Viagem no tempo
“... Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la? ... Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim.” Mat 19; 7 e 8
Pensando pegar ao Senhor em contradição os Fariseus trouxeram à baila o matrimônio; Jesus lembrou que o projeto inicial é indissolúvel; eventual repudia fora mera permissão. A hipocrisia desentendida de sempre. Apresentaram uma possibilidade não recomendável à luz do propósito santo, mera permissão, como sendo mandamento. O Senhor tratou de corrigir dizendo que a concessão atinava à dureza do coração humano, não à Vontade Divina.
Se o projeto Divino pudesse ser executado sem a participação humana seria perfeito; contudo, “... Ele não tomou os anjos, mas tomou a descendência de Abraão.” Heb 2; 16 Então, arrependimento e perdão entram em cena para suprir mediante a graça, os efeitos desastrosos da desgraça, a queda.
Dado que estamos “presos” numa redoma de tempo e espaço e as consequências das escolhas são eternas, Deus nos permite “viajar no tempo”; o arrependimento é possibilidade do transgressor voltar atrás, rever posturas; reconhecer que foi mal e pedir perdão. Isso é como se Deus voltasse conosco e aceitasse nossa segunda avaliação. Deixa que a experiência e consequência nos ensinem; depois, que o arrependimento seja a prova de veraz do nosso aprendizado.
Porém, uma vez aprendido o caminho, devemos permanecer, não achar que essa “máquina do empo é nosso dileto brinquedo; “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, se tornaram participantes do Espírito Santo, da boa Palavra de Deus, das virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério. Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus; mas a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada, e perto está da maldição; seu fim é ser queimada. Heb 6; 4 a 8
Afinal, não é apenas divórcio que incomoda Ao Eterno; qualquer espécie de pecado. Todos eles são “permitidos” por causa da dureza dos nossos corações; mas, a Palavra de Deus visa amolecer o barro e refazer, como ensinou mediante Jeremias: “… eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel.” Jr 18; 6
Esse refazer Divino mediante Jesus Cristo demanda a cruz em nossas vidas; não a morte literal como Ele sofreu; antes, uma mortificação sonegando os anseios carnais em prol da Sua Vontade, como ensina Paulo: “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se fomos plantados juntamente com Ele na semelhança da Sua Morte, também o seremos na da Sua Ressurreição; sabendo isto, que nosso homem velho foi com Ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito e não sirvamos mais ao pecado.” Rom 6;5 e 6
Os que ainda servem voluntariamente ao pecado, ocupam-se em buscar “contradições” na Palavra de Deus como os Fariseus; (como se elas existissem) os que reconhecem as suas falhas preferem “contradizer” a si próprios, mediante arrependimento e confissão; fazendo isso, encontram a porta da graça aberta. “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia.” Prov 28; 13
Afinal, habilidade com palavras é relativamente fácil para muitos; agora, honestidade intelectual e probidade espiritual demandam um caráter acima da média; um jeito para com a verdade e os fatos, que a maioria não tem; pois, o lugar comum nesse mundo é o da safadeza e improbidade. Pois, é mais fácil fazer fumaça que remover manchas. Entretanto, Deus prometendo bens de valor eterno seria contraditório se fizesse fácil o caminho até eles.
Ainda que os Salvos sejam fortalecidos pelo Espírito Santo, podendo achar “leves” as tribulações terão que lidar com elas; como ensinou o mesmo apóstolo, que superou tantas tribulações considerando a recompensa; “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais e as que se não veem são eternas.” II Cor 4; 17 e 18
Assim, os que viajam atrás nas asas do arrependimento encontram a eternidade à sombra do perdão. Ela pode ser achada mesmo voltando atrás; pois, não é uma refém do tempo como nós.