Noção de teologia.
NOÇÕES DE TEOLOGIA.
POR HONORATO RIBEIRO.
[Sétima aula].
“No livro dos Reis narra a atuação dos profetas Elias e Eliseu. “Há muitos pormenores sobre cada um deles, lembrados com a finalidade de sublinhar a figura extraordinária de cada um desses homens de Deus. Muitos desses pormenores constituem o que podemos chamar hoje de “casos” como os que à vezes contam os pescadores e caçadores! É o colorido que sublinha aspectos de acontecimentos históricos.” São contos meramente didáticos. Elias é representado como o novo Moisés. O povo está passando por sérias dificuldades socioeconômicas [seca, pobreza, fome...] os dois fazem milagres de multiplicação dos pães. [1Rs 17, 7-16 e 2Rs 4, 42-44]. Ambos ressuscitam um morto [1Rs 17, 17-24 e 2Rs 4, 18-37] usando o mesmo ritual. [É bom, que se leia os capítulos e versículos citados, para se compreender melhor a exegese]. O texto narra o arrebatamento de Elias aos céus. [simbologia da ressurreição]. Apareceu um carro de fogo, cavalos de fogo e cavalaria celeste [conto mitológico] é uma maneira de dizer que Elias é tão grande e tão forte, maior de que qualquer exército. Ele é o homem de Deus e Deus está presente em suas ações. É um profeta corajoso e destemido e o povo tem confiança nele e é protegido contra os inimigos. É uma narração teofânica com figuras de fenômenos da natureza: “Carro de fogo, cavalos de fogo, cavaleiros celestes e um conto fabuloso”. Mostra a missão de Elias como profeta sério e fiel a Deus, que foi arrebatado aos céus ainda vivo deixando a sua missão e poder em seu discípulo Eliseu. É uma simbologia da ressurreição. Aqui o autor faz teologia. Não se pode interpretar sem uma boa exegese, pois, a narração é genuinamente, considerada dos contos de dois profetas; pelos exegetas são montagens literárias feitas pelo grupo dos discípulos dos profetas. Essa narração foi narrada muito depois. Assim também como foram escritos os evangelhos muitos anos depois da morte de Jesus. [Nada foi escrito como notícia jornalística].
Eliseu ao passar, uns rapazes puseram-se a zombar dele dizendo: “Sobe, careca, sobe careca”! O profeta maldiçoou-os em nome do Senhor. “No mesmo instante, saíram da floresta dois ursos e despedaçaram quarenta e dois daqueles rapazes”. Ao ler esse relato sendo fundamentalista tem uma ideia de que quem fizer alguma coisa contra uma pessoa de Deus, Deus castigará. Mas fazendo-se uma exegese desta perícope vemos por outro ângulo e em outra direção. Aqui o relato enfoca que o profeta sendo um homem de Deus é respeitado e é dotado de poderes, mas não de vingativo. “Lendo ao pé da letra essa narração é inaceitável do ponto de vista do equilíbrio psicológico”. Uma pessoa adulta, principalmente um profeta, por uma simples brincadeira de uns rapazes, não iria maldiçoá-los a ponto de dois ursos acabarem com a vida de tantos rapazes. É uma narração hiperbólica, com sentido de afirmar o respeito e o poder que possui o profeta. Nada nessa narração do profeta Eliseu é aferível, mas real no sentido de possuir poderes delegados por Deus. O profeta é aquele que anuncia e denuncia em nome de Deus. É sempre uma pessoa querida, santa e respeitada. Nada disso aconteceu dois ursos despedaçarem quarenta rapazes; pensando bem e com lógica, não teria condições. Nós costumamos dizer: “Estou morrendo de cansado, fiz mil coisas hoje”, [Usou-se uma figura de estilo que se chama hipérbole e a narração bíblica usa essa linguagem hiperbólica]. Na realidade não houve nada a respeito de o profeta Eliseu ter amaldiçoado os jovens e ursos vingaram matando aqueles adolescentes. Não podemos interpretar as narrações bíblicas ao pé da letra, senão temos uma visão que Deus é um Deus terrível, vingativo e castigador. Mas Deus não é assim. Ele é misericordioso e nos ama. Ele nos deu o livre arbítrio para cada um de nós escolher o caminho que quiser. Deu-nos, também, inteligência e discernimento. Somos a sua semelhança e ele nos ama como Pai misericordioso. Peço-lhe que imprima.
hagaribeiro.