Encerrando um ciclo
"Após um momento que não sei se foi breve ou eterno, encontro-me longe daquela tempestade, longe daquela mata. Estou em um lugar frio, onde uma névoa ocupa todo o espaço. Aos poucos sinto o medo em sua real profusão penetrar minha espinha dorsal. Vejo um vulto se aproximando e a cada passo em minha direção o pavor aumenta. Quando ele se torna imagem, vejo o que dizem ser a morte, de frente, me encarando a alma. Ouço dentro da minha cabeça sua voz me dizendo que é chegada a hora, que não tenho mais condições de continuar. Apegado que sou ao controle de meu destino imploro por mais uma chance, imploro como uma criança fazendo promessas que ninguém acredita que possa cumprir. Quando enfim meu drama cessa, ela ainda está a me encarar. Nesse momento desisto de lutar e percebo que não é meu corpo que vai ser levado, entendo que chegou a hora de aceitar que a morte não vem para punir, mas, encerrar ciclos. Assustado com as possibilidades que se mostram diante de mim me ajoelho perante a morte e aguardo que seu cajado frio e metálico toque minhas costas. Durante esse contato toda a minha vida passa diante dos meus olhos. Amores, vinganças, traições, alegrias e conquistas, está tudo ali, como num filme. As imagens vão ficando confusas, sinto náuseas, dores, lágrimas e, aos poucos desfaleço enquanto observo esse caleidoscópio das minhas vivências. Tudo passa muito rápido, tudo passa muito intenso..."