Noção de teologia.

NOÇÃO DE TEOLOGIA.

POR HONORATO RIBEIRO.

[Quinta aula].

Quando a gente ler o Antigo Testamento, encontramos relatos de muitas lutas e guerras entre o povo israelita contra os povos bárbaros. Muitas mortes e muito derramamento de sangue. Pensamos: Mas o quinto mandamento não proíbe matar? Embora narrasse que era Deus que mandava matar e as vitórias que obtinham contra os inimigos, mas na realidade não era Deus quem os ordenava. “Eram, sim, frutos não só de tempo e de costumes bárbaros, primitivos, mas também frutos de enfoque religioso, teológico, destorcido”. Sempre esses acontecimentos aconteceram na vida do povo hebreu, que acreditava que Deus sempre estava com eles e por isso vencia os inimigos. [Era a cultura deles de pensar e agir tudo em nome de Deus]. Lembramos da “Santa Inquisição” e as Cruzadas que lutavam e matavam em nome de Deus, mas na realidade, não. Era a cultura e o pensamento da época. [Época medieval] .Hoje temos outra cultura, nova consciência e outra teologia. Deus é o Deus da vida e não da morte. [Jesus morreu e ressuscitou destruindo a morte].

Lemos no livro de Josué que houve um grande milagre de o sol parar enquanto o exército de Josué enfrentava o inimigo. Durante a noite não lutava, por isso afirma, nesse livro, que o sol parou e eles venceram a guerra. "O relato é um pouco duvidoso, pois, se o sol parasse haveria um desequilíbrio gravitacional em todo o sistema solar." Mas se entendido teologicamente é bem compreendo e rico a narração. Houve realmente uma mudança de clima, o tempo ficou nublado, escurecendo, que nem o sol e a lua apareceram. É normal em período de chuva. São fenômenos naturais e narração completamente poética. Os poetas também versejam em seus versos que o sol se escondeu, a lua saiu por detrás da serra. Nessa narração que diz o sol e a lua pararam, usou o verbo “parar”, isto é, desapareceu. O sol parou=desapareceu. Essa narração é genuinamente poética. E para os israelitas sempre é Javé seu Deus que age na História de seu povo. Não houve milagre nenhum de o sol parar; e isso seria impossível. Também o é, pois, Deus não iria fazer o sol parar para alguém fazer guerra e matar seus semelhantes. O narrador dessa história não está preocupado em explicar e provar milagre de o sol ter parado, mas fazendo teofania e um midraxe. “É o primeiro texto escrito que traduz essa tomada de consciência por Israel. O seu Deus é suficientemente poderoso para manejar a seu arbítrio os fenômenos naturais; a natureza está a serviço de um desígnio histórico: “a conquista”. Desse modo, Israel vê a natureza como algo submetido por alguém à finalidade de sua história. A questão da historicidade da parada do sol – um dos elementos de Galileu – é, neste contexto bíblico, algo obviamente improcedente.” É Deus na História de seu povo e a narração é um midraxe, uma teofania; e nada se pode afirmar que é aferível. [É bom que se Leia essa história no livro de Josué para melhor entender.][Js 10, 12-15].

