Eu pedi pra nascer

“ Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá.” Ef 5; 14

Interessante figura repousa na exortação de Paulo; Fala como se o pecador dormisse entre mortos, num cemitério. Acontece que, Cemitério deriva do latino COEMETERIUM, do Grego KOIMETERION, local de repouso, dormitório. Cristo usou linguagem semelhante: “Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão.” Jo 5; 25

Assim, os que “vivem” alienados de Deus, apenas existem, para o Eterno estão mortos. Ademais, o Senhor não nos desafiaria a nascer de novo se não fosse assim.

Aqui temos mais uma pérola do livre arbítrio. Comumente se diz: “Eu não pedi para nascer”, quando algum filho ingrato se quer eximir de algo; entretanto, espiritualmente temos essa possibilidade; melhor, necessidade. Se crermos e obedecermos pediremos pra nascer, senão, seguiremos mortos.

O Salvador fez literalmente na vida de Lázaro, o que faz espiritualmente com todos os salvos. Abre o sepulcro e chama para fora. Diverso do despertar físico que ocorre de modo mecânico, esse, requer o concurso da vontade humana. Após o desafio a despertar, Paulo acresce o levantar. Se acordar demanda apenas uma resposta da vontade, o levantar, que essa resposta comece a pautar o agir. De nada vale dizer, eu creio, e seguir fazendo as mesmas coisas; é preciso atitude coerente.

Claro que quando decidimos fazer isso convencidos pela mensagem salvadora somos ajudados pelo Espírito Santo. O mesmo que rompeu nossas barreiras interiores na conquista da vontade nos capacita a cumpri-la; como relata Ezequiel; “E disse-me: Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo. Então entrou em mim o Espírito, quando ele falava comigo, e me pôs em pé, e ouvi o que me falava.” Ez 2; 1 e 2

Então, quando nos dispomos a obedecer, Deus ajuda-nos a cumprir o que ordena. Noutra parte Paulo compara certa indiferença dos salvos ao sono; e o período em que viveram na ignorância, com a noite. “E isto digo, conhecendo o tempo, que já é hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé. A noite é passada, e o dia chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz.” Rom 13 ; 11 e 12

Assim, um salvo que ainda olha para trás procede como se sentisse saudade da noite, das trevas. Na peregrinação do Êxodo, os que olharam para trás com saudades do Egito pereceram no deserto.

A promessa aos que se levantam é que Cristo os esclarecerá. Porém, isso é um processo paulatino, não de uma vez por todas. De modo que requer mais que levantar, mas, permanecer em pé; “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia.” I Cor 10; 12 Recebemos um pouco de luz cada dia, como disse Salomão: “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4; 18

O simples aceitar o convite de Cristo e se arrepender dos erros já enseja recebermos seu perdão; feito isso a Justiça Dele nos é imputada e, malgrado nosso pretérito de erros, somos chamados justos. Isso porque justificados, não por sermos achados perfeitos. O aperfeiçoamento é um processo lento, a santificação.

Saímos do “sepulcro” como Lázaro, envoltos numa série de faixas, de maus hábitos, mentalidade, inclinações. Então, como foi dito daquele; “Desligai-o, deixai-o ir” se dá conosco. Pouco a pouco mediante ensino somos desligados de nossa mentalidade errônea; “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento,…” Rom 12; 2

Mudando a mente mudam os hábitos; adquiridos hábitos espirituais podemos contrariar a inclinação natural; “Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis.” Rom 8; 6, 12 e 13.

Isso não é uma empresa fácil, mas, em Cristo é possível. Façamos como Eliseu que ao chamado Divino deixou tudo; melhor, matou os bois e queimou as tralhas para nem ser tentado a volver atrás. Seguiu após o profeta de Deus; buscou para si uma unção especial, e foi atendido.

Nesses dias de Maria vai com as outras onde tudo acontece coletivamente, precisamos uma decisão pessoal, individual; levanta-te de entre os mortos, ao invés de imitá-los. Peça pra nascer, Deus atenderá com prazer tal, que haverá uma festa nos céus.