AULA DE TEOLOGIA.

AULA DE TEOLOGIA.

POR HONORATO RIBEIRO.

[Segunda aula].

Toda a humanidade conhece a história do dilúvio que aconteceu realmente. Mas o relato é um tanto exagerado que nos mostra um conto hiperbólico cheio de midraxe. “O relato do dilúvio é, na Bíblia, interpretação teológica de catástrofe”. Aconteceu realmente por todos os povos da antiguidade. “Na tradição mesopotâmica, principalmente, há uma narração sobre o herói de um dilúvio: é “Utanapistim”. Entre essa narração e a narração bíblica há muita semelhança literária e de conteúdo”. Narra que o herói e sua família ficaram numa grande barca por sete dias. Quando as águas abaixaram, o herói soltou um corvo, uma pomba e a seguir soltou uma andorinha. As duas aves voltaram e o corvo, não, por ter encontrado comida. O herói “Utanapistim” ofereceu um sacrifício de ação de graças aos deuses. Para o herói, o castigo foi os deuses que mandaram chover fortemente matando toda a humanidade. Para eles, mesopotâmicos, o dilúvio foi universal e eles são descendentes do herói “Utanapistim”.

A Bíblia afirma que o dilúvio aconteceu por causa da depravação humana, que somente Noé e sua família eram justos perante Deus. Conta a narração bíblica que Noé fabricou uma enorme barca e de cada casal de todos os animais colocou nela. Choveu torrencialmente quarenta dias e quarenta noites [número simbólico não aferível] e as águas subiram sete metros acima das mais altas montanhas. Essa narração é genuinamente etiológico-teológica sobre o dilúvio. Por exemplo: não caberiam numa barca todos os animais de todas as espécies, como também as águas subirem sete metros das mais altas montanhas, e teria desviado o eixo da Terra. (Gn 8, 22; 9). A narração diz que foi universal. Não foi. Foi realmente, geograficamente no sentido de mundo existente. Não existiam a América do Norte e nem do Sul os demais países da América Latina e outros novos continentes existentes hoje. É toda uma narração teológica como o relato do pecado aos primeiros viventes. Houve o dilúvio realmente, mas o exagero do conto é impossível que acontecesse realmente como narra o livro do Gênesis. O número 40 aparece sempre, na cultura do povo de Deus e não é um número matematicamente falando, mas é simbólico. Por isso é que essa narração é etiológico-teológica e não podemos interpretar ao pé da letra como se ler uma notícia nos jornais e revistas.

Outro conto fantástico é o relato sobre a “Torre de Babel”. Vem logo depois da narração do dilúvio. Esse conto é todo etimológico, isto é, dá a causa, explicar porque existem tantas línguas no mundo. “O autor faz o seu relato arma apologética: combater o orgulho dos babilônicos e o politeísmo deles”. O povo hebreu era monoteísta e estava cercado de povos politeístas. [adoravam vários deuses]. Realmente em “Babilônia existem torres muito altas e de diâmetros imensos, chamadas zigurates” e serviam para o culto deles que afirmavam que os deuses habitavam naquelas torres. “O autor desse relato quer mostrar a dispersão dos povos simbolizando a divisão das línguas são um mal e procedem da soberba dos homens”. Para o autor dessa narrativa quer nos mostrar a desunião da humanidade que não agrada o Criador. A dicotomia, a dispersão é castigo de Deus falar línguas diversas transformando o entendimento e a comunicação numa “Babel”, isto é, confusão. É uma figura simbólica, metafórica de nossa própria história, pois o mundo de ontem e de hoje é o mesmo, pois, vivemos em dispersão, tanto na vida social, política e religiosa. Há muitas dissensões. O orgulho continua no nosso ego. Uns demais e outros menos. Não podemos ler essa passagem bíblica ao pé da letra, mas um conhecimento exegético e hermenêutico. Não deixa de ser inspirado por Deus, mas há de se entender que é linguagem etiológico-teológica e há muitas simbologias e cheia de midraxe.

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Zé de Patrício
Enviado por Zé de Patrício em 29/05/2013
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