Pastores ou Mercenários? - Por Saulo David

“Que vos parece? Se algum homem tiver cem ovelhas, e uma delas se desgarrar, não irá pelos montes, deixando as noventa e nove, em busca da que se desgarrou? E, se porventura achá-la, em verdade vos digo que maior prazer tem por aquela do que pelas noventa e nove que se não desgarraram.”

Mateus 18:12-13

Quando Jesus contou essa parábola ele deixou bem claro quais deveriam ser as prioridades daqueles que aceitam serem pastores para cuidar das ovelhas dele. Ele mostrou o que realmente é importante para um líder: cuidar de quem precisa de ajuda, contribuir para o crescimento do próximo, instruir as pessoas no conhecimento de Deus e nos princípios que a sua Palavra determina para que tenhamos uma vida sadia.

Mas hoje a preocupação de alguns é mais com a construção e as melhorias do aprisco, com o quanto as ovelhas boas poderão dar lucro com sua lã e sua gordura. Afinal uma ovelha perdida é sinônimo de alguém doente, cheio de feridas e mazelas na alma. Uma pessoa que talvez não se enquadre nos padrões que a religião cristã usa para determinar quem é “uma benção” e que talvez não tenha tanto a oferecer financeiramente ou nos cargos que precisam ser ocupados para a empresa continuar crescendo. “Por que perder tempo com quem não quer se posicionar?” é que ouço.

Muitos querem ser pastores, muitos dizem querer ser como Jesus, mas isso é bem mais sério que administrar um templo religioso com seus funcionários e demais atribuições empresariais, ou em preparar sermões que na maioria das vezes não expressam nada mais que técnicas focadas em estabelecer a visão de uma denominação e gerar mais lucros.

“Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Mas o mercenário, e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa as ovelhas. Ora, o mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado das ovelhas.”

João 10:11-13

Eu amo estar no meio dos irmãos congregando, adorando juntos e festejando, mas, se o prédio onde as pessoas se reúnem e denominam de igreja se torna mais importante que de fato tirar os carrapichos da ovelha fujona, que dá trabalho, que se machuca e se suja á toa e ter paciência de ensiná-la quantas vezes for preciso até que ela aprenda a amar ao Senhor e a sua Palavra, então talvez estejamos ocupando o lugar do mercenário que só se interessa em si mesmo abatidos pela ganância religiosa, pela competição e pelas ambições humanas disfarçadas de um amor fingido e de fé.

“Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o SENHOR. Portanto assim diz o SENHOR Deus de Israel, contra os pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e não as visitastes; eis que visitarei sobre vós a maldade das vossas ações, diz o SENHOR. E eu mesmo recolherei o restante das minhas ovelhas, de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e frutificarão, e se multiplicarão.” Jeremias 23:1-3