DÉCIMA QUARTA AULA DE TEOLOGIA.
DÉCIMA QUARTA AULA DE TEOLOGIA.
POR HONORATO RIBEIRO.
Mateus é o evangelista das comparações e relata a História do Antigo Testamento e coloca na vida de Jesus para afirmar que tudo agora é Novo. A lei antiga foi abolida por Jesus. Com isso ele une-se o Velho ao Novo. Para Mateus toda narração bíblica é narração da Boa Nova. O vinho velho é o novo com os ensinamentos doutrinário de Jesus. O AT é uma pedagogia, uma doutrinação e uma metodologia para nascer uma nova história de salvação com o nascimento de Jesus. Ele é o “A” e o “Z”, o “Alfa” e o “Ômega”, o princípio e fim; ele é a pedra fundamental da Igreja universal; a Boa Nova. Por isso ele escreve a genealogia começando por Abraão e terminando com José, esposa de Maria. Ele faz um relato cristológico e nesse relato ele coloca pessoas estrangeiras para mostrar que Jesus veio para a salvação de todos; ele une o Velho Testamento ao Novo Testamento, pois, para Mateus, Jesus, o Messias esperado é o novo Moisés. Nessa genealogia ele apresenta quatro mulheres estrangeiras: Raab, famosa prostituta em Jericó, [Js 2, 1]; Rute, a moabita, [RT 4, 10]; a mulher de Urias, Betsabé [2Sm. 11, 3]; e talvez Tamar, filha de cananeus. [Já citado anteriormente]. [Gn 38, 2-6]. Estas mulheres estrangeiras representam povos não judeus. Ele quer dizer que o Messias veio para todos, não somente para os judeus, mas para povos pagãos. [e todas as religiões]. Veio salvar toda a humanidade e morreu para a salvação do mundo, isto é, para todos os homens e mulheres. Mateus, ele faz uma catequese mostrando a todos que Jesus é o salvador universal. [Uma pastoral para os cristãos]. Por isso ele é a pedra fundamental da Igreja universal, isto é, católica. [Para todos os povos]. Também ele cita muito o Antigo Testamento com o simbolismo do número sete, número da realeza. [Os números citados na Bíblia não são aferíveis]. Por exemplo: Deus criou o mundo em seis dias e o sete descansou; sete dias os israelitas marcham ao redor da cidade de Jericó com sete sacerdotes tocando trombetas. [Js 6, 15]. Maria Madalena tinha sete demônios. [Ela não foi prostituta como muitos dizem]. [Lc 8, 2]. Os fariseus apresentam a Jesus o caso da mulher que tinha casado sete vezes. [Mt 22, 25]. Os diáconos são sete. [At 6, 3]. Pedro deve perdoar setenta vezes sete. [Mt 8, 21-22]. O Apocalipse fala muito da simbologia do número sete: Há sete igrejas, [Comunidade], sete espíritos, sete lâmpadas, sete selos, sete anjos, sete trombetas. O livro do Apocalipse contém um paralelismo tirado do livro do profeta Daniel. [É bom que leia o livro de Daniel para melhor compreender]. Para melhor entender lendo o evangelho de Mateus devemos conhecer bem lendo o livro de Daniel: A visão de Daniel e o apocalipse de João têm semelhanças. Não há muita diferença ao fazer uma exegese dos dois, pois, assim como Mateus e os demais relatos do Novo Testamento são citados nos evangelhos, assim também, João faz um midraxe no relato apocalíptico da visão de Daniel e encaixa no livro do Apocalipse. A visão de Daniel começa no capítulo 7 e termina no capítulo 8. Leia todos dois capítulos para melhor compreender [7, 1-28][e 8, 1-27], o relato de Mateus com o livro de Daniel, e siga as interpretações teológicas que explico em seguida: Diz ele: “Vi, no transcurso de minha visão noturna, os quatro ventos do céu precipitarem-se sobre o Grande Mar”...Nesse capítulo ele fala no Grande Mar, que significa o mundo pagão. [Povo inimigo do povo israelita]. É que o povo judeu estava exilado na Babilônia. Foi nessa época que Daniel escreveu os acontecimentos em forma de apocalíptico para orientar os israelitas sobre o que iria acontecer. [7, 1-2]; “Surgiram das águas quatro grandes animais, diferentes uns dos outros”... [7, 1-3]. Os quatro animais simbolizam os quatro reinos. [2, 36-40]. Um leão significa o império babilônico. Um urso é o império dos Medos. [povo pagão]. As três costelas são as três conquistas principais dos reis medos. Uma pantera com quatro asas e cabeças significam os quatro reis da monarquia persas. Um outro chifre é o anjo. [24-25]. O império figurado é o de Alexandre. Um ancião é Deus. O profeta Ezequiel também relata no seu livro. [Ez 1, 15-21]. Daniel escreve na época que o povo judeu estava exilado na Babilônia sobre o domínio de Nabucodonosor. Ele escreve figuras simbólicas e reais, que somente os israelitas sabiam o que ele estava dizendo. Os pagãos não.
