O coração do problema

Dia desses, me coube fazer companhia a uma senhora idosa que tem perda auditiva parcial, o que me forçou a uma adaptação. Dado o problema, busquei superá-lo usando todos os meios para facilitar a comunicação. Ora, falando mais alto, outra, ajudando com gestos e expressões fisionômicas, de modo que me fizesse entender.

O mesmo caso, se transposto para o prisma espiritual, dá o que pensar. Até porque, em momento algum a Bíblia exorta, - quem tem olhos para ver veja. Antes, “quem tem ouvidos para ouvir, ouça, o que o Espírito diz às igrejas.” Apoc; 2; 7, 11, 17, 29. etc… De modo que, a faculdade de ouvir ao Espírito, encontra-se em maior realce, na Palavra de Deus.

O problema básico do ser humano natural, é que sofre de perda parcial de audição, quando não, total, no que tange ao falar de Deus. “Desviam-se os ímpios desde a madre; andam errados desde que nascem, proferindo mentiras. Têm veneno semelhante ao das serpentes. São como a víbora surda,… para não ouvir a voz dos encantadores.” (Sal 58; 3-5)

Isso posto, poderia ensejar o argumento de que são inocentes, uma vez que não ouvindo, não podem conhecer à vontade de Deus. Acontece que esse “ouvir”, vai além de ter orelhas e tímpanos, transcende o aspecto físico. Envolve até mesmo um testemunho honesto do que se vê; uma aceitação no coração, do que se ouve; e, a partir disso, uma mudança de atitude (conversão), para, enfim, ser sarado pelo Senhor. “Porque o coração deste povo está endurecido, de mau grado ouviram… fecharam os olhos; para não suceder que vejam,… entendam com o coração, se convertam e sejam por mim curados.” (Mat 13; 15)

A questão primeira, como vimos, é de coração obediente, o que, espiritualmente equivale a ouvir. No ensino sobre os dois fundamentos o Salvador equaciona o ouvir e praticar, com edificar sobre a rocha, e o oposto, edificar a casa espiritual sobre a areia. (Mat 24;ss) Assim como escolhemos o alimento segundo apraz ao paladar, a audição faz o mesmo com o ensino em atenção à inclinação do coração. “O ouvido prova as palavras como o paladar prova os alimentos.” (Jó 34; 3)

Sabendo o Senhor, de nossa perda parcial de audição, por causa do pecado, empreende um esforço extra para que O possamos ouvir; “Grita na rua a sabedoria, nas praças, levanta sua voz; do alto dos muros clama, à entrada das portas e nas cidades profere as suas palavras: Até quando ó néscios amareis a necedade? E vós, escarnecedores, desejareis o escárnio? E vós, loucos, aborrecereis o conhecimento? Atentai para a minha repreensão; eis que derramarei copiosamente para vós outros o meu Espírito, e vos farei saber as minhas palavras. (Prov, 1; 20 a 23)

Então, embora possa gritar seu amor, O Senhor, e esteja fazendo isso, não violará o arbítrio, tampouco arrombará corações; abri-los ou não, compete a cada um. Por isso é oportuno relembrar a exortação bíblica: “hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração.” (Heb 4; 7)

Todos os dias Deus nos dá um momento em que é possível mudar tudo que nos deixa infelizes. O instante mágico é o momento em que um ‘sim’ ou um ‘não’ pode mudar toda a nossa existência.

“A descoberta do poder do átomo mudou tudo, exceto nossa maneira de pensar... a solução para este problema repousa no coração da humanidade. Se eu soubesse, teria me tornado um relojoeiro.” Eisnstein