A Felicidade como Dádiva Celestial
Não creio que a finalidade da vida seja a felicidade, pelo menos não no sentido comumente entendido. Este é um conceito subjetivo e muito vago. Cada um tem sua própria concepção do que ela seja e, muitas vezes, aquilo que se vê como caminho para uma vida ditosa pode converter-se num infortúnio ou, até mesmo, num tormento. Creio que o propósito da vida seja o crescimento: crescer em força, inteligência e sabedoria. O homem e a mulher que evoluem em todos os aspectos possíveis da vida podem chegar a estar além do prazer e da dor. Experimentam o prazer com autodomínio e suportam a dor como guerreiros. São livres de dogmas e opiniões alheias. Vivenciam continuamente o Autoconhecimento. De tal modo, tornam-se digna referência para os demais e capazes de servir a Deus plenamente.
A busca pela felicidade não é um erro. No entanto, quando feita sem consciência, fundamenta-se na ilusão, a irmã da filáucia. O termo "filáucia" tem origem grega (philo: amor; autos: de si mesmo). Porém, no contexto da presente análise, trata-se de um amor excessivo de si mesmo. Tão exagerado, que atenta contra a dignidade e a vida do indivíduo. Por exemplo, uma mulher temerosa da solidão se sujeita a manter-se num relacionamento com um sujeito que não a respeita e a trata como mero objeto de satisfação sexual. Essa mulher talvez tenha se sentido solitária por anos e, após iniciar tão nefasto relacionamento, desenvolveu o apego e, por temer a solidão, abdica da própria dignidade.
Todos nós queremos nos sentir completos, plenos, realizados. Porém, infelizmente esperamos que o mundo nos complete e nos dê a plenitude que, conscientemente ou não, anelamos. Deus, na sua imensurável Sabedoria, faz-se presente no mais profundo de nosso Ser. Em outras palavras, o Ser é o Espírito de Deus presente em nós. Assim diz I Coríntios 6.19: "Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?".
Enquanto não admitirmos que estamos perante um observador Onipotente, Onipresente e Onisciente, que conhece os mais profundos recônditos da nossa alma, que sustenta cada batida de nossos corações... Enquanto nos esquecermos daquele que é a razão suprema de nossas vidas, deste Deus em quem vivemos e somos, então qualquer tentativa de encontrar a felicidade estará destinada ao fracasso.