INTRODUÇÃO AO CRISTIANISMO BÍBLICO

Antes de mais nada, desejo fazer uma pergunta...

Recentemente estudamos na lição da Escola Sabatina sobre os dons de Deus. E agora, embora que a lição não enumera como dom, pergunto sobre um dom que não está na lição, se seria isso dom ou não:

Dinheiro é dom? E a habilidade pra ganhar dinheiro é dom? Riqueza é dom?

Habilidade para ganhar dinheiro, muita gente concorda que é dom. Há pessoas que têm mais habilidade para ganhar dinheiro e outras que têm menos habilidade para ganhar dinheiro.

Quando eu era pequenino, ficava muito feliz por poder levantar cedo e ir para o pátio à frente de casa e, depois de escolher bons palitos de fósforos queimados, desenhar no chão. Isto quando eu tinha em torno de quatro anos de idade. Eu olhava as coisas e, no meu pensar, tinha que retratá-las como eram e assim as retratava. E as pessoas ficavam encantadas por ver um menininho desenhar os objetos como via, como eles realmente eram.

No início, eu fazia o chão, uma linha reta, e depois desenhava o ônibus sobre o chão, deixando um vão para as rodas entre o chão e o ônibus. E depois eu fazia as rodas, que ficavam redondinhas, mas sua circunferência sempre passava para baixo do risco do chão. Então apagava a parte que ficava para baixo, deixando a roda achatada, daí as pessoas diziam que o ônibus estava com os pneus furados. Então eu observava melhor para ver como ficavam as rodas do ônibus verdadeiro com ele encima delas. E via que elas faziam a volta perfeitamente. Então fui prestando sempre mais atenção a esse detalhe e reproduzindo no desenho, até que os ônibus que eu desenhava não mais ficavam com os pneus furados.

Desenhar era um dom. Eu podia desenhar tudo que quisesse. Lembro que as tias ficavam encantadas porque eu recortava as menores figuras das revistas sem amputar nenhum detalhe. Certa vez, querendo fazer uma demonstração, recortei uma imagem muito pequena de um carro, preservando, inclusive, sua minúscula antena, e todos ficaram encantados por me ver recortar também a minúscula antena, preservando-lhe os mínimos detalhes. Eu era detalhista e desenhava tudo que quisesse.

Meu tio Anecildo também desenhava tudo que ele quisesse e muito melhor do que eu, mas hoje ele não desenha nada. Ele perdeu o dom e na Bíblia diz que se exercitamos o dom ele se aprimora, mas se não exercitamos, Deus nos tira.

O saber ganhar dinheiro é um dom e o dinheiro também é.

Porque que eu desenho ainda?

Minha avó disse a minha primeira esposa (a minha avó, mãe do meu tio Anecildo, que é irmão do meu pai):

- Minha filha, você tem que arranjar um emprego pro teu marido.

- Porque vó? Indagou ela. – Ele sempre trabalhou. Explicou.

- É que ouvi dizer que ele desenha e eu não sabia que desenhar fosse trabalho.

- Não. É trabalho, vó, e paga bem.

Com isso, minha vó calou-se. Mas, após pequena pausa, ela disse:

- Não sei quem será bobo para pagar uma pessoa só pra desenhar.

Depois fez outra pequena pausa e continuou:

- Ele tem uma boa profissão, minha filha, deve trabalhar com isso.

- Qual é a profissão vó? Indagou a esposa.

- Ele é motorista, explicou.

Podemos também transformar nossos dons. Não só podemos perdê-los, como também podemos transformá-los em maldição.

Não pretendo tratará de Deus neste sermão. Nosso Deus, de quem temos ouvido falar, Ele é o Deus Criador do Céu e da Terra e das fontes das águas. Há pessoas que discutem qual é Seu nome, alguns decidem o que será de sua vida com base no nome de Deus. Algumas pessoas determinaram que o nome de Deus é Jeová, outras que Seu nome é Alá e não podem adorar a Deus com outro nome, como Yaweh, por exemplo, outros não podem adorar a Deus com o nome de Elohim, etc.. E dizem: “Porque o nome dEle é este, o que eles determinaram!”

