TRIGÉSIMA AULA DE TEOLOGIA.

TRIGÉSIMA AULA DE TEOLOGIA.

POR HONORATO RIBEIRO.

Continuemos a explicar o milagre que Jesus fez de a água ser transformada em vinho: Não seria um exagero? E Jesus iria fazer uma coisa desta? Aqui é uma teologia muito difícil de ser compreendida. Ao pé da letra acreditamos que ele fez esse milagre a pedido de Maria. Os católicos de um lado acreditam; [por causa das homilias feitas pelos presbíteros]; do outro lado os protestantes que não acreditam e interpretam de outra maneira. E negam até que não houve esse milagre. Aqui, o evangelista coloca esse milagre, no começo da vida pública de Jesus, mas encaixando-se na páscoa. [Santa ceia]. Lá onde Jesus transforma o vinho em seu sangue. Ele não está querendo explicar ou mostrar um milagre fora da paixão e ressurreição. A páscoa é a mais importante, pois é a Nova Aliança que Jesus faz com o Pai para a remissão dos pecados de toda humanidade. É essa Aliança que ele fez juntamente com os seus apóstolos, na Santa Ceia. Transformando o vinho em seu sangue e o pão em seu corpo. [Celebração eucarística]. Tanto os teólogos protestantes tradicionais como os teólogos católicos veem esse milagre, das bodas de Caná, na celebração da Santa Ceia. Não acreditam de fato, que Maria teria pedido a Jesus que fizesse a água se transformar em vinho. Primeiro porque o evangelho não afirma que Maria pediu a Jesus para realizar tal milagre. Depois, Jesus responde com palavras não agradáveis, afirmando que a hora dele não havia chegado. Aqui está o ponto positivo: Não ter chegado a hora, ali, naquele exato momento, numa festa de casamento transformar a água em vinho, mas lá na Santa Ceia, lá no Calvário sim. Aí, então, a hora chegou e ele realizou; transformando a “água viva” [Quando ele disse para a samaritana no poço de Jacó: “Eu sou a água viva. Quem beber dessa água não terá mais sede”], em vinho novo, cujo vinho ele o transformou em seu sangue. A transformar o vinho em seu sangue, houve a grande Aliança com o Pai. Aí se encaixa o verdadeiro milagre de um novo vinho que dá vida e vida eterna. [O leitor dessa aula de teologia não poderá estranhar a exegese desta perícope com a tradição, que, a pedido de Maria Jesus realizou o milagre de a água ser transformada em vinho, pois há diferença entre homilia e teologia].

Conforme os exegetas e teólogos afirmam que Jesus comeu com os apóstolos a Santa Ceia, não sentados à mesa como aparece no quadro pintado da Santa Ceia por Leonardo D Vinci. Afirmam que foram deitados. Havia umas poltronas que inclinavam como espreguiçadeiras e comeram e beberam o vinho. É por isso que há um relato que diz que João apóstolo declinou a cabeça sobre o ombro de Jesus. Mas na realidade não houve a mesa.

Depois que Jesus fez o milagre ao cego o evangelista mostra um Jesus valente e revoltado, que ao entrar no Templo, derruba mesas dos cambistas e com um chicote expulsa os vendilhões do templo.

Jesus poderia fazer uma coisa desta? Claro que não, pois, havia guardas romanos no Templo e não iria deixá-lo fazer uma coisa desta. Seria preso imediatamente. [Já citei em capítulo anterior]. O que Jesus poderia ter feito e, isso é o mais provável, um discurso forte e cheio de moral ao defender a casa de Deus por suborno dos religiosos, pois, 20% da renda das ofertas que se davam no Templo eram para eles e outras partes eram para o estado e pagamento da guarda romana. Jesus sabia que os cambistas faziam o câmbio das moedas pagãs de César com as moedas dos judeus. [O que é de César, isto é, a moeda pagã]. Lá só podia entrar no Templo as moedas judaicas. As de César era profanação. [Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus]. Aí foi a gota d água para a condenação a Jesus. A outra foi a ressurreição de Lázaro. [Ressuscitamento e não ressurreição], e várias curas em dia de sábado. Buliu muito com a cúpula dos sacerdotes e o alto clero religioso dos judeus. O discurso proferido no templo foi fortíssimo contra o alto clero que era responsável pela administração do templo. Com a ressurreição de Lázaro, o milagre do paralítico em dia de sábado e esse discurso mexendo com o status deles buliu mais ainda. “Esse homem possui um grande poder, ressuscitando mortos?!”

