SEXAGÉSIMA PRIMEIRA AULA DE TEOLOGIA.

SEXAGÉSIMA PRIMEIRA AULA DE TEOLOGIA.

POR HONORATO RIBEIRO.

Mateus radicaliza tudo até para ser missionário da palavra. Nenhum que parta para evangelizar de cidade em cidade, aldeias e outros lugares fora do país de Israel possa levar alguma coisa a não ser a coragem, a fé e a disposição de viver como apóstolo de Cristo. Não poderá preocupar-se no que deve comer, vestir e moradia. Leia Mt 10, 9-15].

Na comunidade de Mateus a igualdade é vivida e obedecida. O empregado deva ser igual ao patrão e esse igual ao empregado; o discípulo não é mais que o mestre. “Basta ao discípulo ser tratado como seu mestre, e ao servidor como seu patrão”. [Mt 10, 24-25]. Mateus relata, no seu evangelho, que ninguém poderá ser pai e nem mestre, rabi e senhor de ninguém. Somente há um só mestre e senhor, Jesus Cristo. E todos os irmãos unidos com Jesus. Não poderá ter dois senhores: ou Deus ou o dinheiro. Somente existe um pai de todos: Deus e todos nós irmãos. É uma verdadeira catequese que Mateus escreve para a sua comunidade viver radicalmente a vida cristã. E continua Mateus a escrever os ensinamentos de Jesus na sua comunidade uma verdadeira catequese doutrinária: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim, não é digno de mim. [Amar a Deus sobre todas as coisas]. Quem ama seu filho mais do que a mim, não é digno de mim. Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. [Os mesmos sofrimentos que Jesus passou até a morte de cruz]. Aquele que tentar salvar a sua vida, perdê-la-á. [vida espiritual]. Aquele que a perder, por minha causa, reencontrá-la-á. [pela causa do evangelho]. [Mt 10, 37-39].

Agora não existe mais dogma, pois, Jesus está presente no faminto, no excluído. [No lascado como se fala]. Aqui está o radicalismo de Mateus. Jesus não é mais uma mística, não é mais um dogma, mas o Cristo na sua glória personificado nesses indigentes, porque ele se apresenta no enfermo e encarcerado... Para entender este radicalismo é preciso viver essa realidade, isto é, ser missionário da palavra, catequista, ministro da eucaristia, mas se não agir com o dom natural e sobrenatural não poderá ser chamado ou considerar cristão, cristã. Para Mateus é ou não é. Não há dois termos. [Ou frio ou quente, mas não poderá ser morno, senão o Senhor vomita]. Tem de ser corajoso para enfrentar a loucura do mundo das trevas. É a linha da entrega a Cristo deverá sempre agir; é a auto-entrega de si mesmo por amor ao evangelho. Tem de ser sincero e entender profundamente da missão de ser cristão radical. É preciso amar o próximo desinteressadamente. Não existe cristão covarde e nem orante sem as obras. Primeira chave hermenêutica: ser cristão é praticar a religião pura, radical agindo-se com amor e caridade. Segunda chave hermenêutica: É a diaconia. [aquele que está a serviço dos pobres e indigentes]. Sem essa diaconização não há lugar no reino dos céus. Terceira chave hermenêutica: Ser religioso, religiosa com bondade, com caridade; ser servidor, servidora com obras de caridade com amor aos necessitados. Os padres antigos, os teólogos e exegéticos enxergavam o evangelho de Mateus mais autêntico por ser mais catequético, mas pedagógico e mais exigente a ser cristão verdadeiro. Por isso a Igreja Católica, nas celebrações litúrgicas, escolheu o evangelho de Mateus no missal das celebrações. Somente depois do Concílio Ecumênico Vaticano II, [1960 a 1965] é que foi modificado apresentando o Lecionário “A”, “B”, e “C”. Cada letra representa o ano litúrgico e o evangelho a ser lido nos domingos e semanas. Mas antes o centro da evangelização era o evangelho de Mateus. [As celebrações, desde o IV século até o século XX, eram celebradas em latim]. Os evangelhos sinóticos e o de João eram lidos somente nas liturgias da Semana Santa e missas festivas].