Alguns determinaram, inclusive, que o nome de Jesus não é Jesus, pois esta é uma palavra grega que vem de uma raiz chamada “Ikisus”, que significa peixinho e daí eles já determinaram que quem adora a Jesus com este nome está adorando peixinho. Na verdade, o nome grego de Jesus é Iesus, que é a adaptação do nome Yehoshua (abreviatura Yeshua) do Hebraico, que significa Yaweh (Javé) salva. De qualquer forma, mesmo que usássemos aquele nome que dizem que significa peixinho, nós sabemos que não estaríamos adorando peixe. Entretanto, as coisas, as idéias, os pensamentos, as filosofias e as palavras podem ser corrompidas.

E eu vou aqui falar não do nosso Deus, mas de outro deus.

Existe outro Deus? Não existe? Existe sim.

A humanidade criou vários deuses; uma infinidade deles. Começa pelos que são hoje alemães, ingleses, etc.. Eles foram antes chamados de eslavos, depois celtas... Eles tinham deuses chamados nórdicos e ainda hoje há quem utilize as letras do alfabeto nórdico para amuleto, como tendo poderes. Essas letras são chamadas Hunas.

Os nórdicos tinham o deus Odin. O nome desse deus é um dos dias da semana em inglês e outras línguas nórdicas. No português os dias da semana não têm nomes de deuses. Ao que me consta, no português, no alemão, no grego e no hebraico os dias da semana não têm nomes de deuses pagãos. O dia de Odin no inglês é wednesday (Dia de Woden), que é quarta-feira. O deus Odin é o pai de Thor. Muitos de nós assistimos aos desenhos animados de Thor, o deus do trovão. Odin e Thor são deuses para os nórdicos primitivos a para alguns nórdicos ainda hoje, mas eles têm defeitos humanos.

Temos também Zeus, da mitologia grega. Zeus também tem defeitos humanos. Ele, inclusive, gosta de tomar a mulher dos outros e por esse motivo muitos gregos tinham pavor e ódio de seus deuses. Inclusive ele teve um filho, Adonis, com a rainha esposa de um rei humano e esse rei tinha ódio dele e pretendia matá-lo.

Os romanos também tinham seus deuses inventados. Marte, por exemplo, o deus da guerra. Seu nome deu origem a nomes como Márcio, Márcia, Marcos, que são todos Marte. A palavra marcial se refere a algo relativo à guerra, a Marte. Artes marciais são técnicas de guerra.

Os latinos tinham uma infinidade de deuses, como Jupter, Baco e tantos outros deuses; o deus da fertilidade, o deus disso, o deus daquilo.

Os egípcios também tinham muitos deuses...

Pergunto, entretanto, esses deuses são deus? A resposta é não. Eles têm algum poder? Igualmente, a resposta é não. Mas ainda assim existem dois deuses.

O Deus Yaweh tem poder? Sim. Ele é o Criador do céu e da terra e das fontes das águas. Quem mais tem poder além dEle? Aqui na terra, quem tem poder? Satanás tem poder neste mundo, mas na terra há outro ser que tem poder e esse ser se chama ser humano.

Temos poder. Se encontrarmos uma estátua de Zeus, podemos quebrá-la, levá-la para onde quisermos e fazer dela o que desejarmos, mas a estátua não pode nada. Portanto, nós temos poder, pois nós podemos fazer alguma coisa, muitas coisas, o que desejarmos.

