SE NÃO APRENDERMOS A PERDOAR
Se eu não aprender a perdoar as pessoas, desde as mais leves até as mais graves de suas ofensas, chegará um tempo em que não haverá mais quem me ofenda, pois terei me isolado de todo mundo.
Se eu não aprender a perdoar as pessoas todas as suas ofensas, sejam elas de propósito ou sem intenção, sejam ofensivas ou que julgo ofensivas, chegará um tempo em que não terei mais ninguém próximo, nem mesmo uma alma complacente, talvez nem mais meus pais, filhos, cônjuge e parentes, a não ser que comece a perdoar um a um, pois não há quem alguma vez não nos fez algo ofensivo ou algo que julgamos ofensivo.
Enquanto não aprender que tenho que perdoar, irei afastando as pessoas uma a uma à medida que forem me ofendendo. Farei, porém, novos amigos à medida que for deixando meus ofensores não perdoados para trás. E, quando esgotar os ofensores no lugar onde estiver, para novo lugar poderei me mudar e fazer lá novos amigos. Mas se ainda aí eu não aprender a perdoar, me afastarei também desses novos amigos, até o tempo em que não haverá mais amigos novos para fazer. Então me restará viver isolado, sem ter amigos antigos ou novos. Não terei com quem compartilhar boas lembranças e tampouco com quem desfrutar os bons momentos da vida.
Se eu não aprender a perdoar, chegará um dia em que terei me afastado de toda a humanidade, então, assim, a sós, talvez me dê conta de que se todos são capazes de ofender, eu também certamente o sou, pois não sou diferente de toda a humanidade. E, talvez, descobrindo isso, sinta o desejo de ser perdoado pelas tantas ofensas que cometi. Talvez então, ao procurar a pessoa que mais ofendi para pedir-lhe perdão, seja essa mesma a que julguei que menos merecia o meu perdão, por ser ela a que mais me ofendeu. Então descobrirei que se eu não aprender a perdoar as pessoas as mais leves e as mais graves ofensas, minhas ofensas também jamais serão perdoadas, pois como pedirei perdão a quem não desejo perdoar.
Se ainda assim eu nunca aprender que preciso perdoar as pessoas suas mais leves e graves ofensas, será por não reconhecer minhas próprias culpas e minha própria necessidade de perdão. Se for assim, terei me condenado a viver só com minha perfeição, ressentido com todos, sorvendo o veneno do rancor e da solidão enquanto os culpados se abraçam perdoando-se, seguindo a vida que Deus concedeu por Seu perdão a todos nós.
Se eu não aprender a perdoar, me tornarei como aquelas pessoas que a todos apontam, tão solitárias e amargas que nem mesmo as corujas suportam.
Foi Jesus quem pediu para perdoarmos nossos ofensores, os quais, muitas vezes, jamais nos pedirão perdão. Jesus, porém, nos pediu e Ele merece ser atendido.
Wilson do Amaral