Como haverá quem ouça se não houver quem pregue?
Como haverá quem ouça se não houver quem pregue?
Jorge Linhaça.
É verdade que na nossa sociedade a proliferação de igrejas e religiões é tão incidente que as pessoas se percebem mais perdidas que encontradas em sua busca espiritual.
Ao olharmos à nossa volta temos a impressão de viver em uma gigantesca Torre de Babel, onde cada qual fala uma língua diferente dos demais, apesar de todos (ou a maioria) professarem que pregam o mesmo Deus.
Claro que cada qual “puxa a sardinha para o seu lado” dizendo ter e indicar o melhor caminho para o retorno ao Reino de Deus.
Não é de se estranhar que muitas pessoas “enlouqueçam” com tanta diversidade de interpretações da bíblia e com tanta concorrência explicita sobre quem é capaz de arrebanhar o maior número de ovelhas e fama diante das câmeras de TV.
Embora muitas vezes o discurso seja o de “placa de igreja não salva ninguém”, cada qual se esforça para encher seus próprios auditórios e não hesita em desmerecer outras doutrinas quando isso lhes seja conveniente.
Claro que, ao mesmo tempo em que isso se torna atrativo para alguns, para outros soa como hipocrisia ou orgulho pessoal.
O número de ateus declarados tem crescido nos últimos anos, mais pela decepção com as instituições religiosas do que por qualquer outro motivo.
Ser ateu, ao contrário do que alguns pensam, não significa não participar de qualquer igreja, o ateísmo significa a renuncia à crença na existência de um Deus.
Conheço pessoas de várias religiões, das mais ortodoxas, às mais esquisitas.
Conheço pessoas que frequentas suas igrejas regularmente e outras que se declaram membros de alguma denominação, mas que jamais puseram os pés numa igreja a não ser em ocasiões especiais como batismos, casamentos ou funerais.
Conheço pessoas que professam uma crença e não hesitam em apelar para outros caminhos que são diametralmente opostos à fé que processam.
Não consigo entender como alguém que se declara católico, por exemplo, negando a doutrina católica a reencarnação possa ser ao mesmo tempo espírita, que defende essa doutrina.
Não sou contra ninguém nesse sentido, apenas creio que é preciso ser um pouco coerente em nossas escolhas.
Acho mesmo muito melhor que existam mil religiões que preguem partes da verdade ou a interpretem de maneira diferente, do que deixar que multidões deixem de ter a oportunidade de ouvir falar de Deus. Se precisarem corrigir o caminho mais adiante, ao menos já terão alguma base sobre o assunto.
Afinal, como haverá quem ouça a palavra se não houver quem a pregue?
Cada qual deve orar e buscar as respostas de Deus para suas necessidades.
Como dito em Tiago, cap. 1 vers. 5:
Se algum de vos tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos da liberalmente a não o lança em rosto e lhe será dada.
Salvador, 29 de novembro de 2012.