Analisemos melhor se somos deuses ou não. No início, quando satanás chegou para Eva, ele lhe disse que não lhes permitindo comer do fruto daquela árvore Deus os estava impedindo de conseguir coisas melhores do que as que eles já tinham. E ele disse: “Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal”. – Gênesis 3:5. E ele deve ter descrito algumas coisas para ela que começou a imaginar o que poderia conseguir se comesse do fruto da árvore e se tornasse como Deus. Então Ela imaginou crescer, ser mais do que era, prosperar, evoluir, esta palavra que se fala muito nos dias atuais, como se evoluir no sentido que comumente se fala fosse de fato uma necessidade, uma obrigatoriedade para a existência.

Com esses pensamentos, Eva pensou: “se eu obedecer a vontade de Deus, não poderei evoluir; jamais prosperarei. Então obedecerei a minha vontade de prosperar”. E logo ela tomou a fruta, comeu e prosperou, tendo os olhos abertos no mesmo instante e vendo que estava nua. Ou seja, evoluiu para atrás, pois teve revelação do que nenhuma contribuição trouxe.

De igual modo, o pecado de Caim foi relativo a prosperidade. Enquanto seu irmão levou a oferta requerida por Deus, o cordeiro, Caim também levou, mas não a requerida por Deus. Levou de suas plantações, algo que ele seguramente podia produzir mais com seu próprio esforço, que assim jamais lhe faltaria e produzindo ele poderia ter cada vez mais.

Depois disso tudo, a humanidade foi prosperando. Adão e Eva devem ter pecado somente aquele primeiro pecado, pois tiveram uma vida tão perfeita que quase chegaram a mil anos. Mas a humanidade foi pecando cada vez mais e eles foram também sendo afetados fisicamente pelos pecados dos outros até que morreram. E a humanidade prosperou tanto ainda no pecado ao ponto de que Deus teve que destruí-la. Então Deus mandou o Dilúvio e depois dessa catástrofe surgiu Ninrod, neto de Noé. A Bíblia diz que ele foi próspero guerreiro e também fundador de algumas cidades. Foi grande caçador, homem valente que tinha o poder de pôr as pessoas a seu serviço. – Gênesis 10:8-12.

Uma das piores coisas que se passavam na torre de Babel (Babil), que estava relacionado com a afronta a Deus na construção da torre como um meio de rebeldia, era justamente o abuso e exploração impiedosa das pessoas na escravização, no pôr as pessoas a trabalhar por nada. Aí reinava novamente o espírito de prosperidade que operara em Eva, em Caim e em muitos outros desde Caim até o Dilúvio. E Nessa rebeldia e exploração das pessoas, o deus que Ninrod estava obedecendo era o deus eu, o mesmo deus que satanás obedeceu quando cobiçou prosperar acima da prosperidade que Deus lhe dera.

Aí está, portanto, a prova de quão poderoso é o deus eu. Seu poder é tal que faz a diferença entre o planeta magnífico, com pessoas magníficas, que o Deus Criador de todo o Universo criou através de Sua Palavra, e o planeta decadente, com pobreza e riqueza, onde existe doença, dor, sofrimento e morte, que o deus eu produziu depois de descer do céu em satanás e tomar posse de nossa vontade. Portanto, esse deus é poderosíssimo.

Seria então a prosperidade pecado? Certamente que não. Não podemos generalizar, precisamos dar aplicação contextual a cada palavra. Por causa do terrorismo, no início da década de dois mil, rotulou-se a palavra fundamentalismo como sinônimo de terrorismo, então começaram a identificar fundamentalistas por todo o mundo e os adventistas foram arrolados entre eles, por causa de seu zelo e obediência ao Livro de Deus. Podemos, entretanto, ser fundamentalistas, se assim quiserem nos chamar, mas não somos e jamais seremos terroristas. Bem pelo contrário.

