OCTOGÉSIMA AULA DE TEOLOGIA.
OCTOGÉSIMA AULA DE TEOLOGIA.
POR HONORATO RIBEIRO.
Todos nós que já estudamos os quatro evangelhos, percebemos que neles, além de haver muitas glosas, existem um grande paralelismo do Antigo Testamento que aparece neles. Bem como nas epístolas de Paulo, no livro dos Atos dos Apóstolos e no livro do Apocalíptico de João há muitos relatos do Antigo Testamento. Nesse paralelismo é feito um midraxe do Velho Testamento a si transformar tudo no Novo Testamento com os ensinamentos de Jesus, o Novo Moisés. No Novo, Jesus faz a grande Aliança com o Pai com uma mensagem: “Amai uns aos outros como eu vos amei”. Essa é a Nova Aliança do amor a si doar sua própria vida, dando a vida a todos, nessa nova Aliança do amor. Tudo agora é novo: O novo Adão que abre a porta do Paraíso, que foi fechado por Adão com a queda do pecado. Há bastante simbologia dos números, como os números quarenta, o número sete e o número doze. Aprendemos que esses números não são reais, como na matemática, mas números simbólicos. Como, também, nomes de personagens importantes como: Adão, Eva, Abel, Caim, Noé, Abraão, Isac, Jacó, narrado no livro dos Gênesis, são figuras simbólicas que aparecem como protótipos da criação e da fé do povo hebraico. Esse povo nasceu do patriarca Abraão; e dele nasceu a genealogia de todo povo de Israel até Jesus, como narra Mateus, no começo de seu evangelho. [Genealogia de Jesus Cristo]. De Noé e Abraão nasceu o povo de Deus, os Israelitas ou povo hebreu. Somente esse povo era monoteísta e acreditava no Deus Javé criador de todas as coisas visíveis e invisíveis.
Devemos lembrar que foram os sacerdotes que escreveram o livro da criação e essas figuras simbólicas que aparecem na narração. Tudo é um relato do gênero literário teológico-etiológico, nada é aferível e não se pode dizer que é desse mesmo jeito como está escrito que devemos interpretar. Como foi que surgiu a ideia de escrever esse relato da criação e por quê?
“Os sacerdotes escreveram esse relato no tempo em que os hebreus estavam exilados em Babilônia. [587 – 539 a. C.]. A situação do exílio influenciava muito a vida de todos: estava o povo fora da pátria, sem rei, sem sacerdote, sem templo, diante de muitos ídolos e sofrendo pressão para abandonar a própria fé e aderir ao deus “Marduc”, que era o deus de Babilônia. Como manter a fé, a vida religiosa, em tal situação? Quem era mais poderoso: Mardac, o deus de Babilônia vencedora, ou Javé, o Deus libertador de povo vencido? Que libertação era essa?
Diante desse estado de ambiguidade e de desânimo é que aparece a narração sacerdotal em Gênesis. [Gn 1, 1-2,4ª]. Aparece com a finalidade religiosa específica: sustentar a fé do povo, dar sentido à vida, dar esperança de retorno.
“Os sacerdotes partem de um princípio: Israel recebeu as promessas de Deus em Abraão e com os patriarcas e tem a herança do passado. Se está agora exilado, é porque se esqueceu de Deus. [Boa catequese de reflexão e tomada de consciência]. “Se voltar para Deus e permanecer fiel a Ele, tudo será reconstruído: haverá nação, rei, templo e sacerdote, pois o povo é e será sempre a herança do Senhor.”
E tudo voltou à vida normal e eles ficaram livres com sua pátria, seu rei, seu sacerdote, seus profetas e seu templo. Eles escreveram a história religiosa que todos conheciam e já estavam enfraquecendo a fé em seu Deus libertador. A tradição que vinha sendo conservada de boca em boca, desde a figura de Abraão, foram revividas e revistas pelos sacerdotes que escreveram essa história do passado do seu povo antigo para reanimar a fé e a cultura religiosa do passado.
Com o nascimento de Jesus, nasce o primeiro evangelho a narrar onde ele nasceu, como nasceu, de quem nasceu. Mas quem escreveu esses acontecimentos da vida de Jesus, desde a anunciação do anjo Gabriel até a Paixão, morte e ressurreição, relatos sub-apostólicos, Isto é, que falam da vida pública de Jesus; e a maioria desses relatos é dos anos oitenta e noventa: como o nascimento de Jesus até aos doze anos, paixão, morte, ressurreição e ascensão foram escritos o que já havia acontecido.
