Senhor, que eu veja!
No tempo da pregação pública de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, Verbo de Deus vivo, que se encarnou através da santa Virgem Maria, sucedeu esta mensagem:
Chegaram a Jericó. Ao sair de Jericó com os seus discípulos e grande multidão, estava sentado à beira do caminho, mendigando, o cego Bartimeu, filho de Timeu. Quando ouvi que era Jesus, o Nazareno, que passava, começou a gritar: “Filho de Deus, Jesus, tem compaixão de mim!” E muitos o repreendiam para que se calasse. Ele, porém, gritava mais ainda: “Filho de Davi, tem compaixão de mim!” Detendo-se, Jesus disse: “Chamai-o!” Chamaram o cego, dizendo-lhe: “Coragem! Ele te chama. Levanta-te”. Deixando o manto, deu um pulo e foi até Jesus. Então Jesus lhe disse: “Que queres que eu te faça? Rabbuni! Que eu possa ver novamente!” Jesus lhe disse: “Vai, tua fé te salvou.” No mesmo instante, ele recuperou a vista e o seguia no caminho. (Mc 10:46-52)
Queridas irmãs e queridos irmãos, que a paz de Nosso Senhor esteja com todos vocês!
O Evangelho do tempo litúrgico romano para este domingo relaciona-se à cegueira do homem e à visão que pode ser concedida a ele por Jesus Cristo.
Antes, porém, de entrarmos, especificamente, na luz dada a quem vivia na escuridão, vejamos alguns aspectos importantes que, igualmente à toda Sagrada Escritura, encontram-se nessa passagem com sua razão revelacional.
Jesus e os que O acompanhavam chegaram a Jericó. Lembremos, como nos é exposto no livro de Josué, a tomada de Jericó pelo povo de Israel, como primeiro passo para a entrada na Terra Prometida. Josué conduziu seu povo, após a travessia do Jordão, à terra que Javé lhes havia prometido. Jericó está intimamente ligada à memória do povo hebreu à terra prometida.
Jericó, por ser a cidade mais velha e mais baixa, numa condição aparente de miséria, pois se encontra envolta de deserto, é, na verdade, um belíssimo oásis fértil, com a capacidade de tudo produzir.
Josué e Jesus, através de Jericó, têm a missão de conduzir seu povo. O primeiro, conduziu seu povo à Terra Prometida, após anos de deserto, e Jesus, passando por Jericó, igualmente conduz seu povo, após o deserto de nossa vida, porém à verdadeira salvação e à vida eterna.
Jericó, nesse trecho evangélico, leva-nos à reflexão da humanidade, com sua passagem por este mundo, com suas dificuldades e limitação, envolta por desertos, mas com a possibilidade de produzir ações amorosas e divinas, assim como o oásis fértil, desde que siga as pegadas do Salvador.
Já o cego Bartimeu, com sua deficiência, sua incapacidade de ver o verdadeiro mundo, impossibilitado de ver a luz, encontrava-se a beira da estrada, a margem do caminho, encostado e apartado da verdadeira caminhada, condição idêntica a de todos nós que nos encontramos perdidos sem a luz verdadeira de Deus. Bartimeu não representa apenas um homem cego que se deparou com Jesus na estrada, ele significa a realidade de todos nós quando estamos sem a luz da salvação.
Ao nos reportarmos às profecias messiânicas na Sagrada Escritura, encontramos, por exemplo, em Isaías, diversas vezes, a referência à luz da salvação, diante da cegueira espiritual, tais como:
O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; sobre aqueles que habitavam uma região tenebrosa resplandeceu uma luz. (Isaías 9,1)
Aos cegos farei seguir um caminho desconhecido, por atalhos desconhecidos eu os encaminharei; mudarei diante deles a escuridão em luz, e as veredas pedregosas em estradas planas. Todas essas maravilhas, eu as realizarei, não deixarei de executá-las. (Isaías 42,16)
Povos, escutai bem! Nações, prestai-me atenção! Pois é de mim que emanará a doutrina e a verdadeira religião que será a luz dos povos. (Isaías 51,4)
O caminho da paz lhes é desconhecido, seguem atalhos tortuosos, onde aqueles que passam ignoram a felicidade. Eis por que o direito permanece afastado de nós, e a justiça não vem a nós. Esperamos a luz, e eis as trevas; aguardamos o dia, e andamos na escuridão. Vamos como cegos apalpando o muro, caminhamos às apalpadelas como aqueles que perderam a vista. Em pleno dia tropeçamos como ao crepúsculo, mergulhamos nas trevas como os mortos. (Isaías 59,8-10)
Era relativamente comum a cegueira física na época de Jesus Cristo, por fatores ambientais, alimentares e sociais, razão pela qual tal deficiência era usada para apontar a condição pecadora da humanidade, sua limitação e impossibilidade de caminhar pelas trilhas corretas em direção à salvação.