Prosperidade não é pecado. Entretanto, convém observar que os adoradores de Moloc sacrificavam seus filhos a ele unicamente em bem da prosperidade. No ano mil de nossa era, apesar de cristãos há muitos séculos, muitos ingleses ainda sacrificavam uma pessoa, o chamado rei ano, no solstício do sol, no dia mais curto do ano, quando os dias começavam a encompridar e o inverno caminhava do meio para o seu fim. Isso faziam com o propósito de que a colheita fosse mais farta e lhes permitisse armazenar mais e que o inverno fosse mais curto para que as reservas de alimento não terminassem antes do fim do inverno e eles passassem fome. Apesar disso, eles passavam fome e no último mês de inverno comiam pães envelhecidos e cheios de bolor, que eles moíam misturados com madeiras podres e faziam uma farinha cheia de alucinógeno do bolor, que os sustentava sob delírios até os últimos dias de inverno, quando começava a colheita.

Nunca ninguém jamais adorou algum deus pagão e fez algum sacrifício humano senão por causa da prosperidade. Os cultos pagãos podiam ter o pretexto que fosse, mas sempre estavam relacionados a algum tipo de prosperidade.

Os incas, os maias e os astecas e outros povos pré-colombianos sacrificavam no Templo do Sol até dezessete mil pessoas em um festival, sacrificavam seus próprios filhos pequenos e adolescentes congelados nas cordilheiras do Andes, e em outros sacrifícios, exploravam e abusavam de tribos inferiores, etc., em bem da prosperidade.

No Templo do Sol sacrificavam em favor da fertilidade da terra, da colheita farta e do ganho material; da prosperidade material.

No sistema feudal, metade da produção dos vassalos ficava para o senhor, dono das terras, além que o vassalo tinha que dedicar alguns dias do mês em serviços gratuitos ao senhor feudal em prol de infra-estruturas no feudo. Os ingleses, portanto, podiam armazenar muito pouco para um inverno rigoroso e longo. O senhor feudal prosperava cada vez mais e o vassalo participava do ritual ao sol para ver se não passava fome, passando, porém, muita fome todos os anos. Portanto, a prosperidade do senhor feudal provia a adoração e sacrifício humano aos deuses pagãos e o próprio senhor feudal participava desse ritual em prol de mais prosperidade. Todos eles adoravam ao deus prosperidade.

Suponhamos que todas as pessoas do mundo tivessem um milhão de reais...

Há 68 mil milionários no Brasil, segundo dado que meu colega Claudio recebeu pela internet e me forneceu na semana que passou. Em contra partida, o número de pessoas que não têm nada ultrapassa a 16 milhões.

Suponhamos que todas as pessoas do mundo tivessem o valor hipotético de dois milhões de reais. Alguém seria rico? Ninguém seria rico e tampouco haveria aí pobre, pois para alguns terem bastante outros precisam ter pouco. Não há como ser diferente. E Ninrod, o neto de Noé, já sabia naquele tempo como funciona essa lei. Inicialmente, ele escravizou as pessoas simplesmente pela força e habilidade de guerrear e comandar. A medida, porém, que foi enriquecendo, foi dominando mais com a força da riqueza, como acontece comumente. E, à medida que as pessoas foram ficando mais pobres, elas foram ficando mais submissas, pois um pobre não tem poder de barganha. O rico diz-lhe: “esfregue seu chão” e ela prontamente responde que sim e faz. O pobre não se impõe e nem se nega a fazer, pois logo será ameaçado com o corte da ração básica. E, logo pondera que entre sofrer privação até do mínimo e esfregar o chão do rico, a segunda hipótese é menos ruim.

Em Êxodo 20, no verso 2, Deus diz: “Eu sou o senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão”. No verso 3 Ele diz: “Não terás outros deuses diante de mim”. Primeiro Deus diz: “Te tirei da terá do Egito, da casa da servidão” e logo depois Ele diz: “Não terás outros deuses diante de mim”, porque a partir do momento que a pessoa estabelece seu deus eu, cuja imagem se chama prosperidade (não que a prosperidade seja pecado), a partir desse instante, começa a escravidão. A partir do estabelecimento do deus eu as pessoas tornaram-se escravas delas mesmas e, para satisfazer a esse deus voraz, começaram a escravizar os outros, pondo-lhes na mente o espírito de escravidão e de escravização.

