
Sem dúvida alguma, são causas bonitas e importantes para serem defendidas e, por elas, seres estimulados os povos.
Entretanto, que paz é essa que buscamos e, por ela, muitos se mobilizam incansavelmente?
Será que poderíamos considerar como a verdadeira paz a mera ausência de conflito aparente, o tratar com civilidade nosso semelhante, não agredir ou não olhar de forma desdenhosa aqueles que vivem ou se portam diferentes de nós? Deveríamos buscar a cessação dos conflitos, simplesmente com a apartação entre os inimigos? Não estaria a humanidade clamando pela paz, olhando sempre para fora, para o outro, para o conflito alheio, para as contendas do próximo?
Quantos de nós, ao chegarmos das nobres passeatas, dos destacados movimentos, das louváveis mobilizações sociais, todas voltadas para a paz entre os seres humanos, tratamos nossos filhos, irmãos e outros parentes com autoritarismo e violência; agredimos verbalmente nossa companheira ou nosso companheiro; gritamos com o(a) vizinho(a) que ocupou a nossa vaga ou estacionou na frente dela, impedindo nossa entrada; esbravejamos com o motorista desatento por quase gerar um acidente automobilístico, enfim, quantas vezes defendemos a paz do mundo e, irados, vivenciamos conflitos em nosso cotidiano, muitos deles por nós gerados? Em outros momentos, mesmo acreditando estarmos em paz, capazes, inclusive, de defende-la e darmos o exemplo vivo de sua vivência, à primeira provocação, ao primeiro contratempo, à primeira admoestação, transformamo-nos e damos o testemunho da ira e da agressividade. Quão rápido transforma-se a aparente paz em ira e agressão? Quão efêmera é essa aparente paz que acreditamos vivenciar e felizes a buscamos em nosso cotidiano – a paz do mundo, a paz do homem, a paz da matéria.
Que paz, então, seria essa que desejamos a todos, quando se inicia um novo ano e, inclusive, a celebramos como dia internacional em seu primeiro dia?
Minhas amadas, meus amados, jamais haverá, realmente, paz entre os seres humanos, próximos ou distantes, em relacionamentos familiares ou sociais, compartilhando a mesma cultura ou de culturas diferentes, da mesma nação ou de pátrias distintas, jamais a paz será vivenciada entre as pessoas se não houver a verdadeira paz no interior de cada um.
A paz não é algo que se constrói fora das pessoas, mesmo que a percebamos na relação entre elas, ela é algo que existe no interior de cada um e evidencia-se em seu exterior. A paz deve ser desenvolvida no íntimo das pessoas, algo já estabelecido radicalmente em sua essência, existente em sua criação, mas tão difícil de ser encontrado, tão próximo e, ao mesmo tempo, tão distante. Caso contrário, em tempo algum, a veremos nas relações interpessoais.
A paz deixada por Cristo Jesus aos apóstolos (“shlo-mo lkul-khun” – do aramaico Nvuklukl axmXlw – “A paz convosco!”), a mesma paz tão estimulada pelo profeta Maomé, idêntica paz exortada por krishna, igual paz buscada e encorajada por Siddhartha Gautama (o Buda histórico) esta sim é a verdadeira paz, aquela mencionada por São Paulo, em sua epístola aos filipenses, ao dizer que excedia todo a compreensão (Fl 4:7).
Era incompreensível aos olhos do mundo quando um seguidor ou uma seguidora dos ensinamentos do Nazareno mover-se, indo de encontro à fera que estava prestes a devorá-lo(a), cantando e agradecendo a acolhida de Deus, após sua partida.
Da mesma forma, não era entendível, para a grande maioria das pessoas, a forma que Mohandas Karamchand Gandhi (conhecido com Mahatma Gandhi) enfrentou o governo inglês, optando pelo caminho da não violência e com tanto êxito e liderança.
Iguais a esses, muitos outros homens e mulheres, independentemente dos problemas com os quais estavam lidando, das dificuldades que estavam vivenciando, mantinham-se tranqüilos e em paz.
Quando desejamos e buscamos a paz, antes de desejá-la externamente, antes de cobrá-la na relação entre as pessoas, devemos nos mobilizar para que a tenhamos viva em nosso interior, para que, intensamente, a possamos exercitá-la em nosso cotidiano.
