Interface entre a Biblia e Psicologia

João 10 (1-5)

Na verdade, na verdade vos digo que aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador.

Aquele, porém, que entra pela porta é o pastor das ovelhas.

A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas, e as traz para fora.

E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz.

Mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.

Dois conceitos importantes da Psicologia estão presente neste trecho, a importância da fala e a necessidade de referência.

A Psicologia parte do pressuposto de que é possível a cura através da fala, o pensamento se estrutura através da fala. Este recurso humano é importante elemento nas relações interpessoais e há uma grande relevância quando o diálogo acontece entre as pessoas íntimas como a família que são os primeiros referencias na vida do sujeito.

“As ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz.” O diálogo é um importante fator no processo de referência. Com a identificação da voz do pastor, que lhe é referência de cuidado e segurança, as ovelhas não resistem em acompanhá-lo.

Na formação da personalidade, padrões de comportamento, o sujeito é atravessado por diversas contingências como influências do ambiente familiar, do social e de suas próprias capacidades de simbolização e compreensão.

Muito do ser humano é aprendido através de observação de comportamentos, de suas próprias experiências e dos estímulos externos a que são expostos.

É preocupante quando em suas relações familiares o sujeito não é beneficiado com o diálogo, onde ele possa se expressar, se deparar com as diversas formas de pensamentos e opiniões, se sentir acolhido e pela intimidade que a conversa proporciona, estabelecer ali um referencial para as suas demandas.

Felizmente quando em seu meio familiar isto não é possível, o indivíduo pode encontrar esta referência em outras relações. E estas referências sociais que procuramos quando o sujeito está desorientado. Uma professora, uma tia, uma amiga, uma pastora. Qualquer um que dê espaço para que este indivíduo abra seu coração, que seja acolhido e que consiga se reestruturar.

Ser referência para alguém é uma grande responsabilidade mas é também como um elogio, porque em meio a tantas pessoas, o sujeito consegue ver em você qualidades que lhe fazem sentido e com as quais por algum motivo ele se identifica.

E com esta identificação ele consegue estruturar sua vida com escolhas mais acertadas e próximas do que sonha para um vida bem sucedida.

Que tenhamos boas referências e que o diálogo não seja ignorado em nossas relações!

Angélica Nogueira, 04/06/13