No verso 8 de Êxodo 20 Deus diz: “Lembra-te do dia do sábado para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus, não farás nenhuma obra” e não será somente tu, mas darás descanso para todos que trabalham para ti.

E ele continua dizendo: “nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro, porque em seis Dias fez o Senhor” (o Criador, portanto, dono de tudo) “o céu e a terra e as fontes das águas (...)”.

Costumamos dizer que os quatro primeiros mandamentos são relativos ao amor a Deus, mas não se vê amor a Deus, a não ser pela obediência requerida, no quarto mandamento, apenas amor a si mesmo, dando-se o descanso sabático, e amor ao próximo, libertando os colaboradores de suas obrigações para desfrutarem de um dia de descanso.

O que guardar o sábado e amar ao próximo tem a ver com prosperidade?

Para guardar o sábado em memória ao reconhecimento de que Deus é o Criador e possui a autoridade sobre tudo tenho que abrir mão de um dia de ganho, um dos dias que para muitos é o mais rendoso. Para descansar e fazer a vontade de Deus nesse dia vejo-me obrigado a largar mão de minha busca por prosperidade, tenho que pôr a prosperidade em segundo plano, o que pode até significar desistir dela para sempre.

Há pessoas que devolvem o dízimo na igreja para o deus prosperidade. Pode isso acontecer entre nós, adventistas. Há pessoas cristãs que devolvem o dízimo fielmente na igreja, mas, se andarmos pelas ruas de comércio, suas lojas estão abertas nos sábados até tarde e seus funcionários, de pés inchados, ganhando o mesmo salário miserável. Isso é culto ao deus prosperidade e eles estão sacrificando-se e sacrificando a indivíduos das “tribos inferiores” em favor desse deus.

As empresas reclamam dos custos dos impostos e direitos dos funcionários, mas se fabricam um barco de três milhões e o custo hipotético de produção é um milhão e quinhentos, aí está incluído cem mil dos salários dos funcionários, além dos impostos e o resto tudo é ganho do patrão. Ou seja, vinte pessoas trabalham no rendimento de um milhão e quinhentos líquido para o patrão, mas todas elas juntas não ganharam nem dez por cento do que ele ganhou sozinho.

A ganância e exploração resultam da adoração ao deus eu através de sua imagem prosperidade.

E se nós devolvemos o dízimo, mas não guardamos o sábado, nós estamos devolvendo o dízimo para o deus prosperidade e esperando recompensa dEle em forma de prosperidade material. Em outros tempos esse deus teve o nome de Moloc, Astarte, Astarotes, Baal, Istar, Mamon e outros nomes.

Se devolvemos o dízimo, mas exploramos quem trabalha para nós, pagando pouco quando poderíamos pagar mais, desculpando nossa consciência com a desculpa de que pagamos o salário de mercado, estamos adorando o deus prosperidade. Quem adora o Deus verdadeiro não tem o mesmo pensamento de Eva, nem Caim e nem de Ninrod – não tem preocupação com a prosperidade.

Abraão, entretanto, foi próspero, mas a prosperidade não era sua preocupação. Prova é que mandou seu sobrinho Ló escolher para si a terra antes dele e o sobrinho escolheu a terra mais bonita e fértil, deixando a mais seca e pedregosa para o tio. Ainda assim, Abraão demonstrou que a prosperidade não era o centro de suas preocupações, abençoando o sobrinho.

Em Mateus 6, versos 12, 14 e 15, quando ensinou as pessoas a orar, Jesus disse: “Orareis assim: (...) perdoa as nossas dívidas assim como temos perdoado os nossos devedores”. E nos versos 14 e 15 Ele explicou, dizendo: “Se perdoares aos homens as sua ofensas também vosso Pai celestial vos perdoará. Se, porém, não perdoares aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará”.