No livro dos Juízes há contos de heróis, como por exemplo, a de Sansão e a de Davi. Na Bíblia narra que toda personagem importante da história da salvação, Deus envia um anjo para anunciar o nascimento dessa personalidade. [Lc relata o anjo Gabriel anunciando a Maria fazendo-se um midraxe desses relatos de personalidade importante: Jesus Cristo.] A história de Sansão é contada depois que o povo hebreu saiu do Egito em libertação para a Terra Prometida. Houve muitos obstáculos, muitas lutas até que se estabeleceu na Terra prometida. Foi aí que apareceram os heróis que são narrados no livro dos Juízes. A primeira é a de Sansão. “O nascimento de Sansão é narrado dentro do esquema literário-bíblico do nascimento das grandes personalidades. A Bíblia sempre narra assim o nascimento de pessoa que terá missão especial na vida religiosa da nação”. Assim são narrados os nascimentos de Samuel, de João Batista e de Jesus. Sempre houve um anjo anunciador. A narração é cheia de muitas façanhas extraordinárias. Sansão mata um leão com as próprias mãos; com uma queixada de jumento mata mil inimigos; amarra trezentas raposas e, tomando tochas, prendeu as raposas duas a duas pelas caudas e ateou entre as duas caudas uma tocha. Pôs-lhes fogo e soltou-as nas searas dos filisteus. Incendiou todo o trigo e os olivais. “A vida de Sansão foi muito atribulada, estranha e nada recomendável: casou-se com uma mulher inimiga de seu povo. [Filisteu]. [Dalila]. [Jz 14, 1-3]; [É bom que se leia esse livro citado capítulo e versículo]. Sansão realizou façanhas extraordinárias como despedaçar um leão, falar por charadas, matar sem piedade, incendiar roças! Abandonou a primeira mulher, casando-se com outra; acabou cego e morrendo em desmoronamento que ele mesmo provocou, matando com isso muitos inimigos também”! Nada podia contra Sanção por sua força incomum. Cortando os cabelos ele perdeu a força. Tentaram matá-lo por várias vezes e não conseguiram. Depois que sua mulher cortou-lhe os cabelos, ele perdeu a força descomunal e o prenderam, maltrataram-no, cegaram-no, e levaram-no ao templo pagão para ele tocar harpa. Foi lá que ele orando a Deus os cabelos cresceram e ele voltou suas forças de antes. Pegou as duas colunas que sustentava o templo e o derrubou matando todos. [Filme de Sansão e Dalila]. Aconteceu realmente? Em teologia a resposta é não. Vejamos:

Mas teologicamente sabemos que essa façanha de Sansão é mostrando com uma realidade, a de um juiz justo e que Deus está sempre presente para defender o seu povo. “O núcleo histórico é a ação do juiz Sansão, suscitado por Deus para libertar seu povo.” Essa ação reforça para o povo de Israel que Deus sempre está presente para defender o seu povo e esse Deus é um Deus forte e poderoso. Essa é a figura hipoteticamente da força de Sanção e suas ações extraordinárias perante seus inimigos que sempre o temeram. Sanção foi para o seu povo um grande juiz temente a Deus. É isso que o narrador do livro quer mostrar ao leitor. [Jamais Sanção foi essa personagem forte, biologicamente, mas forte nas decisões para julgar e conduzir o povo com fé e decisão de ser um excelente juiz que soubera julgar com equidade]. Somos Sansão quando agimos fortemente sem perder as esperanças que sempre Deus está presente e agindo em nosso favor. Essa força de Sanção é a força da fé em Deus sem perder as esperanças da vitória e sentir Deus em si sem duvidar. É a luta que temos dentro de nós mesmo para descobrir Deus em nossa vida diária. É a luta interna em busca de Deus. Foi essa que Jacó lutou fortemente até que descobriu Deus dentro do seu coração e presente em toda a sua vida. Jacó foi forte, porque lutou com o próprio Deus. Assim, também foi Sansão, forte para destruir leões com as próprias mãos e bem forte para derrotar os inimigos, os dragões que queriam o dominar dentro do seu eu. Nós também temos diariamente esses dragões [Figuras tentadoras para a gente perder a fé. Jesus também foi tentado, mas venceu], que querem nos devorar para nos afastar de Deus, e ser Deus estranho para nós. São Pedro em sua primeira epístola diz: “Sede sóbrios” e vigiai. “Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar”. [1Pd 5, 8]. Aqui está um relato midráxico da história de Sansão, de Jacó e nossa também. Todos nós devemos ser fortes como Sansão que, com a sua fé incomensurável derrotou, não só os inimigos, mas os leões dentro de si mesmo. Portanto esse relato é uma história fabulosa, até há filmes e a gente empolga ao ver as façanhas e a força de Sansão, mas essa força se chama fé e ela destrói não somente leões, dragões, mas o próprio demônio.

hagaribeiro.

Zé de Patrício
Enviado por Zé de Patrício em 01/06/2013
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