A ARTE DE PERDOAR

nair lúcia de britto

 

Digo que perdoar é uma arte porque são bem poucos aqueles que têm a sabedoria e a magnetidude de saber perdoar. É difícil esquecer uma mágoa causada por alguém, principalmente quando não merecíamos ter sido magoados. Vencer o impulso de revidar a ofensa não é fácil... Para ter a coragem e força de vontade em guardar silêncio, em vez de devolver o ultraje, é preciso ter muita pureza de coração e uma crença inabalável na justiça divina.

A primeira reflexão sobre esse tema é fazer um rigoroso exame de consciência para perguntar a si próprio se existe alguém perfeito; alguém capaz de nunca ter errado. Claro que não! Em algum momento da vida, qualquer um de nós é falível. E os erros mais graves são aqueles movidos pelo ódio, pelo desejo de vingança, pelo ciúme, pela inveja, pelo orgulho... ou seja, por todos esses sentimentos negativos dos quais ninguém, em sã consciência, pode se orgulhar de nutrir.

Bem aventurados aqueles que são misericordiosos, porque eles próprios obterão misericórdia (S. Mateus). Ou seja, se nós perdoarmos as falhas que alguém cometeu contra nós, Deus também perdoará nossas falhas. Se alguém nos magoou, o melhor é primeiro se acalmar e, depois, dirigir-se ao autor da ofensa e perguntar-lhe o motivo, em particular. Se o ofensor se explicar e o ofendido entender suas razões, após um diálogo pacífico e sincero poderá resultar numa reconciliação, benéfica para ambos.

Se a boa vontade de quem foi ofendido for inútil, o problema é do ofensor. O importante é não entrar nessa sintonia negativa que só traz prejuízos físicos e emocionais. E como se proteger? Através do perdão. Isso não significa, porém, abraçar o inimigo e oferecer sua amizade. Mas apenas afastar-se e ignorá-lo, sem lhe devolver nem o rancor e nem a ofensa.

E quantas vezes tenho que perdoar meu irmão? Sete vezes?, perguntou São Pedro a Jesus; que por sua vez lhe respondeu:
Sete vezes, não;  mas sim setenta vezes sete.

Geralmente julga-se que morrendo o inimigo, morre também o perigo. Essa idéia só passa pela mente daqueles que não acreditam na imortalidade da alma.

O inimigo continuará existindo, num outro plano. Pensar que quem morre fica bom também é uma ilusão. Uma pessoa ruim, continua ruim e se o seu ódio persistir ela vai continuar perseguindo aqueles a quem odeia. A única forma de se proteger dessa perseguição é através do perdão, da misericórdia e da oração; pedindo a Deus proteção para si e luz para o espírito que insiste em permanecer nas trevas.

Outro engano é acreditar que sacrifícios físicos (tais como subir uma escadaria de joelhos), são agradáveis a Deus. Qual é o pai que gostaria que seu filho se machucasse para lhe demonstrar amor? Nenhum! Muito menos, Deus.

O sacrifício físico quando é inútil não tem valor algum. Só há valor no sacrifício que fazemos para ajudar o próximo. Por exemplo, uma pessoa que passa a noite em claro para cuidar de alguém enfermo é um sacrifício útil, que será recompensado por Deus.

Ama a teu próximo como a ti mesmo também quer dizer: não cause nenhum mal aos outros, nem a ti mesmo; tampouco aos animais.

O sacrifício mais agradável a Deus é ver seus filhos se perdorem mutuamente pelas falhas cometidas. Que se arrependam dos seus erros e cuidem para não repeti-los. Não julgueis, a fim de que não sejais julgados. Aquele que estiver sem pecado que atire a primeira pedra, disse Jesus. Que todos se reconciliem e vivam em Paz tanto na Terra como no Céu.

 

Fonte de Pesquisa: O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec Cap. X

Nair Lúcia de Britto
Enviado por Nair Lúcia de Britto em 08/01/2013
Reeditado em 08/01/2013
Código do texto: T4073723
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