OCTOGÉSIMA QUINTA AULA DE TEOLOGIA.
[OCTOGÉSIMA QUINTA AULA DE TEOLOGIA.
POR HONORATO RIBEIRO.
Estamos findando as nossas aulas de teologia. Acredito que foi muito importante para cada um, que recebeu esses ensinamentos teológicos meus. Finalmente eu, nesse período, em que cada um aprendeu ler e interpretar com clareza hermeneuticamente, recebendo esse curso, deverá cada um colocar em prática tudo que aprenderam nas páginas mais difíceis da Bíblia. Esses últimos capítulos do evangelho de São João são mais difíceis por ter uma teologia altíssima; acredito que cada um irá entender melhor ao ler qualquer livro da Bíblia; quer seja o Antigo Testamento quer seja o Novo Testamento. Ambos levaram muitos anos o anúncio de boca em boca até serem escritos por vários redatores. Não se poderá afirmar que tudo está completo e tudo está sem erro. Por que não? Porque era outra cultura e não havia a tecnologia que temos hoje. Para dar um exemplo: “O vento sopra ninguém sabe donde vem nem para onde vai”. Hoje se sabe donde vem e para onde vai até a hora exata e a velocidade dele.
Jesus cumpriu o Projeto do Pai até o fim: Seus ensinamentos sobre o Reino dos céus e sua Paixão, morte e ressurreição. Ao lavar os pés dos apóstolos Jesus anuncia a sua Paixão e morte. É uma ação secundária; não é primária, é uma simbologia da cruz o lava pés. Uma profecia do que iria acontecer em doar sua vida pela humanidade. Aqui está bem claro, que Jesus é o salvador da humanidade. [Não morreu pelas religiões ou igrejas]. Todo ser humano, raças, credos, incrédulos, ateus, materialistas é a semelhança de Deus e devemos amá-lo, respeitá-lo, pois, é nosso próximo. Jesus é o outro, principalmente os pobres e excluídos. [Eu estava com fome e me deste de comer...].
No mundo existem mestres internos e externos. Mestres internos são os que ensinam os valores dos evangelhos, a viver como Jesus viveu; com amor, com sua sabedoria e com a luz do Espírito Santo. Os mestres externos nos ensinam a sabedoria do mundo material sem a espiritualidade. É se formar, diplomar e doutorar, mas não são valores que buscam a economia da fé. O mundo estranha esses valores ensinados por Jesus, por isso ele ora ao Pai dizendo-lhe: “Não peço que os tires do mundo, mas sim que os preserves do maligno. Que maligno é esse que Jesus pede ao Pai para os preservar? Por isso o mundo corre atrás dos prazeres, corre atrás do dinheiro, corre atrás da fama; dar valor o ter e aos pobres, não. Por acaso o mundo ama o outro como irmão, tem o coração aberto para a escuta do evangelho? Deixará de haver arrogantes, de haver prepotentes, enganadores? Deixará de haver competição para serem famosos, deixará de dar valor às coisas matérias? Deixará de perseguir a Igreja por causa de que ela defender a vida? Eis o maligno que os cristãos deverão enfrentar com a verdade do Cristo anunciando o evangelho e denunciando, a fim de que o mundo maligno receba a luz da Boa Nova, a luz da verdade, que é Jesus Cristo. [Jo 17, 15].
Jesus, no evangelho de João, usa atemporalidade: Ora Ele fala que está aqui, [anos vinte], ora fala que está no Reino dos céus. [depois da sua ascensão]. Nesse relato, Jesus ora para si mesmo, para os apóstolos e os demais cristãos, já no céu, intercedendo por nós. [ Jo.17-11].
Este relato é difícil de compreender: “Enquanto eu estava com eles, [aqui Ele está junto ao Pai; estava, o verbo está no passado], eu os guardava em teu nome, que me incumbiste de fazer conhecido. [Jesus já está á direita do Pai no céu]. Conservai o que me deste, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que cumprisse as escrituras. [simbologia de Judas Iscariotes personificado]. “Cumprisse as escrituras”. Que escrituras? Não há relato nenhum de traidor do Filho de Deus nas escrituras. [Há os que traíram Davi]. Mas, agora, vou para junto de ti. [Jesus ainda está aqui, eis a atemporalidade nessa perícope]. Dirijo esta oração enquanto estou no mundo para que eles tenham a plenitude da minha alegria. [Vencendo a morte e ressuscitando gloriosamente]. [Jo. 17, 12-15].