Observemos algo interessante, como temos dificuldade para perdoar as outras pessoas. Quem não perdoa é porque não reconhece sua própria dívida, pois qualquer um que reconhece sua dívida quer perdão e todos sabem que aquilo que ele não pode dar para o outro ele não vai receber.

Porque seria então que não gostamos de perdoar? Cheguei à conclusão que é para deixarmos o outro em débito. Como seria isso, porém, e qual seria o efeito? Partindo da hipótese de alguém que nos pede um dinheiro emprestado, como foi o caso de uma amiga que me pediu vinte reais emprestados no final do último ano. Por sentir-me obrigado por uma ordem de Jesus me dizendo em Lucas para eu não me desviar de ninguém que me pedisse emprestado, eu lhe emprestei, mas lhe disse que me pagasse, pois senão jamais lhe emprestaria novamente.

Logo, não perdoamos para que a pessoa não tenha mais crédito. E também não perdoamos porque não reconhecemos nossa própria dívida. Se não reconhecemos nossa dívida nós não recebemos mesmo perdão, porque não tem como Deus nos perdoar.

O doutor Lair Ribeiro, que prosperou muito vendendo livros de auto-ajuda, inclusive cheirando notas de cem dólares nas palestras e ensinado as pessoas a cheirar notas de cem dólares para habituarem-se a tê-las, em seu primeiro livro de auto-ajuda, que eu li em 1993, ensina que ao alguém agradecer-nos, não devemos dizer “não tem de quê”, mas responder dizendo: “Tenho certeza que você faria o mesmo por mim” e assim deixar a pessoa já comprometida para quando precisarmos de um favor seu ela já estar nos devendo. Daí, somente teremos que pedir e a consciência da pessoa a obrigará a fazer e assim prosperaremos.

Ao contrário disso, Jesus disse que quando dermos um almoço, um jantar ou qualquer banquete, em vez de convidar nossos amigos abastados, devemos convidar aqueles que jamais poderão nos dar outro banquete em retribuição. – Lucas 14:12-14.

Quando alguém nos faz um favor, dissemos “muito obrigado”, reconhecendo que estamos em obrigação de retribuir o favor que aquela pessoa nos prestou. Mas, porque foi-nos ensinado através de nossa cultura cristã que fazer favores é nossa obrigação, respondemos a pessoa que está se dizendo em obrigação para conosco que não precisa sentir-se obrigada, pois não a cobraremos pelo favor. Então, quando alguém nos agradece dizendo-se “obrigada”, dissemos: “não tem de que”. E daí a pessoa está desobrigada. E isso foi o que Jesus Cristo nos disse em Mateus 6:12 – que devemos perdoar os nosso devedores.

Ao nos agradecer, a pessoa está reconhecendo que agora está em dívida para conosco e nós, como bem obedientes a Jesus, a perdoamos na hora. E depois não temos o direito de pressioná-la para que nos faça um favor em retribuição. Temos o direito de pedir-lhe e, se ela nos fizer um favor, ficaremos em débito para com ela, mas não teremos o direito de pressioná-la para que retribua o favor que outrora lhe fizemos, pois a dívida daquele favor foi perdoada.

O que o sábado tem que ver com as dívidas dos outros para conosco é que no dia do sábado abriremos mão da nossa prosperidade dando folga para nossos funcionários. Se achamos que eles, porque ganham pouco e vivem contado os níqueis para dar o básico para seus filhos, são obrigados a estar sob nossos pés, porque somos sua garantia da sobrevivência, porque lhes “damos de favor” o emprego que têm, no dia de sábado vamos dispensá-los dessa “dívida para conosco”; vamos perdoar-lhes a obrigação de nos ressarcir com trabalho pelo salário que lhes pagamos e vamos deixá-los livres para descansar e adorar ao Deus Criador de todas as coisas ou fazer o que bem entenderem.

