LEVANDO NOSSOS SOFRIMENTOS À CRUZ

Não sonhe um suspiro dar
Onde o Criador não está.
Mesmo deitar uma lágrima,
Se o Criador não se aproxima.
Ele nos concede sua graça
E a aflição, talvez, destrói;
Até a dor ser expulsa e finda
Ele chora entre nós ainda.

William Blake


O filme Forrest Gump contém uma cena animadora, em que Jenny, de cinco anos, amiga de Forrest, ora depois que os dois correm fugindo do pai dela que está bêbado: "Querido Deus, transforme-me em um passarinho, asssim posso voar longe, muito longe daqui".

O pai abusou sexualmente dela, e, apesar de ele ser preso no dia seguinte e Jenny viver sua vida, a sua luta para superar o que ele fizera apenas começara. Na realidade, ela gasta o resto de sua vida tentando se recuperar deste dano.

Anos mais tarde Jenny retorna à pequena cidade em que cresceu para visitar Forrest. Os dois, agora adultos, na casa dos trinta anos, estão caminhando perto da pequena cabana em que ela vivera antes. Quando ela fixa seus olhos na cabana, dolorosas lembranças do abuso, as quais estavam submersas, varrem sua mente.

Ela rompe em lágrimas e extravasa sua mágoa e raiva juntando as pedras a sua volta e atirando-as mais forte possível contra a cabana. Quando não havia mais pedras, ela atirou os sapatos e também os atirou. Por fim, ela cai aos prantos no chão.

Quando Forreste reflete sobre a cena, ele apenas afirma: "Às vezes, acho que simplesmente não há pedras suficientes".

Quando você pensa sobre a mágoa e a dor em sua vida, você acha que se afina com o que Forrest disse? Talvez tenha sofrido abuso verbal, psicológico ou sexual, sentiu a dor dilaracerante de um divórcio, cresceu em uma família caótica com um dos pais alcoólicos ou perdeu um ente querido em um acidente sem sentido. Talvez você tenha feridas profundas de um relacionamento ou sinta a dolorosa solidão do abandono. Você nasceu com alguma deficiência física ou foi ridicularizado quando criança pelos irmãos ou outras crianças? Você foi tratado de maneira desleal no trabalho ou foi traído pelas pessoas de sua igreja?

A dor e a raiva profundamente enraizadas, como no caso de Jenny, ainda pode aflorar em seu coração. Às vezes, você pode sacudir os punhos cerrados em direção ao céu e, internamente, com voz feroz clamar: Deus, não é justo! Isso não está certo. O que fiz para merecer isso? Concordamos com Forrest Gump: "Às vezes, acho que simplesmente não há pedras suficientes".

(extraído do livro: Feridas Que Curam- Stephen Seamands)



-SERVAMARA-


Senhor, quantas vezes, quis ser igual a um passarinho...Voar, voar e nunca mais voltar!

A mente atordoada, o coração dilacerado, ferido e sangrando;

Meu pai agonizando naquele hospital, e eu impotente, a observar, chorar, indagar!

Tamanha estupidez a lhe tragar, atropelado por um caminhão a lhe derrubar, dilacerar!

Parece que foi ontem, eu , menina, tão pura, feliz, a lhe abraçar, acarinhar, beijar!

Senhor, não há pedras suficientes pra eu atirar! Aliviar esses turbilhões de recordações a me surpreender, machucar!

Senhor, quantas lágrimas derramei...
 
Horas de intensas agonias, a orar, clamar!

Olhando o mar, esperava Tua resposta, Tua mão a curar, resgatar meu amado pai!

Mas, numa fria tarde, ele se foi...

Sem um sorriso, aceno, despedida, falar: Minha Pretinha Querida!

E, eu fiquei sozinha, a viver, perambular, sentir saudades...

Pensei, que nunca mais, me sentiria bem, feliz, na presença de outro ser , a conversar, amar!

Mas, conheci alguém, um presente, dádiva, para me alegrar, cativar, conversar!

Momentos raros, especiais, a me transformar, inspirar, compartilhar, sonhar!

Num segundo, o amigo, irmão, anjo, se fez bruma , e se esvaiu ...

Novamente, aconteceu, Senhor, seres amados foram tirados de mim, sem ao menos, eu me despedir, dizer ADEUS!

Tua Vontade Soberana paira sobre mim...

Só me resta acatar...Mas enquanto tiver força, vida, clamarei e lançarei pedras...

Das minhas indagações, lágrimas e saudades eternas!

Meditem em Jó 23:1-17