INGRATIDÃO DOS FILHOS

A ingratidão fere profundamente o coração das pessoas honestas, e dói muito mais quando os ingratos são os próprios filhos. O Evangelho explica suas razões e suas consequências.

Quando uma pessoa morre, o espírito, que é sua verdadeira essência, abandona o corpo do qual se serviu para vivenciar sua experiência na Terra. Em seguida vai para o espaço, carregando consigo paixões e virtudes, segundo sua natureza. No plano para o qual a alma retorna, ela pode se aperfeiçoar ou prosseguir no mesmo estágio em que estava.

Alguns partem levando consigo sentimentos de ódio e desejo de vingança. Mas aos espíritos mais avançados é permitido ver quanto são prejudiciais esses sentimentos ruins. Compreendem que só a caridade pode conduzi-los a Deus. Para isso, é preciso esquecer as ofensas recebidas porque não pode existir caridade no coração dos que odeiam.

Quando olham para aqueles que os prejudicaram na Terra, revoltam-se. Então vacilam entre o perdão e o ódio. Apelam aos anjos para que os bons sentimentos se sobreponham aos maus e para que a boa resolução vença.

Depois de um bom tempo de meditação e preces, o Espírito retorna à Terra, reencarnando justamente na mesma família da pessoa a quem detestou.

"Qual deverá ser a sua conduta?"

Vai depender das boas resoluções que o Espírito tomou antes de reencarnar. O contato constante com aquelas pessoas que lhe fizeram mal é uma prova difícil. Isso explica o ódio existente entre seres de uma mesma família e que só uma vida passada poderia esclarecer, mas que não pode ser lembrada na vida atual.

Só o estudo da Espiritualidade permite que possamos compreender que, quando uma criança nasce, ela vem ao mundo para progredir e os pais devem se esforçar ao máximo para aproximá-la de Deus, através de uma boa educação e dos bons princípios que devem repassar para essa criança, dando-lhes bons exemplos.

Se os pais cumprirem bem a missão que lhes foi confiada, colaborando para o aperfeiçoamento moral de seus filhos, com certeza serão recompensados.

Chegará o dia em que Deus perguntará a cada pai e a cada mãe:
"-- Que fizestes do filho confiado à vossa guarda? Se permaneceu atrasado por vossa falta, vosso castigo será vê-lo entre os espíritos sofredores."

Daí a recomendação:
"--Mãe, não rejeite a criança que te repelir desde o berço, ou que te paga com ingratidão."

Não é por acaso que isso acontece. Uma intuição, nebulosa, demonstra que, numa existência passada, um deles ofendeu muito e o outro, por sua vez, sentiu ódio. Mas Deus dá sempre a seus filhos uma oportunidade de redenção.

Então, ambos retornam à Terra dentro de uma mesma família, talvez com uma ligação de parentesco diferente ou inversa. O ofensor retorna para resgatar o mal que fez; e o ofendido, para perdoar. É uma oportunidade que, se for bem aproveitada, será benéfica para o progresso de ambos, na Terra e na Espiritualidade.

Desde o começo, a criança já manifesta os bons e maus instintos que trouxe de uma vida anterior. Todos os nossos defeitos têm origem no orgulho e no egoísmo. Os pais devem observar na criança as atitudes erradas que são consequência desses maus sentimentos. E, pouco a pouco, corrigir o filho, "como o bom jardineiro que arranca os maus brotos à medida que os vê despontar sobre a árvore."

Os pais que negligenciarem na educação dos filhos, não corrigindo suas faltas e não se esforçando pelo seu aprimoramento moral, serão punidos com a ingratidão dos filhos.

Mas quando os pais fizeram todo possível para educa-los, sem obter nenhum resultado, esses pais nada têm do que se recriminar. Sua consciência está tranquila, embora experimentem o desgosto de ver seus esforços infrutíferos.

A esses pais Deus dará uma nova oportunidade de terminar numa outra existência a obra começada nesta. E chegará o dia, muito... muito feliz, em que o filho ingrato recompensará seus pais, cercando-os de amor!


Texto inspirado no item 9 do Capítulo XIV (Honrai a vosso pai e a vossa mãe) do EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, de Allan Kardec.
Nair Lúcia de Britto
Enviado por Nair Lúcia de Britto em 23/11/2013
Reeditado em 24/05/2014
Código do texto: T4583451
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