Não podemos ler estes relatos apocalípticos ao pé da letra e sim fazendo exegese. Tanto o livro de Daniel, nos capítulos 7 e 8, como alguns trechos do profeta Ezequiel, bem como o livro do apocalipse de São João são interpretações teológicas e de quem conhece profundamente de teologia e exegese. Todos são relatos apocalípticos e difíceis de interpretação. Por isso eu os aconselho que sigam às minhas orientações teológicas, que estudei com grandes teólogos e exegéticos dos quais eu aprendi e continuo a estudar com eles, a fim de lhes orientar como interpretar as páginas mais difíceis da Bíblia. Atenção, diz o padre Fernando Cardoso: “Essas aulas que estou dando aqui para vocês não é diferente das que eu dou aos presbíteros, na minha faculdade de teologia”. Por isso, eu continuo a assistir às aulas teológicas dele e estou passando para vocês com muito empenho e carinho. Peço-lhes que aproveitem bem como cristão essa sabedoria cristológica. Mas é preciso disposição e vontade de aprender como ler e interpretar a Bíblia. Sobretudo viver o que aprendeu; senão será a semente que caiu nos espinhos e não deu frutos. Será lançada ao fogo.
Em futuros capítulos, iremos dar continuidade do livro de Daniel e explicar numa visão exegética e teológica sobre a visão que se ler neste livro. Mas é bom que leia todo o livro de Daniel, principalmente nos capítulos citados: [7 e 8]. Como já estamos estudando o Novo Testamento começando por Mateus, teremos de saber o porquê da simbologia e paralelismo que Mateus relata no seu evangelho. Ele também cita bastante o livro de Daniel e Ezequiel quando relata sobre a escatologia e a parusia. Por isso é preciso conhecer bem os livros do Antigo Testamento, principalmente o “Pentateuco e dos profetas”.
Nos evangelhos há muita simbologia e muito midraxe que neles são relatados. São parábolas metafóricas de gênero literário teológica-etiológico que não pode ser entendido ao pé da letra. Deve-se ter muito cuidado para não ser fundamentalista, pois, é muito perigoso. A narração de Mateus como de Marcos e Lucas, evangelhos sinóticos, citam muitas passagens do Antigo Testamento, como se fosse o Novo Testamento, a fim de que aja uma figura central e única: Jesus Cristo, o novo Adão; o novo Moisés, o Emanuel, Deus conosco. Jesus, aquele que salva. Há muita gente que só ler os salmos, outros só leem os evangelhos e afirmam ser mais fácil. Mas se prestar bem atenção nas leituras verão muitas citações do Antigo Testamento. Paulo também em suas epístolas cita constantemente o Velho Testamento. Portanto é preciso que haja muito cuidado para não cair na ilusão de afirmar que os evangelhos são fáceis de interpretação. Não é, pois, é escrita literário teológico-etiológico difícil de interpretação. [Não pode deixar nada em dúvida].
hagaribeiro