O Espírito de Elias
O Espírito de Elias
Jorge Linhaça
“Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR;
E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição”.
Malaquias 4:5-6
Elias foi o último profeta, antes da vinda de Cristo, a portar as chaves do poder selador do sacerdócio, ou seja, a autoridade para unir, para o tempo e a eternidade as famílias.
Durante o ministério de Cristo ele conferiu essas chaves e autoridade aos seus apóstolos e estes instruíram o povo a fazer as ordenanças necessárias para que seus entes queridos já falecidos pudessem partilhar do Reino de Deus, como podemos perceber nas palavras de Paulo:
“Doutra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos, se absolutamente os mortos não ressuscitam? Por que se batizam eles então pelos mortos?
Por que estamos nós também a toda a hora em perigo?
Eu protesto que cada dia morro, gloriando-me em vós, irmãos, por Cristo Jesus nosso Senhor.
Se, como homem, combati em Éfeso contra as bestas, que me aproveita isso, se os mortos não ressuscitam? Comamos e bebamos, que amanhã morreremos.”
1 Coríntios 15:29-32
Como vemos, Paulo defendia aqui a crença na ressurreição, doutrina posta em dúvida por alguns dos cristãos na época. Não obstante, estes mesmos realizavam o batismo vicário. Não contestava, como alguns interpretam equivocadamente, a necessidade do batismo pelos mortos, pelo contrário, utilizava a ordenança como prova da ressurreição.
Sobre a necessidade dessa ordenança, Pedro nos revela que Cristo pregou aos espíritos em prisão:
“Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito;
No qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão;
Os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água”;
1 Pedro 3:18-20
“Porque por isto foi pregado o evangelho também aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, mas vivessem segundo Deus em espírito;
E já está próximo o fim de todas as coisas; portanto sede sóbrios e vigiai em oração”.
1 Pedro 4:6-7
Com a constante perseguição aos santos, bem como a proliferação de seguidores de outros cultos, juntando-se à igreja primitiva; O martírio e morte dos apóstolos e dos líderes mais antigos e a absorção da Igreja pelo estado romano através de Constantino, várias doutrinas e ensinamentos de Jesus e dos apóstolos foram esquecidos e renegados até que o afastamento da doutrina de Cristo implicou no que chamamos de apostasia.
As chaves do poder selador só seriam restauradas, através do profeta Elias, cumprindo assim a profecia de Malaquias , em 3 de abril de 1836, e as chaves do poder selador foram confiadas a Joseph Smith e Oliver Cowdery, conforme vemos em :
“13 Concluída essa visão, outra grande e gloriosa visão abriu-se para nós; pois a Elias, o profeta, que fora levado ao céu sem experimentar a morte, apareceu diante de nós e disse:
14 Eis que é chegado plenamente o tempo proferido pela boca de Malaquias—testificando que ele [Elias, o profeta] seria enviado antes que viesse o grande e terrível dia do Senhor—
15 Para voltar o coração dos pais para os filhos e os filhos para os pais, a fim de que a Terra toda não seja ferida com uma maldição—
16 Portanto as chaves desta dispensação são confiadas a vossas mãos; e assim sabereis que o grande e terrível adia do Senhor está perto, sim, às portas.”
Doutrina e convênios 110:13:16
Até aqui fizemos um breve estudo sobre a necessidade das ordenanças vicárias para a salvação do que morreram sem conhecer o evangelho restaurado de Cristo.
Permitam-me agora falar sobre o que seja o “ Espírito de Elias”.
Não se trata do espírito, do fantasma de Elias, o profeta, e nem mesmo de uma manifestação mediúnica do mesmo. Nada disso.
O ”Espírito de Elias” é aquele sentimento que nos compele ou nos estimula a buscar efetuar a pesquisa genealógica, que nos faz sentir prazer em buscar a salvação para nossas gerações de antepassados, que nos dá o desejo de frequentar o Templo.
Mal comparando, seria o equivalente a dizer que tal clube esportivo demonstra “espírito de equipe”.
Infelizmente, nem todos compreendem a real importância desse trabalho e o relegam a um segundo, terceiro ou quarto plano.
Para mim esse trabalho sempre foi importante, de modo que, na minha pesquisa genealógica, logrei localizar e enviar ao templo, mais de 12.000 nomes entre familiares e agregados.
Passei noites e noites no CHF, pesquisando microfilmes e extraindo nomes.
Não foram poucos os dias passados na Torre do Tombo, em Lisboa, pesquisando livros de assentos das diferentes regiões de moradia de meus ancestrais.
Não sei quantos desses 12.000 ancestrais hão de aceitar o evangelho no mundo espiritual, o que sei é que minha parte está feita e tenho a esperança de que ao menos uma “Estaca” figurativamente falando, possa ser criada com os que aceitarem o evangelho. Só parei as pesquisas pois apara antes de 1512 não haviam mais registros disponíveis. Ainda pretendo revisar esses registros e seguir uma linha descendente a partir de cada irmão ou irmã de meus ancestrais que viveram até a idade de casarem-se e terem filhos.
Hoje as coisas parecem estar mais simples, nem precisamos sair de casa para fazer as pesquisas, pelo que entendi os microfilmes foram digitalizados e podem ser acessados de nosso computador. Quão grande benção estamos desperdiçando ao não utilizar as ferramentas à nossa disposição.
Nossos ancestrais aguardam ansiosos além do véu que alguém se lembre deles, um espírito não pode ser batizado na água, é preciso que alguém seja seu procurador para realizar a ordenança.
O trabalho parece imenso? Nada disso, toda grande jornada começa com um único passo e ao longo do caminho, desfrutamos de uma paisagem tão prodigiosa que nos faz esquecer o cansaço.
“Se trouxerdes a mim ainda que seja uma só alma, quão grande será vossa alegria com ela no reino de meu Pai”
Salvador, 01 de maio de 2013.