Jesus, a verdadeira luz, deparou-se com um homem que, apesar de marginalizado e perdido, vivendo na escuridão, apresentou a humildade, a fé e o desprendimento necessários para conquistar a conversão de sua condição, passando das trevas à luz, da perdição ao encontro com Deus, levando-o a seguir Jesus pelo caminho, após a recuperação de sua visão.
Pois vejamos, Bartimeu teve a humildade de reconhecer-se limitado e pecador, fazendo com que seu pedido a Jesus fosse pela compaixão: “Filho de Deus, Jesus, tem compaixão de mim!”
Ao mesmo tempo, teve fé e creu que Jesus, Filho de Deus, era capaz de por fim a sua escuridão, de iluminar seus caminhos e conduzi-lo à salvação.
Juntamente com a humildade e a fé, Bartimeu, jogando fora seu manto, seu único bem, sua proteção e seu abrigo, despojou-se de tudo que tinha, colocando-se inteiramente nas mãos do Senhor. Buscou a verdadeira segurança – Jesus Cristo – e a obteve.
Com tal atitude, Cristo Jesus converte sua treva em luz, sua fraqueza em fortaleza, sua dúvida em certeza, sua marginalidade em encontro, pois, depois de ter recebido a visão, Bartimeu passou a segui-Lo pela caminhada, assim como todos aqueles que conseguem encontrar a luz salvadora de Deus, transformando a escuridão de sua vida morta num clarão vivo e restaurador, o qual serve, não apenas para iluminar o seu próprio caminho, mas também, para clarear os rumos daqueles que com ele tem contato.
Roguemos a Deus, com a humildade, a fé e o desprendimento de Bartimeu, para que consigamos ver, para que a escuridão de nossa vida passe a ter a clareza divina, capaz de iluminar nosso caminho em direção à salvação e, também, que sejamos capazes de, com essa luz, conseguirmos iluminar o caminho de nossos irmãos.
Fiquem com Deus!
Queridas irmãs e queridos irmãos, que a paz de Nosso Senhor esteja com todos vocês!
O Evangelho do tempo litúrgico romano para este domingo relaciona-se à cegueira do homem e à visão que pode ser concedida a ele por Jesus Cristo.
Antes, porém, de entrarmos, especificamente, na luz dada a quem vivia na escuridão, vejamos alguns aspectos importantes que, igualmente à toda Sagrada Escritura, encontram-se nessa passagem com sua razão revelacional.
Jesus e os que O acompanhavam chegaram a Jericó. Lembremos, como nos é exposto no livro de Josué, a tomada de Jericó pelo povo de Israel, como primeiro passo para a entrada na Terra Prometida. Josué conduziu seu povo, após a travessia do Jordão, à terra que Javé lhes havia prometido. Jericó está intimamente ligada à memória do povo hebreu à terra prometida.
Jericó, por ser a cidade mais velha e mais baixa, numa condição aparente de miséria, pois se encontra envolta de deserto, é, na verdade, um belíssimo oásis fértil, com a capacidade de tudo produzir.
Josué e Jesus, através de Jericó, têm a missão de conduzir seu povo. O primeiro, conduziu seu povo à Terra Prometida, após anos de deserto, e Jesus, passando por Jericó, igualmente conduz seu povo, após o deserto de nossa vida, porém à verdadeira salvação e à vida eterna.
