A lógica é inimiga da religião?

A lógica é inimiga da religião?

Jorge Linhaça

Duvido que alguém possa imaginar que Albert Einstein fosse um homem ilógico, ou que duvidem de sua capacidade como cientista.

Talvez o que poucos se lembrem ou desconheçam é uma frase sua em que diz “ Duvido que Deus jogue dados com o universo”.

Einstein era judeu por nascimento e realmente não sei qual era sua religião, se mantinha a tradição judaica ou seguia qualquer vertente do cristianismo. Isso, em verdade, não importa. O que importa é sabermos da crença dele em um ser divinal.

Existem cientistas ateus? Claro que sim, assim como existem cientistas que acreditam em uma força superior, independente do nome pela qual a chamem.

Compreendo também que existem certas pregações religiosas que negam a mão de Deus operando através da ciência, mesmo na medicina, proibindo uma série de procedimentos que poderiam salvar vidas, em nome de interpretações particulares das sagradas escrituras.

Particularmente não concordo com essas linhas de pensamento, mas, felizmente, vivo em um país onde a prática religiosa é livre e acredito piamente que cada homem tem o direito de adorar a Deus ao seu modo, conquanto que não prejudique ao próximo

Os próprios ensinamentos religiosos são repletos de lógica, embora alguns insistam em desconhecê-los a fundo e os encarem como grilhões limitadores da liberdade de agir segundo suas próprias vontades.

Compreendo os que assim pensam, já que, a maioria das pregações que ouvimos nos ameaçam com o “fogo do inferno” e muitas denominações não existem senão com a finalidade de enriquecer uma parcela de seu clero. Quanto mais medo e culpa incutem nas almas dos fiéis, maior o volume de ofertas que recolhem e mercadorias que comercializam, ainda que estas pouco ou nada tenham a ver com o bem estar espiritual dos fiéis.

Não é de se estranhar, portanto, que muitas pessoas criem aversão a esse tipo de igrejas e acabem por crer que todas são “farinha do mesmo saco”, furtando-se a buscar a um Deus que , segundo lhes parece, assemelha-se a um dono de loja de varejo.

Mas, consideremos agora algumas coisas lógicas dos ensinamentos bíblicos.

Casamento e estrutura familiar segundo os moldes das escrituras:

Não é segredo para ninguém, que a dissolução familiar, bem como a desestruturação dos papeis familiares, contribuem em grande escala para a degradação da sociedade. Ao longo de décadas temos presenciado o aumento da violência, do consumo de drogas e outras práticas que imergem a sociedade em um mar de maus hábitos e egocentrismo alienantes.

Isso não é exclusividade de pais separados ou de mães solteiras, muitas vezes existe todo o núcleo familiar, mas, inexiste a interação entre seus membros. Pais ausentes, imbuídos na busca de bens materiais ou de sua subsistência, ou de compromissos com amigos e incapazes de reservar tempo para seus filhos, são como se não existissem, por mais que procurem compensar sua ausência com presentes ou uma educação dispendiosa.

Nada substitui o amor, o aconselhamento, a repreensão, o estabelecimento de limites. Não adianta querer transferir para a escola o papel da família. O papel da escola é transmitir conhecimento empírico, o da família é ensinar valores corretos.

Não adulterarás, não fornicarás. ( castidade)

Embora aos olhos de muitos : “ O que dois adultos fazem entre si é problema apenas deles”, nada mais longe da verdade. Além do fato de prejudicarem a si mesmos com a constante troca de parceiros e consequentemente com a depreciação de sua própria autoestima, não são raras as vezes em que esse ato leva à gravides indesejada e à prática do infanticídio conhecido como aborto.

Afora isso a disseminação de doenças sexualmente transmissíveis e a dissolução ou ausência dos laços familiares cobram implacavelmente seu preço como já exposto acima.

Ama a teu próximo como a ti mesmo:

Quem ama não deseja senão o bem das pessoas, não age com leviandade nem com injusto domínio, não se deixa levar pelos próprios desejos nem procura levar vantagem sobre o seu semelhante em nenhum aspecto, seja nas relações afetivas, sociais, trabalhistas, políticas ou quais quer outras.

Assim não existiriam maus patrões, maus empregados, maus políticos, maus pais, maus filhos, etc.

Poderíamos ficar aqui discorrendo sobre vários outros ensinamentos religiosos e a sua lógica efetiva e simples, mas deixo ao amigo leitor o espaço para que faça a sua própria avaliação e reflexão sobre outros ensinamentos. Acredito que os itens aqui levantados sejam o suficiente para exemplificar este ponto de vista.

Salvador, 07 de abril de 2014.