As brigas entre as pessoas, muito antes de serem provocadas pelos desentendimentos de visões, de opções e de práticas diferentes, elas surgem pela falta de paz no interior dos seres humanos. Pessoas que se encontram, verdadeiramente, em paz, jamais se envolvem em conflitos, qualquer que seja a diferença vivida no mundo, pois tais pessoas não se alicerçam na paz do mundo exterior, mas se sustentam na paz do seu interior. Divergem, debatem, contrapõem-se, mas se mantém, sempre, em paz, não vivenciando a agressividade, a ira, o rancor e a guerra entre os seres.
Todos as Escrituras Sagradas, ao apontar a existência de um Deus único e vivo, não se contrapondo aos demais viventes, muito menos estimulam a agressão entre as pessoas, mesmo que professando credos diferentes, apontam à paz entre os seres. Permitam-me citar um trecho, por exemplo, do Bhagavad Gita:
"Aquele que é igual com o amigo e o inimigo, na honra e na desonra, no calor e no frio, na alegria e na tristeza, no elogio e na censura, que é desapegado e silencioso, que está satisfeito com qualquer coisa, que não tem lar e tem a mente firme, é Meu querido." (Bhagavad Gita XII:18-19)
Usando os pensamentos do grande mestre Paramahansa Yogananda sobre essa passagem, podemos visualizar que as pessoas que acolhem e compreendem seus, oferecem tranqüilidade aos aflitos e alegria aos entristecidos, acabam destruindo os estados negativos de humor. Somente aqueles que possuem a paz em seu interior são capazes de assim proceder.
No islamismo, lamentavelmente, muito questionado pelo mundo ocidental, basicamente pela falta de conhecimento, identifica-se a busca pela paz e o direcionamento de seus seguidores a ela. Segundo o Sheikh Al-Khazraji, líder religioso, procurador e representante de grandes líderes religiosos e de diversas fundações e entidades islâmicas internacionais, fala sobre o Islam:
"Em seu sentido literal, Islam significa 'fazer a paz', Islam é a religião e o modo de vida da construção da paz. Fazer a paz, exatamente como o nome sugere, é o objetivo do Islam. O Islam quer produzir a paz em todas as esferas de importância da humanidade. O homem existe para estabelecer a paz com Deus, consigo próprio, com seu semelhante e com a criação de Deus. Uma pessoa que tenta fazer isso, é um muçulmano 'alguém que busca construir a paz'."
Poderíamos citar, nas diversas linhas religiosas tradicionais e nas Escrituras Sagradas, a busca universal pela paz e a importância de todos construí-la em seu interior e depois disseminá-la pelos caminhos do mundo.
Em suma, a paz interior seria, então, o encontro com a essência luminosa e divina existente em todos os seres, como fonte de sua criação, a chamada pelos que crêem de “a paz de Deus”, por outros como “consciência búdica”, ou mesmo “essência de luz”. O que importa é que, tais pessoas, ao encontrarem esse núcleo radical original, tranqüilizam os sentidos e a mente e são capazes de harmonizarem-se consigo mesmos e equilibrarem-se com o universo. O espírito equilibra-se com a matéria, o ser deixa-se envolver pelo Ser, permitindo que essa Luz, ao iluminar seu caminho, oriente seu caminhar, conduzindo seus passos e moldando suas ações. Por conseguinte, tais pessoas terão bloqueados o afloramento da ira, do ódio e da agressividade. Somente o ser em paz, dissemina a paz e ajuda a construir a paz.
Dessa forma, ao desejarmos a paz a todos, no ano que se inicia, a desejamos não nas aparências, não nas relações, mas, primeiramente, no interior de cada um, no encontro efetivo com a essência divina, amorosa e pacífica, que habita em todos os seres, pois todo o resto é conseqüência.
Que tenhamos paz, meus irmãos e minhas irmãs, no ano que se inicia e nos próximos, e que consigamos vive-la, exercitá-la e dela darmos exemplo, para que possamos, de verdade, desejá-la a todos os seres.
Que a verdadeira paz seja sentida e exercitada por todos nós e que se torne plena em nossa vida.
Um fraterno abraço em todas e todos vocês.
(Texto para discussão no site: www.ecumenismouniversal.org)