Havia, entre os doutores da lei, um famoso que foi à noite procurar por Jesus. É Nicodemos. [ A noite, isto é, não tinha a luz do Espírito, mas das trevas]. Ele foi ter com Jesus e afirmou que ninguém poderia realizar milagres se não estivesse com Deus. Como ele era doutor da Lei, Jesus lhe disse: “Quem não nascer de novo [do alto] não poderá ver o Reino de Deus”. Ele não entendeu nada que Jesus falou. Era um doutor, como muitos hoje, que só entende das coisas cá de baixo e não a do alto, isto é, do céu. Então Jesus lhe disse: “Quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus”. Qual o sentido teológico desse diálogo de Jesus com Nicodemos? Bem, nascemos biologicamente do nosso pai e nossa mãe. Crescemos e morremos e iremos para a sepultura. Mas há outro nascimento: O nascimento do Espírito que nos dá vida eterna. Quem não renascer da água, isto é, da água batismal, não poderá renascer para Deus. Para ser filho de Deus e co-herdeiro dos céus. Para pertencer o Reino de Deus que vem do alto é Espírito de vida. Filho de Deus e herdeiro do céu. O Espírito age na água e ela prenhe do Espírito dá vida nova, que passa da morte para a vida. Nós, no útero de nossa mãe estamos em volto de uma bolsa d água. E quando ao nascer, a bolsa explode se rompe e nós saímos, nascemos para o mundo biológico. Depois é que renascemos pela água que nasce do Espírito. Aí está o primeiro sacramento, sinal de Deus, dando-nos serem herdeiros dos céus pela água prenhe do Espírito. Vida eterna, lá de cima. Nessa perícope Jesus não mais dialoga com Nicodemos. Aqui o evangelista fez uma comparação meteorológica de seu tempo por ignorar ao dizer: “O vento sopra onde quer, ouvi-lhe o ruído, mas não sabes donde vem, nem para onde vai” [Jo 3, 8]. Hoje já se sabe até a velocidade do vento, donde ele vem e por onde ele passa, pois a tecnologia meteorológica é estudo eficaz hoje. Antigamente, não. Talvez Jesus não falasse isto, mas o evangelista colocou para mostrar que a gente nasce, mas não sabemos de onde nós viemos e nem para onde iremos. Jesus continua num monólogo, pois não é mais com Nicodemos. Ele diz: “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho do Homem, para que todo homem que nele crer tenha a vida eterna”. O evangelista faz um midraxe levando a essa imagem da serpente para simbolizar, teologicamente a paixão, morte e ressurreição. E continua a Jesus falar: “Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” [Jo 3, 16-18]. Aqui o mundo não é o Planeta Terra, mas todos os homens e mulheres, isto é, a humanidade. Primeiro nós nascemos biologicamente, mas é necessário que nasçamos novamente pela água batismal. Nascemos de novo. Não crer e será condenado significa amar as trevas e odiar a luz. São pessoas obstinadas; fechadas, céticas e que insistem na teimosia de viver no erro. Este é o maior pecado do homem perante Deus. [Jo 2, 1-24] [3, 1-36]. É bom que leia as citações dos capítulos e versículos citados.

Peço-lhe que imprima.

hagaribeiro.

Zé de Patrício
Enviado por Zé de Patrício em 30/06/2013
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