VIGÉSIMA NONA AULA DE TEOLOGIA.
VIGÉSIMA NONA AULA DE TEOLOGIA.
POR HONORATO RIBEIRO.
[Vigésima nona aula].
Os quatro evangelhos são textos resumidos. É uma catequese para que os cristãos vivessem em obediências aos ensinamentos deixados por Jesus e vivessem esses valores vivendo unidos em comunidade como irmãos. Também para provar e confirmar que Jesus é o Deus que se encarnou no seio de Maria e se fez homem para a salvação do mundo. Mas somente o evangelho de João que fala que Jesus é Deus. O evangelho de João é uma alta teologia e mais difícil de si compreender, por ser uma cristologia vinda do alto, isto é, veio de Deus trazida pelo próprio Jesus encarnado; é Deus que se encarnou tornando-se homem. João escreve uma cristologia divina. João relata uma escatologia presente e uma futura. A morte biológica, aqui, agora, e a espiritual, morte sem a graça santificante. E a outra escatologia, a futura, no julgamento final. Ele começa a dizer que Jesus é a palavra que vive com Deus e é Deus que se fez humano. [“Se fez carne e habitou entre nós”]. João, em todo seu relato, afirma que Jesus tem duas naturezas: Divina e humana. [União hipostática]. Como humano sofreu tudo que uma pessoa possa sofrer. Como divino ele sabia de tudo igual ao Pai. [Teologúmeno]. Como teologúmeno Jesus tem o poder divino igual ao Pai. Andou sobre as águas, acalmou a tempestade, ressuscitou os mortos [Ressurgimento ou ressuscitamento]. e curou cego de nascença. Veja esse relato de um cego de nascença:
Caminhando, viu Jesus um cego de nascença. Os seus discípulos indagaram: “Mestre, quem pecou, este homem ou seus pais, para que ele nascesse cego?” Jesus respondeu: “Nem este pecou nem seus pais, mas é necessário que nele manifestem as obras de Deus”. Os discípulos tenham ainda a mentalidade dos judeus, pois, para eles aleijados, cegos, cochos, leprosos eram pessoas que cometeram pecados. Jesus cuspiu no chão, fez um pouco de lodo com a saliva e com o lodo ungiu os olhos do cego. Depois lhe disse: “Vai, lava-te na piscina de Siloé”. O cego foi, lavou-se e voltou vendo. Fazendo-se uma exegese, a água da piscina simboliza a água batismal. Esta é a mesma água que Jesus falou para Nicodemos: “Se não nascer da água e do espírito não entrareis no reino dos céus”. É a mesma que ele falou para a samaritana: “Eu sou a água viva. Quem beber dessa água não terá mais sede”. Esse milagre que Jesus operou abrindo os olhos do cego era dia de sábado. Por causa disso houve uma grande polêmica dos judeus contra Jesus a ponto de querer apedrejá-lo. Para eles, o sábado era mais importante de que a cura ou dá a vida à pessoa enferma. [Jo 9, 1-34] É bom que leia esse relato no evangelho de João].
Somente Deus poderá realizar esses milagres. O primeiro milagre nas bodas de Caná ele transforma a água em vinho solicitado por sua mãe. “Parece-nos um diálogo truncado e sem compreensão. Depois ele afirma que a hora dele não havia chegado e acaba realizando”.
Bem, aqui está um ponto difícil de ser compreendido. Como é que Maria iria pedir um milagre a Jesus, se ela nunca o viu fazer nenhum? E como é que Jesus iria fazer um milagre de a água ser transformada em vinho, quando o povo já havia bebido a ponto de acabar o vinho? E como Jesus iria transformar seiscentos litros de água em vinho para o povo beber? Seria uma incoerência de Jesus; um exagero a realizar milagre de seiscentos litros de vinho para ser bebido pelos convivias naquela festa de casamento!.. Ademais Jesus nunca exibiu nenhuma obra para querer se aparecer, pelo contrário. Quando ele fazia um milagre ele dizia sempre: “Não conta isso a ninguém”, vai e anuncia a maravilha que Deus fez sobre você. Jesus transformava o ser humano numa nova criatura e não somente a cura biológica, mas, sobretudo, a mais importante: o milagre espiritual. Veja nesse milagre que Jesus fez de a água se transformar em vinho, não foi milagre para um ser humano. Portanto, qual o sentido desse milagre? Jesus iria fazer uma coisa desta com uma superfluidade de tanto vinho para quem bebeu tanto, a ponto de acabar o vinho naquela festa de bodas? Aqui o evangelista faz teologia e não história jornalística.
hagaribeiro.