O MILÊNIO DE APOCALIPSE 20:1 A 7
O MUNDO SEM OS SERES HUMANOS
“E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo e uma grande cadeia na sua mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e o amarrou por mil anos. Lançou-o no abismo, o qual fechou e selou sobre ele, para que não enganasse mais as nações até que os mil anos se completassem. Depois disto é necessário que ele seja solto por um pouco de tempo.
Então vi uns tronos; e aos que se assentaram sobre eles foi dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na fronte nem nas mãos; e reviveram, e reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se completassem. Esta é a primeira ressurreição.
Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele durante os mil anos. Ora, quando se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão, (...)”. Apocalipse 20:1 a 7.
Imagine a Terra no primeiro dia depois da volta de Cristo: “Os mortos justos terão sido ressuscitados e, juntamente com os justos que não tiverem experimentado a morte (Primeiro tessalonicenses 4:16 e 17)”, terão sido levados para o céu onde reinarão por mil anos com o Senhor, conforme descrito no segundo parágrafo acima. A presença estrondosa de Cristo a pairar no céu, combinada com as condições catastróficas do planeta, terão destruído todos os ímpios ao revolver quase toda a superfície do globo sob rigorosos tremores, terremotos, vulcões, maremotos e catástrofes indescritíveis que terão tido seu início nos dias anteriores a volta do Redentor. Em escombros, as cidades pairam sob densa nuvem da fumaça de muitos bombardeios cessados, talvez, um dia antes, das chaminés das indústrias, vulcões despertos e incêndios generalizados. O ar é pesado e impossível de respirar. Um animal ou humano teria forte ardência nos olhos e os pulmões pressionados como a inchar. Nem mesmo um gole de água limpa haveria para beber, a não ser uma espessa mistura de lama, resíduos industriais e dejetos dos esgotos cloacais de milhares de cidades. Sob milhares de carros e máquinas retorcidos, as ruas sombrias jazem cobertas de corpos humanos e de animais domésticos mutilados já a exalar necrótico odor. Não há quem os sepulte e, seu houvesse, quem o fizesse não teria onde pisa para transitar entre os cadáveres sem atolar-se nas densas poças de sangue em putrefação. Todos os que não foram arrebatados com Cristo jazem sem vida nos compartimentos dos prédios, corredores, ruas, calçadas, praças, parques e campos. Há um grande banquete para os urubus, mas nem mesmos eles vivem para desfrutar.
O sol não aparece para amenizar o tétrico silêncio. A não ser o ribombar de intermitentes tempestades e pesadas chuvas de granizo a revolver o ar pesado, não se ouve outro ruído, nem mesmo o sibilar de uma cigarra descuidada ao fundo. Sequer uma alma viva pode ser vista a enfrentar as intempéries e mesmo um minúsculo pássaro ou borboleta a revoar distraída. Talvez se vejam multidões de insetos repugnantes e enxames de moscas a encobrir os cadáveres encharcados.
Os rios são cobertos de densa e fétida massa negra qual sangue de morto, crivada de todo tipo de lixo doméstico, industrial e detritos de automóveis, pessoas, animais e pragas mortas. Todas as árvores e plantas estão destroçadas, com troncos, galhos e folhas esmigalhados e tintos de um cinza-escuro, quando não do preto da grossa camada de fuligem. Nem nas poucas regiões rurais restantes vê-se um vegetal vivo ou um animal a se mover. Todo o gado, animais de criação, bichos domésticos e criaturas selvagens jazem a putrefar por todos os espaços. Nem um esquilo ou serpente se vê sair da toca para vislumbrar estupefato o sinistro ambiente. Finalmente a Terra descansa solene.
Lúcifer e seus anjos passeiam livres por esse ambiente caótico a contemplar o fatídico fruto da obra de devastação que empreenderam por milênios em acordo com os mais vis e corruptíveis seres humanos, a saber, a maioria da humanidade. E, ansiosos por esquecer quantas tragédias sem sentido provocaram, quanto sofrimento e morte de culpados e inocentes, quantas pessoas que obraram por sua causa (a causa do inimigo), nele confiaram a vida (o bem mais íntimo), mas foram traídas do início ao fim e agora jazem consumidas pelos vermes –, ansiosos de desviar a atenção dessa realidade, eles vasculham escombros e guetos, esperançosos de achar um ser vivo para tentar e passar o agourento tempo, podendo esquecer por um minuto também a sentença que os aguarda. Mas por toda parte reinam somente sombras, silêncio e mau-cheiro, além de catástrofes naturais e sinistros intensos. E tudo prossegue assim por muitos dias, meses e anos, sendo eles obrigados a conviver e suportar, pois não podem, de nenhuma forma, sair do planeta, pois sua entrada em qualquer outro mundo já foi há muito rejeitada. Somente os seres humanos os receberam e eis agora o que colheram. Esta é a prisão e as correntes que aprisionam “o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e satanás”. E, além do mais, por certo seus anjos ainda lhe importunarão mais a consciência, pois ainda aí é possível que eles o lembrem das tantas promessas que lhes fez Céu para induzi-los a deixar seu lindo lar, onde tinham sido felizes.
