Uma experiência com Deus
“O silêncio de Deus não significa que Ele não está te ouvindo.”
Naquele exato momento, uma rajada de pensamentos passava pela mente de Sr. Júlio. A multidão o olhava lá de baixo. Ele podia ouvir os gritos abafados de sua mãe o dizendo para não fazer aquilo. No alto daquele prédio, uma coisa estava para acontecer.
- Pai, por que me abandonaste? – dizia ele levantando as mãos para o céu – Por que deixaste tantas coisas acontecerem comigo? Onde estavas quando mais precisei?
Todos lá embaixo estavam atordoados.
- Lembras quando eu clamava pedindo ajuda? Lembras quando pedi por socorro? Onde estavas, Pai?
Sr. Júlio olhava para o céu. Parecia esperar alguma resposta. As pessoas lá embaixo nada entendiam. Por que um homem de quarenta e oito anos resolvera acabar com sua vida? Todos sabiam que ele era um homem com muitos problemas familiares. Seria esse o motivo? Se não, qual seria?
- Darei um fim a isso. Cansado estou de não ser respondido. Olhe agora, aqui estou eu prestes a me jogar desse edifício e Tu não fazes nada. Chego a pensar que Tu não existes – falava ele.
Ele colocou seus pés na ponta daquele edifício. Estava difícil se equilibrar. Afinal, despencar dali, era o que ele queria. O vento gélido da tarde batia em suas pernas fazendo-as estremecer. Ele levantou seu pé esquerdo. Todo o peso de seu corpo estava sobre seu pé direito. A multidão gritava.
Faltando pouco para ele se atirar dali, uma voz chamou por seu nome. Ele recuou. Olhou ao redor. Nada viu. Novamente, quando ia colocar seu pé na ponta daquele edifício, alguém o chamou. Ele olhou novamente ao redor. Não havia ninguém ali. Pensando que estava enlouquecendo, resolveu acabar de vez com aquilo. Colocou seus pés na borda do edifício.
- Não faça isso! – Disse uma voz doce e suave que parecia vir de trás dele.
Júlio virou-se para ver quem era. Um homem de vestes brancas estava parado ali em sua frente. Ele se aproximava cada vez mais.
Júlio não conseguia dizer uma sequer palavra.
- Filho, todas as vezes que não o respondi, eu trabalhava por você. Todas as vezes que parecia que tudo ia acabar, eu lhe dizia: Não é o fim. Você não me escutava, pois colocou em seu coração que Eu o havia abandonado. Eu o amo. Sempre amarei. Não acabe com sua vida. Eu estou contigo. Nunca o abandonarei.
Júlio abaixou a cabeça. Ele estava chorando. Quando a levantou não havia mais ninguém ali. Ele desabou em lágrimas. Com seu rosto no chão daquele prédio, apenas pedia perdão por ter duvidado do amor de Deus.