Os extremistas afirmam que basta fazer o bem, a caridade fora de doutrinas ou dogmas, apenas humanismo. Nesse sentido de pensar e agir, não é divino e nem o que Mateus escreveu para cada um ser radical. Radical sem o natural e sobrenatural está fora de ser chamado de cristão. Ser cristão é pertencer o reino do céu; não o reino desse mundo dos extremistas. Ninguém poderá fazer caridade sem o amor ao próximo, porque o amor é o próprio Deus. Caridade fora de Deus é inaceitável e abominável. Não há salvação fora da igreja, porque a igreja se chama Jesus; ele é a pedra fundamental dessa igreja. Por isso nós chamamos a igreja de santa, [Creio na igreja una e santa, católica e apostólica... rezamos o credo.], infalível, isto é, não pode errar ao ensinar a doutrina cristã. Quem enterrar os talentos será julgado e condenado pelo juiz que é severo: Jesus Cristo. Não sabemos o que é castigo eterno, pois Mateus relata, mas não explica o que é. [Relato abreviado]. E nem o que é vida eterna, somente a fé poderá responder. O evangelista Mateus afirma que toda humanidade, quer seja religiosa ou não, será julgado universalmente e não depende de religião, mas de viver o evangelho radicalmente ou não. O radicalismo de Mateus serve como ponto essencial e central viver a espiritualidade e o natural atraindo para si os valores deixados por Cristo contidos nos evangelhos. Entretanto, para viver estes valores, o cristão tem que caminhar seguindo os passos de Jesus na vida dos sofrimentos da “paixão”. [Nissan].

Já depois do século II, celebrava-se o tríduo começando na quinta-feira santa. Para os cristãos, desde o I século, viviam a vida da paixão e não buscavam milagres e prodígios, [proteção patológica], mas sofrer como Jesus sofreu: a paixão. Para os cristãos, a paixão teve mais sentido cristológico de comemoração do que mesmo a ressurreição, a páscoa e o natal. Porque a paixão vivia-se os sofrimentos biológicos, psicológicos e espirituais em que Jesus passou. A ressurreição é o mistério da redenção. [A mística de Jesus]. É crer que Jesus ressuscitou gloriosamente. O mais importante do cristianismo é a celebração da espiritualidade da paixão e morte e ressurreição. Foi no primeiro século que os cristãos caminhavam nos lugares que Jesus passou carregando a cruz até o Calvário. Daí nasceu a via-sacra com as catorzes estações. No século III, os artistas esculpiram as primeiras imagens: Jesus carregando a cruz; a imagem de Maria, a mãe de Jesus, a mãe das dores. A sua imagem apareceu com as sete espadas no seu coração de mãe sofredora e piedosa como afirmou Simeão no evangelho de Lucas. 2, 25-35. É bom ler para entender a arte de esculpir imagens. [as imagens são a verdadeira Bíblia dos iletrados]. Os protestantes aboliram o mais precioso e mais autêntico valor com arte de simbolizar o Jesus sofredor. Mas Lutero valorizou e não condenou. O que Lutero afirmou condenando e a igreja católica também é a maneira como agem certos fiéis para que não façam das imagens ídolos com poderes de realizar milagres; como se tivessem poderes divinos e protegessem quem fosse devoto dela, o que não é verdade. Quem procede assim não foi catequizado e nem recebeu da igreja católica esse tipo de procedimento. “Com essa atitude freia-se o progresso da fé a supervalorização negativa atribuir um valor exagerado a objetos e coisas imaginando defender-se de má-sorte, de malefício ou para prevenir possível desgraça” [Fetichismo, superstição]. Imagem não tem poder divino e não poderá adorar, pois, somente a Deus podemos adorar. É até um contra-senso apegar-se a uma imagem como talismã como sua protetora ou dependurar o terço na cabine do carro ou um crucifixo de Jesus como proteção à sua vida de motorista como se aquela imagem tivesse poder divino. A Igreja católica nunca ensinou essa pedagogia de pobreza e de ignorância de certas pessoas que se alvoroçam a dizer que são católicos sem sê-los. Terão que aprender a doutrina cristã lendo o catecismo do papa João Paulo II e o Documento de Aparecida. As imagens são as lembranças daqueles que souberam viver a vida cristã. Elas nos dão o exemplo de vida, na arte de saber viver cristamente. Não é isso que foram esculpidas para a adoração, mas como veneração a imitá-las

hagaribeiro.

Zé de Patrício
Enviado por Zé de Patrício em 02/08/2013
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