- Mestre Zen, o que dizer para as pessoas que buscam um luz no fim do túnel? Cujas vidas parecem sem sentido? Cujos problemas pesam por demais? Cujas aflições lhes tiraram toda a esperança?
A pergunta do discípulo faz o Mestre, como sempre, olhar para o alto em busca da inspiração. Após alguns segundos de pausa, para a necessária reflexão, sua fala flui mansa e calma como a água corrente no leito do rio cristalino:
- O túnel, por vezes, é a própria jornada que, ao invés de indicar um fim, é uma passagem para que a pessoa transmigre de um estado espiritual a outro. O foco do Ser Humano é equivocado. O peso da maioria dos problemas que enfrenta lhe foi imposto, na maioria das vezes, por seus próprios desregramentos, exageros, melindres, apegos e anseios, em ampla dose, desnecessários. Continuar a andar no túnel, mesmo em meio à escuridão, fortalece o Ser que, aos poucos, adapta-se à falta de luz. Somente perde quem para na jornada e não avança. Quem segue procurando encontrará a saída ganhando novas forças a cada superação na vida. E o que tira a esperança é a própria pessoa cujo olhar se encontra equivocado. Os faróis do corpo são os olhos e o caminho se ilumina para quem aprende a olhar com o espírito superando os anseios da carne. A caminhada é mais leve para quem tem os olhos na eternidade sem se esquecer de contemplar e agradecer à vida pelo que enfrenta no aqui e no agora.
- Há alguma coisa que podemos dizer para facilitar a jornada dos aflitos?
- Sim: agradeça e continue em frente!
O discípulo se calou procurando absorver toda a luz daquele conhecimento sublime que grande parte da humanidade ainda está para entender...