O discurso dos mortos
“Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala.” Heb 11; 4
A possibilidade de alguém falar depois de morto é algo corriqueiro, dados os meios tecnológicos que dispomos hoje. Nunca a morte esteve tão “viva”; digo, tantas pessoas de renome faleceram em curto espaço de tempo.
Chico Anísio, Hebe Camargo, Marcos Paulo, Oscar Niemeyer, Regina Dourado, Oscar Wilde, etc. todos esses e muitos mais, podem “falar” em registros gravados que existem por aí.
Entretanto, a ideia esposada pelo autor da carta aos Hebreus, ao dizer que Abel falava depois de morto, refere-se ao significado de seu exemplo de fé, que servia como estímulo então, e ainda serve, em se tratando de confiar em Deus.
O que um morto “fala”, não é através de palavras, mas, de seus atos. Por exemplo, Hitler; existem discursos dele gravados, mas, o que ele significa para a humanidade deriva de suas ações, não de seus discursos.
Nesse prisma, me atrevo a dizer que os mortos são mais honestos que os vivos.
Reféns de nossas paixões, podemos dizer o que nos convier, agora; mas, uma vez mortos, já não teremos conveniência alguma “debaixo do sol” como disse Salomão.
Mas, voltando a Abel, apesar de seu exemplo de fé, depois de morto ele ainda “falou” de vingança: “E disse Deus: ( a Caim ) Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra.” Gen 4; 10
Se partirmos dessa vida, injustiçados, a justiça nos emprestará sua voz, após a morte, e falará a nosso favor; Todavia, se vivemos de modo indigno, nada valerá cobrirem nossos corpos de flores, e nosso auto fúnebre de belos discursos; os atos hão de falar contra nós, no Eterno Tribunal.
Como nenhum de nós é perfeito, carecemos um advogado para o pleito de nossa absolvição, mesmo sendo culpados; a jurisprudência divina está a nosso favor; pois, aceita converter nossas penas em trabalhos amorosos em favor do próximo, desde que, em plena submissão ao Advogado que, pagou nossa dívida de morte; derramou seu sangue em nosso lugar, e contrário àqueloutro, fala de perdão, não de vingança. “...chegastes... a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel.” Heb 12; 24
Esse, em vida, cuidou de nossas conveniências, não das suas; daí, sua Palavra permanece confiável e atual. Disse que daria Sua vida pelas ovelhas e o fez; Seus atos confirmaram Suas Palavras, e, depois de ceifada Sua vida terrena, ainda Fala o mesmo; “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” Mt 11; 28 a 30