O SOFRIMENTO DE JÓ

Para Jó tudo vinha de Deus, tanto o bem como o mal: “se não é ele o causador disso, quem é, logo?” O homem antigo acreditava que Deus punia o ímpio com o mal, mas o justo estava livre. Essa era a teologia da época de Jó.

Jó tinha a seguinte revelações de Deus: Justo, Soberano, Todo-Poderoso e Criador, Jó não conhecia o amor de Deus, tinha somente essas revelações. Mas foi a partir do sofrimento dele que o amor foi revelado e acrescentado a essa teologia; porém, para isso, a justiça de Deus teve que ser questionada. O sofrimento sempre nos leva a repensar a fé, porque ele confronta as nossas crenças, mexe com nossas convicções.

Em nem um momento Jó pecou, isto é, quanto à revelação que possuía. Se fosse hoje, lógico, Jó teria pecado contra o AMOR. A primeira contestação à teologia da época foi Jó dizer que até sobre os justos o mal lhes sobrevém, nem o justo é inocente perante Deus:

(Jó 9.15) “...ainda que eu fosse justo, não lhe responderia;

antes, ao meu Juiz pediria misericórdia. (9.20) Ainda que

eu seja justo, a minha boca me condenará; embora seja eu

íntegro, ele me terá por culpado. (9.22) Para mim tudo é o

mesmo; por isso, digo: tanto destrói ele o íntegro como o

perverso”.

Embora fizesse essa contestação à teologia da época, Jó não entendia: (Jó 10:7) “Bem sabes tu que eu não sou ímpio; todavia, ninguém há que me livre da tua mão”. Em outras palavras, Jó estava dizendo: Eu não compreendo como Deus pode tratar um justo desta forma.

Então Jó procurou conhecer Deus neste aspecto, ou seja, como Deus trata o justo. A melhor resposta que Jó encontrou foi entender que o conhecimento de Deus a respeito do homem era limitado:

- Deus não é o homem (9.32) – É como se a mente de Deus não pudesse captar a dor humana;

- Deus não tem experiência humana (10.4-6) – Deus está tão distante da natureza pecadora, que não consegue entendê-la.

Daí, Jó deduz que precisa de um advogado que o compreenda e explique a Deus a dor de um pecador, para que Deus possa compreendê-lo e; assim, vir a se compadecer dele:

(Jó 9:33) – “Não há entre nós árbitro que ponha

a mão sobre nós ambos”.

Zofar responde a Jó dizendo que Deus é Sábio e Onisciente, que o homem não compreende os planos de Deus. Por essas palavras, Jó se sente excluído da religião de sua época, então afirma que só eles são o povo de Deus e possuidores da verdade:

(Jó 12:2) – “Na verdade, vós sois o povo,

e convosco morrerá a sabedoria”.

Mesmo sem entender, Jó profetizava ao confrontar mais uma vez a teologia de sua época dizendo que Deus encerrou todos debaixo do pecado, todos não passam de piada:

(Jó 12:4) – “o justo e o reto servem de irrisão”,

Disse isso para que seus amigos entendessem o propósito de Deus, o qual é: Usar de misericórdia para com todos através de seu Filho, o Advogado, Aquele a quem tanto Jó desejava que existisse.

E para se defender das acusações de seus amigos, Jó questiona a justiça deles, dizendo-lhes que se Deus os esquadrinhasse, acharia neles acepção de pessoas (13.9-10).

Jó não desfazia da justiça de Deus, neste ponto eles concordavam entre si (13.15). Deus é tão justo, acreditava Jó, que se o matasse, não pecaria. Mesmo sabendo que Deus era Justo, Jó disse que iria continuar apresentando suas razões perante Ele, pois acreditava que se Deus o ouvisse, com certeza, compadecer-se-ia dele (13.17). Desta forma, Jó acrescentava o amor em paralelo com a Justiça.

Jó faz um questionamento diante de Deus – Quer que Deus seja objetivo e o diga por qual pecado especificamente o castigava (13.23). Seria por causa de algum pecado cometido na juventude? (13.26). Ou será porque Deus fica juntando todos os nossos pecados num saco e quando está de "saco cheio" nos castiga (14.17)?

Apesar de que, em nem um momento Jó disse que Deus era injusto, por outro lado, ele não entende o amor de Deus, por isso afirma que Deus perdeu o afeto por ele (14.15) e o trata como um inimigo (13.24). Para Jó, Deus é só Justo. Ele repete que alguém precisa intervir perante Deus em favor do homem (16.21), a fim de que Deus seja misericordioso. É como se ele estivesse dizendo que alguém precisava ensinar Deus a amar.

Enumeremos como Jó se sentia:

1 – Sem honra (19.9);

2 – Sem esperança (19.10);

3 – Se sentia tratado como um inimigo por Deus (19.11);

4 – Se sentia desprezado pelos amigos (19.13,14);

5 – Se sentia desrespeitado (19.15,16);

6 – Se sentia feio (19.17) e sofrendo preconceito (19.18) - autoimagem prejudicada;

7 - Se sentia excluído da religião de sua época (12.2);

Jó suplica aos seus amigos que o trate com misericórdia (19.21), pois não se trata o ímpio desta forma, muito menos um pecador arrependido.

Natan Viana

Carregando a minha cruz.

NATAN VIANA
Enviado por NATAN VIANA em 02/11/2013
Reeditado em 03/11/2013
Código do texto: T4553917
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