Naturalmente que o certo não é os funcionários dos crentes passarem necessidades. Os funcionários dos verdadeiros cristãos não podem passar necessidade, eles devem ganhar salários melhores do que os que o mercado oferece. E se não é realmente possível pagar melhor, paga-se o melhor que se pode, procurando sempre ser fiel a consciência. Se o lucro seria cinqüenta por cento, abre-se mão do percentual que se pode para dividir com os funcionários e tornar seu trabalho mais compensador para eles. Cada um sabe quanto pode reduzir de seu lucro e, sem prejudicar seu negócio, dividir melhor os benefícios com seus colaboradores. Deus nos dá bênção para isso, para que abençoamos aos outros, então o dinheiro se torna uma bênção e somos daí abençoados.

Prosperidade é a imagem do deus que mais tem sido adorado e a avareza é uma forma de adoração a esse deus. Esse tem sido o deus mais adorado pela maioria da humanidade. E hoje, mais do que no passado, se adora a esse deus e se sacrificam pessoas e criancinhas a ele.

Prosperidade, avareza, eu, etc., precisamos cuidar disso, pois a televisão diz o tempo todo, em comercias, programas jornalísticos e esportivos, filmes e novelas, que só somos alguém se temos carro, melhor ainda se for de luxo e do ano, se temos televisão de muitas polegadas e bem fina, se temos a máquina de lavar do último modelo, se temos tudo que há de melhor no mercado. Mas isto é tudo mentira, pois a riqueza vem de Deus, mas Ele dá a quem Ele espera que a usará em benefício do próximo, priorizando os mais próximos, os que estão dentro de casa, estendendo-se depois para os menos próximos e beneficiando, por fim, a humanidade. Deus jamais dá a riqueza para que seja utilizada como um meio de cultuar o deus prosperidade – o deus eu, mas, comumente corrompe-se a finalidade das coisas.

E o mundo está indo à banca-rota, destruindo-se irreversivelmente, somente por causa da ganância do ser humano – por causa da adoração do deus humano. Por muitos anos cristãos de várias denominações pregaram sobre Jesus Cristo na cruz enquanto escravizavam os seus semelhantes e escravizavam a si mesmos. Entre os mais bem cotados no conceito de Deus, porém, está Elias, um homem com quem a maioria dos pais não recomendaria o casamento de suas filhas.

Podemos ter prosperidade, mas não podemos fazer dela o nosso deus e a estaremos fazendo de deus quando nos escravizarmos para alcançá-la, para comprar o que não há necessidade de adquirir e o que não podemos comprar. Estaremos fazendo da prosperidade o nosso Deus quando nossas gavetas estiverem cheias de carnês por pagar; quando dissermos aos nossos filhos que não temos tempo para gastar com eles, para sabermos de seu dia, para brincar com eles, para estudar a Bíblia com eles e ajudá-los em seus estudos da escola, para os levarmos para acama e pô-los a dormir, etc., porque precisamos comprar a pasta cara de marca para eles, o caderno caro, o laptop caro, o celular da moda, etc., todas essas coisas desnecessárias e caras. Quando estivermos fazendo isso, estaremos adorando o deus prosperidade e ensinando nossos filhos a adorar esse mesmo deus. E, além do mais, em culto a esse deus, estaremos sacrificando nossos filhos, pois eles crescerão cheios de problemas e dificuldades, tornando-se adultos sem coragem, indecisos e incapazes, que serão derrotados pela menor dificuldade, a menor falta de algo e o menor problema. E poderão desenvolver o alcoolismo e a drogadição, tornando-se péssimos pais e mães, sendo pessoas a mais a contribuir com a decadência da sociedade, porque os teremos sacrificado ao deus prosperidade.

São inúmeras as pessoas desalentadas e em completo desânimo porque a sociedade e a mídia incutem na mente de todos que só têm algum significado quem possui coisas. Isto, porém, não é verdade. A madre Teresa de Calcutá abriu mão de toda riqueza e conforto, mas no conceito de Deus ela está num rol muito superior ao de Bill Gates, Mike Taison e ao de milhares de business especialistas, pessoas que venceram o desafio da prosperidade, enchendo seus cofres com muito dinheiro, mas quando morrerem serão lembradas apenas como pessoas que ganharam muito dinheiro, mas toda sua fortuna em nada melhorou a vida das pessoas a sua volta e muito menos o mundo.