Sem o ser humano a desmatar, poluir e degradar, a terra terá finalmente a folga que precisa e talvez recomece seu trabalho de regenerar-se, tendo assim um milênio de regeneração. Em poucos meses as carnes podres terão degradado, tornado-se terra fértil e, sem mais produção de monóxido de carbono, a fumaça irá se dissipando lentamente e deixando aparecer o sol pardamente, produzindo por muitos anos um insuportável ambiente úmido-escuro. Mas, a medida que a sombra for se dissipando mais, a luz poderá ajudar a brotar umas poucas espécies de árvores deformadas, algumas variedades de ervas daninhas, grama da espécies pobres e uns poucos tipos de flores semeadas pelo vento, que crescerão, a princípio, lentas, mas com o passar dos anos recobrarão vigor e crescerão daí impetuosas entre escombros, ferragens e latarias. Lentamente a terra irá processando a poluição de produtos químicos e dejetos decantados no fundo dos rios e mares, a ferrugem irá degradando os metais nos leitos e as águas irão retomando a cristal fluência. Será possível ver então um jardim caótico, sem animais, porém, a equilibrá-lo, sem insetos a vagar, sem aves no céu, nem peixes nas águas e sem muitas das milhares de espécies vegetais que outrora existiam. Todavia, Deus dará um jeito para conservar muitas máquinas de guerra, armamentos e meios de comunicação.
Sem ter quem o contenha, possivelmente o mato terá crescido durante os mil anos, entrelaçando ramos e raízes por sobre as cidades, encobrindo os ossos da multidão de cadáveres e todas grandes e pequenas obras humanas, tendo por assistência somente a Satanás e os demônios a vagar pela superfície da Terra sob o suspense de um tédio sem fim, na expectativa sufocante de futuro funesto que lhes aguarda. E, nesse ambiente, no apogeu de seu terror, eles verão descer do Céu a Nova Jerusalém a marcar o fim do milênio (Apocalipse 21:2).
A Bíblia diz que “quando se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão, e sairá a enganar as nações que estão nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar, a fim de ajuntá-las para a batalha. E subiram sobre a largura da terra, e cercaram o arraial dos santos e a cidade querida; mas desceu FOGO DO CÉU, e OS DEVOROU; e o Diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados pelos séculos dos séculos”. Apocalipse 20:7-10.
Aí está descrita a ressurreição dos ímpios (a segunda ressurreição, a ressurreição para o castigo) , eles ressurgindo do meio desse ambiente caótico no mesmo estado físico de quando foram destroçados e ficando perplexos por tal situação, tendo as nítidas lembranças dos últimos acontecimentos de suas vidas. E, em resposta a sua perplexidade, Satanás aponta-lhes a Cidade Santa, a Nova Jerusalém, ricamente adornada e seguramente estabelecida no monte santo do Senhor, acolhendo os salvos em perfeita satisfação e harmonia, fazendo que os ímpios ressurretos entendam que aqueles são os responsável pela calamidade deles, arregimentando-os então com todo arsenal de combate pra seu golpe final contra a cidade e os santos para os destruir. Todavia, nesse instante, a Bíblia diz, “(...) mas desceu FOGO DO CÉU, e OS DEVOROU; e o Diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados pelos séculos dos séculos”. Ênfase acrescentada. Apocalipse 20: 9 e 10.
Portanto, depois de os maus terem sido consumidos o mal não mais existirá e nem mesmo será lembrado, mas todos terão consciência de que a eternidade somente estará segura se todos obedecerem a vontade de Deus expressa em Sua Lei Moral (Êxodo 20:3-17) que então estará impressa nos corações dos salvos e Deus terá dado a mais irrefutável prova de Seu amor aos seres criados quando esses transgrediram a Lei da Liberdade, mas Ele os puniu por esse erro desencadeador do seu próprio extermínio punindo a Si mesmo na cruz e perdoando-lhes os pecados. Só então o Universo estará seguro.
E, no ato final de extermínio do pecado e mal, Deus fará brotar das cinzas dos ímpios e seus artefatos uma nova terra, tão linda, perfeita e viçosa como era o jardim do Éden, e nela os salvos edificarão casas e morarão nelas, plantarão alimentos e comerão eles e nenhum mal mais se fará em todo o santo monte de Deus (Isaías 65:21), vivendo então felizes para sempre, pois lá “a morte já não existirá e não haverá mais luto, nem pranto, nem dor, pois o senhor estará para sempre com eles”. Apocalipse 21:4.
Wilson do Amaral