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“Lembrai-vos, porém, dos dias passados, em que, depois de serdes iluminados, suportastes grande combate de aflições.” Heb 10; 32
Quem quer que tenha sido autor da epístola aos hebreus, o fez de modo magistral. Construiu uma ponte perfeita ligando o Velho ao Novo Testamento, num sermão que merece estudo dos pregadores, dada sua exemplar redação; introdução, desenvolvimento e conclusão, com uma argumentação sólida e sábia.
Após apresentar a superioridade de Cristo em relação aos anjos, o escritor propõe a questão principal: “Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação,...” 2; 3
Caso algum hebreu intentasse olhar para Moisés como meio de salvação, adverte: “Porque ele é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou.” 3;3 O argumento segue explicando a função típico-profética do velho pacto, e apresentando Jesus Cristo como sendo seu cumprimento cabal.
O texto demonstra que se dirige a uma comunidade que estava esfriando, perdendo a esperança, depois de um começo ousado. “lembrai-vos dos dias passados...” Noutras palavras, vocês podem mais, já fizeram melhor.
Interessante abrir um parêntesis, para as consequências da salvação aludidas. Contrário ao “evangelho” atual, onde se crê para prosperar, naquele contexto, “... após serdes iluminados, suportastes grande combate e aflições.”
Mesmo Ele, o Salvador, após se identificar conosco via batismo, e ser identificado a João, foi pelo Espírito ao deserto onde enfrentou seu primeiro combate com o inimigo. Natural que seja assim, o inimigo não caça mortos, antes, os que uma vez iluminados, creem. Essa mensagem rasteira transfigurada de evangelho, que dá lucro, até o diabo abonaria, com fez ao acusar Jó de servir por interesse.
Mas, voltando à exortação aos hebreus, no célebre capítulo onze, o autor alista uma legião de heróis da fé, numa figura interessante, como se os destinatários estivessem competindo num estádio lotado, e fossem assistidos por aqueles bravos. Ademais, eles esperam por nós, além de interessados em nosso desempenho. “E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa, provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados.” 11; 39 e 40
Poderíamos parafrasear a exortação que segue, desse modo: Façam bonito diante dos heróis imitando a Jesus! “Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.” 12; 1 e 2
Por fim, o autor abotoa sua mensagem respondendo a questão proposta a princípio; lembrara que mesmo mensagens de anjos e profetas que são menores que Cristo, foram cumpridas, integralmente; e em cima disso propusera a questão: “Como escaparemos nós se não atentarmos para uma tão grande salvação?” Ele responde: “Vede que não rejeiteis ao que fala; porque, se não escaparam aqueles que rejeitaram o que na terra os advertia, muito menos nós, se nos desviarmos daquele que é dos céus;” 12; 25
Frequentemente acontece conosco certo desânimo, desleixo espiritual, como se tivéssemos descoberto uma resposta segura à questão de Pedro: “Para quem iremos nós...” É da nossa natureza sofrermos abalos em face à frágil estrutura, pó; mas, quando o desânimo tentar tolher nossas forças, lembremos dos dias mais difíceis, em que suportamos galhardamente, firmes na fé; nós podemos mais do que o desânimo tenta sugerir.
Claro que nossa força advém do Senhor, mas, um quê do brio humano não faz mal algum, desde que não descambe para o orgulho, como ensinou Salomão: “Se te mostrares fraco no dia da angústia, é que a tua força é pequena.” Pv 24; 10
"Obstáculos são aqueles perigos que você vê quando tira os olhos de seu objetivo."
( Henry Ford )