QUINQUAGÉSIMA SEXTA AULA DE TEOLOGIA.

QUINQUAGÉSIMA SEXTA AULA DE TEOLOGIA.

POR HONORATO RIBEIRO.

“Cristo será glorificado” A glorificação de Jesus Cristo passou por três etapas. A primeira foi a via cruenta, com dores e sofrimentos atrozes: a Paixão e morte. A segunda foi a sua ressurreição. Após o terceiro dia ele apresentou-se aos seus discípulos e a primeira foi Maria Madalena. A terceira foi a sua ascensão. Eis a glorificação de Cristo Jesus. O evangelho de João é considerado pelos exegéticos o livro da glória começando pelo capítulo 13. Essa glória não é a glória dos homens, mas a de Deus. Jesus começa o discurso sobre a eucaristia e é muito longo até o lava pés.

Os judeus lhe perguntaram: “Que faremos para praticar as obras de Deus”? Respondeu Jesus: “A obra de Deus é esta: que creiais naquele que me enviou.” [o verbo crer exerce a função teológica da pura fé]. Perguntaram eles: “Que milagres fazes tu, para que o vejamos e creiamos em ti? Qual é a tua obra?” [Aqui está a ação de muitos cristãos que buscam crer num Jesus milagreiro]. Jesus já havia feito vários milagres, inclusive a da multiplicação dos pães e eles ainda estavam a exigir milagres. Não é assim o procedimento de muitos hoje? Disseram: “Nossos pais comeram o maná no deserto, segundo o que está escrito: Deu-lhes de comer o pão vindo do céu” [Sal 77, 24]. Jesus respondeu-lhes: “Em verdade, em verdade vos digo: Moisés não vos deu o pão do céu, mas o meu Pai é quem vos dá o verdadeiro pão do céu; [O verbo está no presente, quem vos dá], porque o pão de Deus é o pão que desceu do céu [Jesus Cristo] e dá a vida ao mundo”. [Dá a vida a toda humanidade]. Aqui iremos fazer uma exegese desta perícope. Veja que o verbo está no pretérito: Moisés deu o pão; aqui Jesus afirma: “Mas o meu Pai é quem vos dá o verdadeiro pão do céu. [O verbo aqui está no presente]. Jesus está afirmando para eles que o pão descido do céu dá a vida ao mundo, isto é, a humanidade, é ele mesmo: seus ensinamentos, sua doutrina, sua palavra, sua sabedoria. Então eles pediram-no: “Senhor, dá-nos deste pão”! Não entenderam nada, nada do que Jesus estava lhes dizendo. Entenderam o mesmo pão que eles já haviam comido, [pão material], quando Jesus fez a multiplicação dos pães. Jesus estava dizendo para eles e para muitos hoje, que o pão não era o alimento material da vida biologia, mas o pão da sabedoria, que era ele mesmo, Jesus. [Bio=vida biológica; Joé=vida total: corpo e alma. Esta é a vida que Jesus está afirmando, que ele é o pão da vida]. E Jesus continua seu discurso eucarístico: “Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crer [firmeza de fé] em mim jamais terá sede. O pão descido do céu é a revelação, é a sabedoria não é o pão alimento do corpo, mas da alma. [Esse relato está nos livros sapienciais, salmos, eclesiásticos, sabedoria]. Mas já vos disse: “Vós me vedes e não credes”... Todo aquele que o Pai me dá virá a mim, e o que vem a mim não o lançarei fora. Pois desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. [Jo 6, 22-39].

Bem, iremos fazer uma exegese desse relato. Em primeiro lugar Jesus afirma que desceu do céu vindo do Pai para realizar o seu projeto de salvação. Jesus nasceu do Pai, não nasceu aqui na terra e nem em Belém e nem em Nazaré. Pois foi Ele que falou pelos profetas. Todo aquele que o Pai me dá. Aqui não se pode entender de ser predestinação o chamado de Deus. Deus nos deu o livre arbítrio e Ele não vai forçar a ninguém seguir a Jesus ou lhe obedecer. Aqui se entende que, cada um de nós é chamado a ser missionário da palavra com humildade, sobretudo crer. O chamado é para o crente, quem não crer não é chamado e Deus não o força, pois, ele respeita a nossa liberdade de opção. [livre-arbítrio]. Cada um esteja aberto o seu coração para aceitar e crer. Crer é um verbo afirmativo de a pessoa está com o coração voltado a Deus. Crer com obras, com amor e caridade a serviço do próximo. Essa pessoa será atraída livremente por Deus. Deus atrai, mas respeita o livre arbítrio de cada um. O dom da fé é crer em Jesus vivendo como ele viveu a fazer a vontade do Pai. “Eu sou o pão vivo que desceu do céu”. Aqui, nessa perícope, Jesus fala diretamente da eucaristia. O verbo crer, viver referem-se a aceitar Jesus como Deus na eucaristia. [não é simbolismo é sacramento, sinal da presença de Deus]. “E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo”. Jesus está se referindo a sua paixão, morte e ressurreição. [Jo 6, 51]. A essas palavras, os judeus começaram , dizendo: “Como pode este homem dar-nos de comer a sua carne?” Então Jesus lhes disse: “em verdade, em verdade vos digo: “quem não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue [já pensou se Jesus tivesse dito isso abertamente para os judeus?!] tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue [metáfora], permanece em mim e eu nele. [Jesus fez este discurso para os apóstolos ensinamento pastoral]. Jamais Jesus falou à frente dos Judeus que a sua carne era comida e o seu sangue era bebida. Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu. [Aqui é mais uma pastoral, pois, foi feita após a páscoa e Jesus já havia ressuscitado e subido ao céu].

Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. [Alimento biológico]. “Quem come deste pão viverá eternamente.” [Jo 6, 52-58]. Comer, alimentar-se da sua sabedoria, da sua doutrina, da sua palavra. O verbo comer, aqui, não é ingerir alimento para o estômago para depois se transformar em fezes. Não. É o alimento espiritual: carne, pão eucarístico, vinho sangue que dá a vida eterna. Não é essa vida terrestre, mas a dos céus. A vida aqui não é vida do somático, mas a vida eterna. “O espírito é que vivifica, a carne de nada serve”. Nessa perícope é que os protestantes interpretam mal em dizer que Jesus não é eucaristia, [palavra grega que significa boa graça], pois, a carne de nada serve. [Jo 6,63]. Como é que Jesus faz um longo discurso, afirmando ser comida e bebida e o pão descido do céu; quem não comer dessa carne e não beber desse sangue não terá a vida eterna; e, agora, com uma simples palavra: “a carne de nada vale”, ele aboliu, elimina, desfez de todo o discurso! Não é uma má interpretação? A carne não vale nada, isto é, se for somente ela a agir e a crer sem o espírito. [materialismo]. Essa carne que Jesus se refere é aquela que irá para a sepultura; a paga do pecado. [Aí ela não vale nada: “Tu és pó e pó tornará a ser]. Mas a carne que Jesus dá para ser comida é ele mesmo se dando a morrer na cruz por toda a humanidade. O holocausto no Gólgota; sacrifício cruento e depois, da sua morte e ressurreição seria a celebração eucarística, sacrifício incruento, na celebração da eucaristia pelo presbítero e a comunidade, que também é o celebrante. Jesus é imolado no altar de sacrifício em espécie de pão e vinho. [não é mais carneiro]. É um sacramento divino e salvífico.

hagaribeiro.

Zé de Patrício
Enviado por Zé de Patrício em 28/07/2013
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