A pressa de Deus
“Porque o trono se firmará em benignidade, e sobre ele no tabernáculo de Davi se assentará em verdade um que julgue, busque o juízo, e se apresse a fazer justiça.” Is 16; 5
Não carecemos um vasto conhecimento das Escrituras para concluir que o Juiz no “tabernáculo de Davi” é o Senhor Jesus Cristo; coisa que os próprios judeus, coevos Dele, conheciam; havia controvérsias sobre ser Ele o Messias ou não, embora, a certeza que o Rei seria “filho de Davi”.
Diz o texto de Isaías que Esse teria pressa de fazer justiça; mas, o mesmo profeta apresenta uma figura “contraditória” sobre a relação Deus homem. “Por isso, o Senhor esperará, para ter misericórdia de vós; e por isso se levantará para se compadecer de vós, porque o Senhor é um Deus de equidade; bem-aventurados todos os que nele esperam.” Is 30; 18
Esperar sugere paciência, passividade; enquanto a pressa supõe urgência, atividade. Dada a afirmação que Deus vai esperar, e a promessa aos que Nele esperam, teria Isaías se contradito?
Não. Pressa no contexto espiritual, que lida com valores eternos deve ser entendida como prioridade, não como afobação. Desse modo, sem prejuízo à verdade, se pode dizer que o Juiz predito pelo profeta teria como prioridade a justiça.
Aliás, quando exortado por João Batista quanto à humilhação de parecer menor que aquele, o Messias evocou precisamente a justiça Divina. “Mas João se opunha, dizendo: Eu careço de ser batizado por Ti, e vens Tu a mim? Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça.” Mat 3; 14 e 15
“Por agora”, naquele momento convinha que se fizesse o “menor nos reino dos Céus” pelo esvaziamento necessário para ser o resgate perfeito. Em momento posterior, quando o ministério de João foi questionado disse: “Entre os nascidos de mulher não há maior profeta que João Batista mas, o menor no reino dos Céus é maior que ele.” Mat 11;11
Muitos entendem mal a Justiça de Deus, como se essa fosse uma negação de Seu amor. Não ignoramos a afirmação bíblica que Ele é amor, mas, se fosse possível o triunfo do amor sem o concurso da justiça, não teria sido necessário Jesus derramar seu sangue. “A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram. A verdade brotará da terra, e a justiça olhará desde os céus.” Sal 85;10 e 11
O fato que o Senhor é longânime, todavia, não significa que tolerará a injustiça para sempre.
“Por muito tempo me calei; estive em silêncio, e me contive; mas agora darei gritos como a que está de parto, e a todos assolarei e juntamente devorarei.” Is 42;14. O mesmo Isaías apresenta o cenário do fim da Santa Paciência de Deus.
Segundo Pedro, o juízo deve começar pela igreja; “Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus?” I Ped 4; 17
Aliás, Ezequiel apresentara a mesma “prioridade” Divina: “Matai velhos, jovens... e começai pelo meu santuário.” Ez 9; 6 “Dos ímpios procede a impiedade” como disse Davi. É a ordem natural das coisas. Agora quando a impiedade procede de quem diz crer e pertencer ao Senhor, então, tal ato desperta a “pressa Divina” em julgar. Em momentos como o atual, muitos jejuam pela cura do vírus, não pelo perdão dos pecados; ora, o que afasta o juízo é o arrependimento, não um requerimento.
Então, quando Deus traz à luz as sujeiras do Vaticano, bem como desmascara a hipocrisia de muitos evangélicos, isso não significa a falência de Seu projeto, antes, o início de Sua conclusão.
Contrário às preferências democráticas onde contam os números, a prioridade Teocrática coloca em relevo a justiça. Claro que a nossa justiça, se compara a trapos imundos, mas, os que constituem a Jesus como advogado, e obedecem às Suas diretrizes, herdam a Sua; “...este será o seu nome, com o qual Deus o chamará: O SENHOR JUSTIÇA NOSSA.” Jr 23; 6
A tentativa de equiparar a visão humana à Divina tem dado azo a muita profecia falsa, bem como a interpretações errôneas; aliás, a profecia verdadeira, adverte disso e expõe as razões: “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânime para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.” II Ped 3; 9
Dada a iminência do Juízo, um pouco de pressa pode ser uma atitude sábia, como disseram os anjos do juízo, a Ló; “...Escapa-te por tua vida; não olhes para trás de ti...” Gen 19; 17