Jericó, nesse trecho evangélico, leva-nos à reflexão da humanidade, com sua passagem por este mundo, com suas dificuldades e limitação, envolta por desertos, mas com a possibilidade de produzir ações amorosas e divinas, assim como o oásis fértil, desde que siga as pegadas do Salvador.
Já o cego Bartimeu, com sua deficiência, sua incapacidade de ver o verdadeiro mundo, impossibilitado de ver a luz, encontrava-se a beira da estrada, a margem do caminho, encostado e apartado da verdadeira caminhada, condição idêntica a de todos nós que nos encontramos perdidos sem a luz verdadeira de Deus. Bartimeu não representa apenas um homem cego que se deparou com Jesus na estrada, ele significa a realidade de todos nós quando estamos sem a luz da salvação.
Ao nos reportarmos às profecias messiânicas na Sagrada Escritura, encontramos, por exemplo, em Isaías, diversas vezes, a referência à luz da salvação, diante da cegueira espiritual, tais como:
O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; sobre aqueles que habitavam uma região tenebrosa resplandeceu uma luz. (Isaías 9,1)
Aos cegos farei seguir um caminho desconhecido, por atalhos desconhecidos eu os encaminharei; mudarei diante deles a escuridão em luz, e as veredas pedregosas em estradas planas. Todas essas maravilhas, eu as realizarei, não deixarei de executá-las. (Isaías 42,16)
Povos, escutai bem! Nações, prestai-me atenção! Pois é de mim que emanará a doutrina e a verdadeira religião que será a luz dos povos. (Isaías 51,4)
O caminho da paz lhes é desconhecido, seguem atalhos tortuosos, onde aqueles que passam ignoram a felicidade. Eis por que o direito permanece afastado de nós, e a justiça não vem a nós. Esperamos a luz, e eis as trevas; aguardamos o dia, e andamos na escuridão. Vamos como cegos apalpando o muro, caminhamos às apalpadelas como aqueles que perderam a vista. Em pleno dia tropeçamos como ao crepúsculo, mergulhamos nas trevas como os mortos. (Isaías 59,8-10)
Era relativamente comum a cegueira física na época de Jesus Cristo, por fatores ambientais, alimentares e sociais, razão pela qual tal deficiência era usada para apontar a condição pecadora da humanidade, sua limitação e impossibilidade de caminhar pelas trilhas corretas em direção à salvação.
Jesus, a verdadeira luz, deparou-se com um homem que, apesar de marginalizado e perdido, vivendo na escuridão, apresentou a humildade, a fé e o desprendimento necessários para conquistar a conversão de sua condição, passando das trevas à luz, da perdição ao encontro com Deus, levando-o a seguir Jesus pelo caminho, após a recuperação de sua visão.
Pois vejamos, Bartimeu teve a humildade de reconhecer-se limitado e pecador, fazendo com que seu pedido a Jesus fosse pela compaixão: “Filho de Deus, Jesus, tem compaixão de mim!”
Ao mesmo tempo, teve fé e creu que Jesus, Filho de Deus, era capaz de por fim a sua escuridão, de iluminar seus caminhos e conduzi-lo à salvação.
Juntamente com a humildade e a fé, Bartimeu, jogando fora seu manto, seu único bem, sua proteção e seu abrigo, despojou-se de tudo que tinha, colocando-se inteiramente nas mãos do Senhor. Buscou a verdadeira segurança – Jesus Cristo – e a obteve.
Com tal atitude, Cristo Jesus converte sua treva em luz, sua fraqueza em fortaleza, sua dúvida em certeza, sua marginalidade em encontro, pois, depois de ter recebido a visão, Bartimeu passou a segui-Lo pela caminhada, assim como todos aqueles que conseguem encontrar a luz salvadora de Deus, transformando a escuridão de sua vida morta num clarão vivo e restaurador, o qual serve, não apenas para iluminar o seu próprio caminho, mas também, para clarear os rumos daqueles que com ele tem contato.
Roguemos a Deus, com a humildade, a fé e o desprendimento de Bartimeu, para que consigamos ver, para que a escuridão de nossa vida passe a ter a clareza divina, capaz de iluminar nosso caminho em direção à salvação e, também, que sejamos capazes de, com essa luz, conseguirmos iluminar o caminho de nossos irmãos.
Fiquem com Deus!