Depois do Culto
O diácono responsável por fechar a igreja acabou de virar a esquina e agora a igreja está fechada. Todas as luzes apagadas. Todas as portas e janelas fechadas. Nenhuma aparelhagem de som e imagem ligada. Definitivamente tudo inoperante. O que começa a acontecer não será ouvido nem visto.
Paredes louvam. Os bancos se pudessem ajoelhariam e pediriam perdão em favor dos membros que acabaram de deixar a igreja. Cada microfone faz uma oração. O teto se pudesse desceria para adorar junto, mas de onde ele está não para um segundo sua adoração. O púlpito exorta o que nenhum pastor quer exortar. O ventilador passa a ventilar todas as promessas que Deus fez, mas mesmo assim aqueles membros insistem em pedir a um profeta. A bateria emite o som do choro daqueles que estão do lado de fora da igreja e que não são alcançados. A guitarra encostada faz um solo clamando por misericórdia.
Uma parede diz:
- Senhor, perdoe-os, pois eles perderam a essência da adoração.
O teto diz:
- Se o problema desse povo fosse eu, impedindo que suas orações cheguem aos céus, eu abriria mão de existir, mas a desculpa de hoje em dia nem é essa, simplesmente nem procuram uma desculpa.
Um microfone diz:
- Já não louvam como louvavam antes.
O púlpito diz:
- Tantos já passaram por aqui, mas vidas que foram transformadas eu conto nos dedos. Aqui não é lugar de espetáculo nem exibição, mas de ensino e de bênção.
Uma corrente de vento passou por ali e abriu a Bíblia que estava sobre a mesa do altar. As palavras saíram da Bíblia e voaram pelo interior da igreja. Essas palavras foram vistas numa visão de um ex-membro daquela igreja que foi vítima de uma calúnia. Ele diz ter visto nas paredes da igreja: VERDADEIROS ADORADORES – PRIMEIRO AMOR – ARREPENDIMENTO – CONFISSÃO – AMOR.
Dia seguinte o diácono abriu a igreja para fazer uma limpeza do dia anterior e pôde sentir uma paz tão grande, aquela que excede todo entendimento. Passou pela mesa do altar e viu a bíblia aberta em Apocalipse na parte que diz: Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Apocalipse 2:4.
14/04/2012