Foi no Concílio de Niceia, século IV, que estudando profundamente a cristologia, que aprovou que Jesus Cristo é Deus. O evangelho de João relata teologicamente o nome de Deus: “Eu sou”. Esse eu sou soou nos ouvidos de Moisés ao se aproximar da sarça ardente. [Teofania]. Jesus usou por três vezes, no evangelho de João, o Eu sou sem predicativo. Mas várias vezes Ele afirmou com predicativo: “Eu sou o pão descido do céu”. Eu sou o caminho, a verdade e a vida; Eu sou a fonte de água viva; Eu sou a videira e vós sois os ramos; Eu sou a Ressurreição e a vida eterna; Eu sou o bom pastor. [Essas afirmações predicativas são do evangelista João, que coloca na boca de Jesus]. Evidentemente que todos os cristãos afirmam que Jesus é verdadeiramente todas essas prerrogativas e o predicativo do Eu sou o pão descido do céu.
Jesus não é deste mundo. O mundo é uma antítese do Reino dos céus. Se Jesus não é deste mundo, quem O segue, também não é.
A Igreja não poderá abrir-se para agradar o mundo, pois, correrá o risco de si mundalizar; o mundo é antagônico ao evangelho. Eu sou o pão descido do céu... O pão nosso de cada dia... Não nos deixeis cair em tentação. Esse pão é a sabedora, são os valores deixados por Jesus nos evangelhos; é o pão eucarístico.
Depois que Jesus se ascendeu aos céus recebeu um novo nome: “Dei-lhes a tua palavra, mas o mundo os odeia, porque eles são do mundo, isto é, dos homens contrários a receber o Reino dos céus. Não peço que os tire do mundo [escatologicamente sem o anúncio do evangelho], mas sim que os preserves do mal. [Do maligno e perder a fé]. Eles não são do mundo como também eu não o sou. [Do mundo material sem a espiritualidade]. “Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome [ Eu sou é o nome de Deus] que está acima de todos os nomes, para que o nome de Jesus se dobre o joelho no céu, na terra e nos infernos”. [Fil. 2, 9-10].
Jesus após a ressurreição recebeu um novo nome. Que nome é esse? O nome de Deus, “Eu sou.” Foi esse nome que Moisés ouviu na sarça ardente. [Teofania]. E Jesus afirma que antes de Abraão, eu sou. Esse é o novo nome de Jesus Cristo. ”No princípio era o verbo e o verbo estava junto de Deus e o verbo era Deus”. [Jo 1, 1]. A exegese explicativa dessa perícope é a Sabedoria o princípio de tudo. João afirma que a sabedoria é Jesus. Nada foi criado sem a união trinitária. Jesus ora pelos discípulos já aqui, e lá do alto [atemporalidade] e já com o Pai ele roga pelos discípulos e todos os cristãos. Vejamos: “Pai justo, o mundo [aqueles que esperavam a sua vinda] não te conheceu, mas eu te conheci, [o verbo está no pretérito] e estes sabem [seus discípulos e seguidores] que tu me enviaste. Manifestei-lhes o teu nome, e ainda hei de lho [ensinamento doutrinário de amar a Deus e ao próximo] manifestar, para que o amor com que me amaste esteja [está no imperativo] neles, e eu neles”. [Jo 17, 20-26]. O Mundo, os homens e mulheres, que amam o mundo material, o judaísmo não o reconheceu como o Messias prometido, mas os discípulos e cristãos reconheceram-no. Assim como Deus está presente em Jesus Cristo, assim, também, Jesus Cristo está presente nos cristãos. [Na sua Igreja]. “Não peço que os tire do mundo, mas sim que os preserve do maligno”. Jesus ora ao Pai que proteja os apóstolos e cristãos para firmar na fé e combater os males das incoerências, que assolam o mundo cobrindo-o de trevas. Preserve-os na fé, no amor e na caridade. [Aqui não se trata do mal biológico, mas espiritual].
O mundo não é um campo fértil e nem está neutro. O que semeia a semente pouco cairá no terreno fértil, mas, na maioria, cairá no terreno cheio de espinhos e nos pedregulhos. Este é o rosto do mundo que João relata no seu evangelho. Peço-lhe que imprima.
hagaribeiro.