QUERIA JB DISCIPULOS SÓ PARA SI?

QUERIA JOÃO, O BATISTA, DISCÍPULOS SÓ PARA SI?

Introdução:

Um jovem pastor, em diálogo com este articulista, informou-me que, lendo o autor Dong Yu Lan, da Igreja Local (parece-me que também foi discípulo do Teólogo Chinês, Watchman Nee), que João, o Batista, “queria discípulos só para si”, ou seja, que os discípulos seus não fossem fazer fileiras ao lado de Jesus.

Prontamente disse que discordava e teci, no momento alguns comentários que contraria esta assertiva, que agora ampliando, acrescento.

Não vejo que JB quisesse fazer discípulos só para si, porque ele próprio o disse:

“Convém que Ele cresça e que diminua eu”. Já foi dito que no original (não sei se é o correto), o verso consta da seguinte forma: “Em crescendo Ele, diminua eu”.

Ele, pregando no deserto da Judéia apontou para Jesus, apresentando-O a sua

geração: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.

Ora, dizer que ele formava discípulos para si e não para Jesus, é exorbitar dos

textos bíblicos, pois não há passagem bíblica que sugira isso.

De mais a mais, não há proibição no resto do NT quanto a formar discípulos.

Naquele tempo não havia colégios, apenas Mestres que eram rodeados de discípulos, com tratamentos personalizados e atenciosamente atendidos em suas carências e dúvidas pessoais. O ensino não era massificado – o educador ia de cadeira em cadeira (ou banco improvisado com troncos?) para ouvir e atender seus alunos.

Elias e Elizeu, no Velho Testamento, tinham uma Escola de Profetas ao seu dispor. (2 Reis 6.1ss).

Ilustrando: contemplamos hoje, no trânsito, que, se não houver placa PROIBITIVA, a manobra do veículo torna-se FACULTATIVA. É o caso de João, o Batista. Não há disposição bíblica proibitiva para se ter discípulos para si.

No episódio de JB haver duvidado da identidade de Jesus, no cárcere (em Maqueros), está bem claro na Palavra de Deus que isto ocorreu, pois há uma responsabilidade que pesa contra ele, ou seja, o fato de ser primo de Jesus, talvez quisesse que Jesus fizesse algo para a sua soltura – tráfico de influência - o que seria hoje proibido por lei tal atitude. Mas Jesus não se imiscuía em política ou que tentasse influir sobre as autoridades seculares. Ele havia ensinado a sua nítida separação entre Deus e os poderes constituídos”. (“Dai a César o que de César e a Deus o que de Deus”- Mateus 22.21).

No texto mateano (Mt 22.21) já mencionado vemos a visível separação que Jesus fez dos poderes seculares, e, no caso da prisão de JB, contemplamos uma aparente indiferença de Jesus à custódia de seu primo profeta, ficando evidente a sua não importunação ou tentativa de ingerência sobre o poder político ou governamental (secular).

Jesus sabia que JB estava “entrando em parafuso” e que a qualquer momento estaria mandando seus discípulos a sua procura para indagar sobre a sua verdadeira identidade, demonstrando assim, a sua humanidade, fraqueza, dubiedade. JB em assim agindo, mostra que desceu de seu referencial, que duvidou, claudicou, sem tirar nem por.

Mas, nada é dito no texto e no resto do NT (repita-se) quanto a creditar a dúvida de JB ao fato de formar discípulos para si como se quisesse afrontar a Jesus. Ou que João pregava do outro lado do Rio Jordão em oposição a Jesus (do outro lado da margem). Não! Não creio e nem vejo assim!

Muniz Freire, 29 de janeiro de 2012.

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