O REFLEXO DE UM DEUS JUSTO

TRABALHO VICÁRIO- O REFLEXO DE UM DEUS JUSTO

Jorge Linhaça

A palavra “vicário”, de acordo com o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, vem do latim “vicarius” e significa “o que faz às vezes de outro” ou “o que substitui outra coisa ou pessoa”.

Creio que qualquer pessoa que já tenha dado atenção aos conceitos bíblicos, há de ter-se deparado com o ensinamento de que o batismo, entre outras ordenanças, é uma condição, imprescindível para o nosso retorno à presença de Deus.

Até este ponto, a grande maioria das religiões cristãs converge calmamente, apesar das diferenças entre a realização da ordenança em cada denominação.

É ponto pacífico que “Aquele que for batizado será salvo, mas o que não o for, já está condenado”.

Estranhamente, porém, quase todas essas mesmas denominações negam a possibilidade da salvação daqueles que, por não haverem conhecido o evangelho de Cristo, não puderam aceita-lo e, em não o podendo aceitar, não puderam ser batizados.

Imaginemos a grande multidão de seres humanos ao longo da história de humanidade que jamais tiveram contato com os ensinamentos de Cristo. Podem ser Judeus, muçulmanos, tribos indígenas de todos os cantos da terra, esquimós, ou qualquer outra nação onde o cristianismo não logrou encontrar portas abertas para a sua pregação.

O quadro fica ainda mais grave quando imaginamos que, existindo tantas vertentes do cristianismo que declaram que só em sua companhia pode-se obter a salvação, renegando a autoridade ou capacidade das demais para levar os fiéis a Cristo e consequentemente ao Reino dos céus, acrescemos a esse número mais milhões de pessoas que foram talvez até mesmo batizadas em outras igrejas e que já se foram antes que o senhor ou a senhora X decidisse se converter a um novo caminho.

Quase nenhuma delas é capaz de explicar a condição de quem morreu sem conhecer as boas novas ou o destino destes no dia do julgamento final.

Em sendo assim, nega-se a justiça de Deus, sua capacidade de salvar essa multidão de pessoas ou, em se colocando que serão salvas de qualquer jeito, mesmo sem o batismo, negando-se então o conceito bíblico da necessidade do conceito batismal.

Não é de se estranhar que muitas pessoas tenham criado certa resistência a seguir qualquer religião que não a de seus antepassados ou mesmo que se recusem a seguir uma religião qualquer.

Posto isto, deixem-me falar sobre a obra vicária realizada por Cristo durante sua passagem por esta esfera mortal. Cristo tornou-se nosso procurador ao tomar sobre si todos os nossos pecados e expiar por eles no horto do Getsemani.

Após sua morte na cruz, foi e pregou aos espíritos em prisão, que aguardavam as boas novas desde a época de Noé até aqueles dias (1 Pedro 3:18-20). Claro que isso implica em que tenha ensinado as mesmas coisas a eles, entre elas a necessidade do batismo e outras ordenanças.

Oras, um espírito não pode por si mesmo ser batizado, pois, não possui matéria como a conhecemos, não pode ser sepultado nas águas como nós podemos hoje, enquanto viventes.

Estaria, portanto, Cristo “perdendo tempo” em pregar àquelas pessoas? Que proveito elas teriam em saber sobre as boas novas se soubessem que jamais poderiam ser salvos? Seria Cristo um torturador? Claro que não! Cristo foi levar-lhes a esperança de que, em aceitando o evangelho, seriam providenciados os meios para que as ordenanças necessárias para voltar á presença de Deus seriam feitas em lugar e a favor deles. Ou seja, por meio de procuradores vivos.

É nesse contesto que Paulo nos fala sobre o “batismo pelos mortos”.

“Doutra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos, se absolutamente os mortos não ressuscitam? Por que se batizam eles então pelos mortos? (1 Coríntios 15:29)

Lembremo-nos de que a ressurreição não era uma doutrina combatida por Paulo e sim defendida por ele. Assim sendo percebemos que Paulo dirigia-se a um grupo de cristãos em Corinto, que negavam a ressurreição e que, apesar disso, realizavam ordenanças vicárias pelos seus ancestrais.

Adentremos agora uma outra área, a do casamento.

O casamento e consequentemente a criação de um núcleo familiar, é um sacramento ou ordenança instituído por Deus e como tal, deveria vislumbrar a eternidade das relações entre homem e mulher e seus ascendentes e descendentes. No entanto o que ouvimos na maioria das cerimônias matrimoniais é um sonoro “ até que a morte vos separe”. Como assim? Então quando nos casamos imediatamente recebemos a promessa de um divórcio tão logo algum dos cônjuges morra? Seria Deus tão injusto que permitisse que as pessoas que passam suas vidas ao lado da pessoa amada, ficassem privadas de seu núcleo familiar tão logo a morte cobrasse a sua conta? Que tipo de tortura nos aguardaria do outro lado do véu ao sabermos que passaríamos a eternidade alijados da companhia de nosso entes queridos?

Permitam que eu lhes diga que não é da vontade de Deus que sejamos levados a tão grandes sofrimentos.

Em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, segundo a vontade de Deus, revelada através de seus profetas, as pessoas são seladas para o tempo e a eternidade, unindo os pais aos filhos e filhos aos pais, os mortos recebem essas ordenanças através do trabalho vicário, onde somos, por exemplo, batizados em lugar e a favor de nossos ancestrais, deixando-lhes a escolha de aceitar ou não essas ordenanças no mundo espiritual.

O trabalho de redenção dos mortos é realizado em edifícios sagrados, chamados templos, construídos com a finalidade de que neles, o poder selador do sacerdócio de Deus uma as famílias para o tempo e a eternidade e não até que a morte os separe.

A sabedoria de Deus pode parecer loucura para os homens, mas quão maravilhosas são as promessas de Deus.

Aos que consideram isto como “doutrinas estranhas” permitam-me amorosamente dizer-lhes as palavras de Cristo:

“Errais não conhecendo as escrituras, pois elas de Mim testificam”.

Orai, meditai e buscai respostas com o Senhor nosso Deus sobre estes assuntos pois:

Ser algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus que a todos dá liberalmente e não lhes lança em rosto e lhe será dada. Tiago 1:5.

Amais vossas famílias apesar das pressões mundanas?

Desejais reencontrar vossos pai, filhos e entes queridos e viver com eles como uma família depois desta vida?

Eis que o Senhor providenciou-nos o caminho e a oportunidade para tal.

Salvador, 14 de maio de 2013.