Os cristãos se espalharam para vários países, mas levaram consigo os ensinamentos da Boa Nova e a vida de Jesus, sua paixão, morte, ressurreição e ascensão. Toda a comunidade conhecia bem como fora a condenação de Jesus por Pôncio Pilatos pelos acusadores religiosos do judaísmo, que O levou a ser condenado inocentemente à morte de cruz.
Levaram mais de quarenta anos de boca em boca essa informação até que chegou a ser escrito pelas comunidades testemunhais dos quatro evangelhos. Os evangelistas escreveram seus evangelhos uns afastados do outro. Mas nada foi escrito ouvindo Jesus falar, [ao vivo], pregar e ensinar, mas as testemunhas foram as que conservaram de boca em boca oralmente até que foram escritos. Há vários relatos que comprovam realmente que foram Jesus que ensinou ou falou, quando há nos quatro evangelhos e nas epístolas de Paulo, pois, todos escreveram um distante do outro sem si comunicar. Quem escreveu os evangelhos não ouviram nada da boca de Jesus e nem tampouco tinham gravador para gravar tudo o que ele ensinou para depois transcreverem. Os relatos são contados como pastoral e catequese. Quando se ler: Eu sou o pão que desceu do céu; eu sou a luz do mundo; eu sou o caminho a verdade e a vida; eu e o Pai somos um só; eu sou a videira e vós sois o ramo, são relatos dos apóstolos para formar quem foi Jesus. Jamais Jesus falou essas coisas, mas quem escreveu afirmou que Jesus era tudo isso. [Com o estudo da cristologia e teologia sabemos que Jesus é Deus e os relatos que existem nos evangelhos são verdadeiros].
João é quem diz no seu evangelho afirmativamente que Jesus é Deus; ele e o Pai são um só. Que ele é o caminho a verdade e a vida; ele é o pão descido do céu e que ele nasceu do Pai antes de todos os séculos. Os evangelhos são relatos das testemunhas verdadeiramente a nos afirmar que Jesus é o filho de Deus, e Deus. E é verdade que nós cristãos temos a certeza de que ele é Deus e ressuscitou gloriosamente vencendo a morte.
Quando foram escritos os evangelhos, não havia câmara de televisão, nem gravador e nem máquinas filmadoras para afirmar que tudo que está escrito é desse mesmo jeito que Jesus falou e tudo que está escrito foi ele que falou e os evangelistas copiaram, na íntegra. Não é verdade e não podemos crer que foi desse jeito, senão passamos a ser muito ingênuo e fundamentalistas. Os estudos sobre quem é Jesus Cristos, hoje, os cientistas, os antropólogos confirmam da veracidade de que Jesus existiu e o que são relatados nos evangelhos, principalmente os milagres, foram realmente realizados por ele. “Estamos pertos da sua sombra e um dia chegaremos lá e veremos o homem que desafiou a ciência”, afirmou um antropólogo pesquisador.
Paulo diz nas epístolas aos primeiro coríntios: E se Cristo não ressuscitou, é inútil a vossa fé, e ainda estais em vossos pecados. Também estão perdidos os que morreram em Cristo. Se é só para esta vida que temos colocado a nossa esperança em Cristo, somos, de todos os homens, os mais dignos de lástima. Mas não! Cristo ressuscitou dentre os mortos, como primícias dos que morreram! [1Cor 15, 17-20].
Saulo alienado na lei judaica lutou dentro de si mesmo para o encontro do Paulo apóstolo para sentir dentro de si o Cristo ressuscitado. Quando deixou a cegueira da lei antiga se converteu ao cristianismo foi o primeiro [protótipo] a escrever, nos anos cinquenta a sua primeira epístola. Por causa dele nasceram os evangelhos. Paulo não conheceu a Jesus, mas as suas epístolas são um grande testemunho de quem foi Jesus Cristo para as comunidades de: romanos, coríntios, gálatas, efésios, filipenses, colossenses, tessalonicenses, a Timóteo, a Tito, a Filêmon, e aos hebreus. Essas epístolas ele escreveu para cada comunidade e formou em cada uma a igreja cristã, isto é, comunidade de fé em Cristo. Igreja não templo de pedra, mas comunidade, povo convertidos em Cristo, os cristãos. Foi Paulo que pregou mais o Cristo ressuscitado e eucarístico. Foi quem mais viajou e levou o anúncio do evangelho aos povos pagãos até Roma. Pela causa do evangelho foi morto nos anos sessenta pelo tirano Nero, rei de Roma.
hagaribeiro.