O objetivo essencial de cada ser humano é dominar, ter seu domínio. O ser humano sente que precisa pôr outros a seus pés para sentir-se alguém. Sente que precisa pôr-se mais alto do que os outros para sentir-se soberano e isso lhe parece vital. Por isto, vive em disputa, com a competitividade a flor da pele. Entretanto, não precisamos disso, porque somos naturalmente importantes e importantes de tal forma que nem sequer temos idéia. Nossa importância tem abrangência universal e tal é que os olhares em todo o Universo estão voltados para nós. O coração dos indivíduos em outros planetas pulsa desesperado por causa de nós. E, acima de tudo, o Rei do Universo morreu por nós para que sejamos felizes e tranquilos; para que vivamos sem ansiedade, sem preocupação com o futuro e sem o impulso de sacrificar para o deus estranho e voraz da prosperidade, pois o Deus Criador garantiu que se fizermos nossa parte, se semearmos, Ele nos dará colheita. E ele diz que não precisamos nos preocupar, nem mesmo fazer alguma coisa, além de levantar cedo e semear, ira a procura de emprego, estudar, aprimorar-se, esforçar-se, etc., pois Ele fará a Sua parte, nos dando a colheita e os frutos sempre.

Se vivermos sufocados e preocupados, os problemas podem ou não ser resolvidos.

A primeira vez que tive um carro, foi um que pertencia ao meu primo Ademir. Ele comprou o carro, mas não sabia dirigir, então eu ficava com o carro para ensiná-lo e o transportava para onde precisasse. Quando lhe devolvi o carro, no final de três meses, o veículo me fez uma tremenda falta. Não foi, porém, só porque eu não queria andar a pé, mas porque agora eu me sentia humilhado por ter que andar a pé. Que sentimento estapafúrdio! A humanidade andou a pé durante seis mil anos e ninguém se sentiu humilhado. Basta-nos, porém, experimentar a comodidade de um carro e já nos sentimos humilhados se não tivermos.

Deus deseja que sejamos felizes. A felicidade é a verdadeira e única prosperidade. Se tivermos bastante ou pouco e formos felizes, convenceremos os outros de que nosso Deus é bom. Por outro lado, se formos infelizes com pouco, seremos infelizes com muito e daí convenceremos as outras pessoas de que Deus não é bom, pois Ele não pode produzir felicidade em nós. Primeiro somos infelizes porque não temos nada e depois que temos tudo continuamos tristes, dizendo, entretanto, que os bens que adquirimos, e não nos trazem felicidade, nos foram dados por Deus. Então dissemos heresia, pois Deus quer que sejamos felizes, mas com dívidas, com ansiedade, com preocupações, com ambição e avareza não se é feliz e nem se consegue fazer alguém feliz.

Meu desejo é que esta mensagem tenha vindo de Deus e possa ajudar a muita gente. Que não sirva para que alguém levante a cabeça e diga: “este sou eu!” e então fique triste, deprimido ou com raiva. Que sirva para que cada um possa relaxar, tocar a vida, dizendo: “Deus, faça-se a Sua vontade em minha vida e faça a Sua parte”. E que se diga isso lembrando sempre que não temos que fazer a parte de Deus, apenas adorá-lO e adorando ao Deus Criador de todas as coisas seremos melhores para nós e melhores para os outros, perdoaremos mais, porque o que passará a importar para nós não mais serão os bens materiais e o dinheiro, mas as pessoas, pois elas passarão a valer muito mais.

Que possamos alcançar esse propósito. Este é o meu desejo para mim e para todos nós. Amém!

Wilson do Amaral